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O futuro que queremos... para ontem!

Miguel Macedo

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O futuro que queremos... para ontem!

Ideias

2025-02-07 às 06h00

Fernanda Torre Fernanda Torre

Todos os anos começo o ano a pensar no Futuro. Não porque acho que a passagem de ano seja uma boa altura para reflexão (para isso prefiro um dia quente de verão na praia da Apúlia!), mas porque uma das coisas que faço é dar aulas de Future Thinking na universidade, e o curso começa sempre em janeiro! Assim começo sempre o ano a explorar o futuro e a imaginar onde podemos levar o mundo em que vivemos. O curso que dou na Stockholm School of Entrepreneurship foi desenhado para empoderar os alunos a mapear o futuro e desenvolver estratégias que os ajudem a lidar com a incerteza. Não se trata de prever com exatidão o que vai acontecer, mas de abrir espaço para imaginar o futuro que queremos criar. É um exercício de pensamento estratégico e criatividade que permite preparar indivíduos e organizações para responderem melhor a um mundo em constante transformação.
Há uma frase do Paul Saffo, futurista norte-americano, em que ele diz que quando estamos a pensar no futuro, não interessa muito saber se acertamos com as nossas previsões ou não. Afinal “até um relógio parado acerta duas vezes por dia”, ele diz que que acima de tudo, o valor gerado está em mapear a incerteza, “pois num mundo onde as nossas ações no presente influenciam o futuro, a incerteza é uma oportunidade.” E a verdade é essa: o futuro não é algo que simplesmente nos acontece, mas algo que construímos ativamente. Podemos influenciá-lo com as nossas escolhas, políticas e inovações. No entanto, apesar desta capacidade transformadora, muitas vezes ficamos paralisados pelos desafios do presente. Parece que estamos só a apagar fogos e a controlar danos, não temos tempo nem energia para mais nada.
Atualmente, vivemos rodeados de incertezas. O aumento dos conflitos armados, a desinformação que prolifera nas redes digitais, os impactos da crise climática e a crescente desigualdade são apenas alguns dos fatores que moldam o nosso presente e condicionam o nosso futuro. Mas, ao contrário do que muitos pensam, estas não são forças incontroláveis. São questões que a humanidade pode e deve enfrentar, através de ação coletiva, inovação e decisões estratégicas que começam em nós: os cidadãos.
É exatamente nesses momentos de incerteza que o Future Thinking se torna essencial para a sociedade em geral. Como destaca Vinnova, a agência sueca para a inovação, a capacidade de antecipar mudanças, criar cenários e explorar possibilidades futuras não deve ser exclusiva de especialistas ou futuristas. Todos nós podemos — e devemos — desenvolver essa competência, pois o futuro não é um destino fixo, mas algo que construímos ativamente com as decisões que tomamos hoje.
Ao invés de sermos reféns do medo e da paralisia, podemos cultivar uma mentalidade de antecipação e adaptação. Podemos perguntar: Que futuros são possíveis? Que futuros são desejáveis? E que passos podemos dar agora para aproximarmo-nos desses futuros?
Grandes transformações começam com pequenas mudanças na forma como pensamos. Se queremos um futuro mais sustentável, mais pacífico e mais justo, precisamos de exercitar essa capacidade de imaginar e construir o amanhã. Não se trata apenas de prever tendências, mas de influenciá-las.
O futuro pertence àqueles que ousam questionar, explorar e agir. E talvez seja essa a grande lição do Future Thinking: o futuro não está escrito — nós escrevemo-lo todos os dias.

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