Correio do Minho

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O “Homo sapiens” e os “trogloditas”

Sabe como agir em caso de Intoxicação?

Ideias

2018-02-08 às 06h00

Borges de Pinho Borges de Pinho

Abstraindo de conjecturas científicas, filosóficas, evolucionistas e antropomórficas, a realidade do mundo de hoje é a crescente constatação de que os opostos se atraem, se misturam e se entrechocam no concreto de um egocentrismo doentio, recorrente e interligado e de tal modo que a imagem do “homo sapiens”, já muito desfocada, se vem confundindo com a do “troglodita”. Aliás é incontornável que, apesar do progresso nas áreas dos conhecimento, sabedoria, ciência, experiência e técnica, tem aumentado o número de “trogloditas” que povoam o nosso mundo e país, “passeando-se” pelas “cavernas” do poder e do dinheiro e “perdendo-se” nos escaninhos de vidas vazias de honestidade, seriedade, decência, ética, honra, bom senso e responsabilidade... e no desprezo pelos valores das pessoa e função e mais valias da “verticalidade” no sentir, agir e pensar. Abalado pelos crimes e processos que dia a dia se “estampam” nos media, mas confrontado com as “realidades” trazidas a público pelas escutas, peritagens e investigações, temos de convir que aquele “homo sapiens”, erecto, pensante, modelo de verticalidade e racionalidade em suas existência, evolução e inteligência tem vindo a “escorregar”, a “decair” e a “enfiar-se” nas “cavernas” cavadas por um tolo egocentrismo em que é factor determinante a “paixão” por dinheiro, projecção social, sucesso, poder e “chapeladas”, mesmo em atropelo às leis, aos mais altos valores éticos e humanos e ao respeito pelos direitos dos outros.
Ainda que perturbado pelas parangonas dos media dando nota de magistrados suspeitos de corrupções, peculatos, etc., etc., impõe-se-nos concluir que tudo isto, figurando como “sinais dos tempos”, é “retrato” fiel da incontornável “involução” do bicho homem, para quem algumas ideias e princípios “esparramados” por ideólogos e teóricos não só “possibilitam” como até “convidam” a práticas e a actos que os façam se sentir alguém, “falado” e “chapelado”, mesmo pisando tudo e todos. E se já muitas vezes aludimos aos efeitos perversos na sociedade e classes “nascidas” em Abril, políticos e quejandos, há que reconhecer que as mudanças havidas, qual andaço epidémico, vêm sendo “sementeira” de especiais vivências e criminalidades onde a um «salve-se quem puder» se vem aliando todo um «fartar vilanagem». Tudo a vingar muito à sombra de direitos e liberdades “cantadas” por aluados teóricos e que, directa ou indirectamente, acompanham e “sustentam” todo um descalabro moral e de costumes, aliás já a caminho de uma geral libertinagem.
Face ao número e natureza dos casos vindos a público, hoje com nomes “ciclónicos” e sonantes, há a dizer que não nos surpreendem nem chocam as “operações” Marquês, Furacão, Monte Branco, Vistos Gold, Fizz, Lex e outras já que todas têm padrão e denominador comuns e, na sua configuração, abarcam um naipe de “trogloditas” que vêm vingando nos “antros” e “cavernas” do poder, da banca, do futebol e até da justiça, todos se “desunhando” e “mordendo” para subir na vida, ter importância social, obter dinheiro fácil, fugir ao fisco, e atropelando e destruindo sem qualquer pejo os direitos e os valores da sociedade. Optando por “veredas” e “encruzilhadas” sinalizadas por conhecimentos, amiguismos, compadrios, trocas de favores e interesses esconsos, tudo a desaguar em “cloacas” vergonhosas e despudoradas de porcaria, miséria e crime.
As mudanças foram muitas, mas até o mais chocante e perturbador é ouvir e sentir os “arrepios” de certos comentadores minorcas face às notícias vindas a público, e os seus “uivos” de pavor ante a acção do MP e as falhas do segredo de justiça, temendo perder “voz” e benesses com o descalabro da oligarquia dos DDT em que “vingavam” intocáveis, senhores absolutos dos poder e liberdade e ... “donos” da impunidade.
Uns “trogloditas” dos poder e dinheiro, vivendo em “cavernas” de esconsos conhecimentos, relações e contactos, mas com efeitos perversos para a imagem do «homo sapiens” na pessoa do homem comum, honrado e sério, de verticalidade e respeito pelos mais altos valores morais e sociais.
Relações e contactos malévolos, polémicos, abrangentes e com uma interpenetração muito dúbia e perigosa entre a política, o futebol e a justiça, o que vem fazendo crescer a desconfiança e o desconforto no país.
Mostrando que o “bicho homem”, em fase de grave e cavernosa “involução” e de perda de verticalidade no ser, pensar e agir, tem vindo a resvalar para um “trogloditarismo” de vivências censuráveis, de repudiar e punir. E daí que as mediáticas “explorações” e “violações” do segredo de justiça assumam incontornável relevância em ordem a serem vencidos medos, cobardias, compadrios, confrarias, esconsos silêncios e ... impunidades, embora ainda sejam muitos os que «abominam as fugas de informação da justiça, mas convivem bem com fugas de culpados à justiça» (J.D.Quintela, C.M. 7.2.18).

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