Há pessoas que se distinguem pela discrição. Pelo trabalho. Pela dedicação. Pela humildade. Pelo saber-estar e pelo saber-ser. Pelo afeto. Pelo humanismo. Pela palavra. Pela solidariedade. Pela visão de futuro. Há pessoas de projetos, de voluntariado e de espiritualidade – em tudo alinhado com o trabalho que se pretende e se deve fazer em comunidade social. É o caso do Padre Américo.
Chegou à freguesia de Nespereira, em Guimarães, há 38 anos, num sábado chuvoso, a 12 de outubro de 1985. Há uma semana, num domingo de sol, realizou a última eucaristia com Igreja lotada, onde não faltaram mais de três dezenas de colaboradores do Centro Social de Nespereira, instituição vimaranense de referência em cuidados de saúde e apoio a crianças e idosos, que completa 40 anos no próximo mês de setembro, metade deles sob a liderança de Luísa Pedroso, rosto eficiente e diligente da causa social.
Aos 80 anos, depois de uma passagem por Creixomil e pela Colegiada da Oliveira, o Padre Américo é um contador de histórias, perpetuadas ao longo dos seus 58 anos de sacerdócio. Sempre com um sorriso. Sempre com ar sereno, tranquilo, inspirador, mas sobretudo defensor das suas pessoas.
Preocupado, atento, interessado e presente diariamente nas suas vidas, todos o conhecem e reconhecem a sua presença. Sabem que podem contar consigo. Senão nas suas horas mais habituais, está à chamada de um telefonema ou de uma ida à residência paroquial, quando estava no exercício das suas funções.
Nasceu em Vila Nova de Famalicão a 2 de maio de 1943. Era domingo de Pascoela, no único ano em que a celebração da Páscoa aconteceu em data tão alta (25 de abril). 21 dias depois de ter nascido, foi batizado na Velha Matriz. E seguiu-se um percurso inteiramente ligado à vida religiosa.
Até agora, conheceu sete Papas: Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI e Papa Francisco. De todos, lê e estuda os seus escritos. Para si, o mais marcante foi o Papa João Paulo II, por sentir a sua presença nos momentos difíceis da sua vida. Do Monsenhor Joaquim Fernandes, aprendeu o trato com as pessoas, o dar lugar aos leigos na Igreja e o saber ocupar o lugar na relação de sacerdote e superiores.
Também o património lhe coube defender, como é exemplo a Capela de Santa Luzia, na rua Francisco Agra. Em Nespereira, restaurou-se o CNE (Corpo Nacional de Escutas), fundou-se a FNA (escuteiros de adultos), revitalizou-se a Confraria da Senhora do Rosário, restaurou-se a Igreja Paroquial (2011), surgiram os Ministros Extraordinários da Eucaristia, o Grupo da Pastoral Sócio-caritativo, além de ter revitalizado o grupo de jovens e os grupos corais.
O Centro Social, obra do pároco antecedente, António Pereira da Silva, abriu portas com as valências de creche e infantário. O trabalho realizado levou à criação de um Serviço de Apoio Domiciliário, um Centro de Atividades e Tempos Livres, uma Academia Sénior, Cantina Social, a Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração e, agora, a criação do projeto Gestor Saúde.
Em Nespereira, o Padre Américo Pinto Ribeiro alimentou memória e produziu memória futura. Contribuiu para o bem comum, cuidou das pessoas na defesa das suas causas, do território, da freguesia e da sua paróquia. A consciência cívica não foi um conceito vão, mas uma prática e um compromisso com as pessoas, com quem sempre esteve a fazer o que mais gosta: servir a comunidade!