51 anos de Liberdade
Voz aos Escritores
2025-03-28 às 06h00
A página em branco, um espelho da alma,
Reflete a luta de quem busca a razão,
Entre fragmentos, a busca da calma,
E na ausência da rima, a força da canção.
Na falta de versos, um silêncio profundo,
Talvez na ausência, eu encontre o mundo,
E nas lacunas, um novo eu fecundo.
Aluz suave da manhã infiltra-se pelas frestas da janela, desenhando sombras dançantes no chão de madeira. É nesse instante que o contraste da vida se torna mais palpável. O inverno do envelhecer é um ciclo que muitos tentam esconder sob camadas de cores vibrantes e sorrisos joviais. Uma primavera de juventude que, muitas vezes, é apenas uma ilusão, uma máscara que cobre a fragilidade do tempo.
A sociedade, com a sua incessante busca pela eterna juventude, ensina que o envelhecer é um fardo. No entanto, é nesse inverno que se encontram as flores mais raras. A experiência acumulada, as histórias contadas em tardes de encontros, as risadas que soam como melodias antigas. Cada ruga no rosto é um capítulo de uma vida repleta de desafios e vitórias. Contudo, em vez de celebrar essa riqueza, muitos optam por se camuflar na superficialidade da aparência.
Os ginásios estão repletos de pessoas que, na busca por um corpo jovem, esquecem-se do que realmente importa: a saúde da alma. Para esses, o importante é a dieta da juventude, os procedimentos estéticos, as roupas que prometem rejuvenescer. Tudo isso enquanto o “inverno do envelhecer” se aproxima, trazendo consigo as dores e as limitações que não podem ser ignoradas. E, assim, a primavera torna-se uma encenação, um espetáculo em que todos tentam desempenhar papéis que não lhes pertencem.
O que é, de facto, essa primavera de juventude? É a busca por um ideal que, na verdade, é uma construção social. Para mim, a beleza que se esvai com o passar dos anos é somente a superfície de um oceano profundo de sabedoria e amor. Aqueles que verdadeiramente compreendem o valor do envelhecer sabem que, assim como a natureza que se despede do outono, o inverno traz consigo a promessa de renovações e transformações.
É nesse momento que me encontro. Quando me deparo com a beleza das estações: o inverno não é apenas uma fase de morte e frio, mas também de introspeção e preparação para o renascimento. Sinto-me uma árvore em renovação. Assim como as árvores que perdem as suas folhas, mas permanecem firmes, nós também somos convidados a desapegar do que já não nos serve e a cultivar o que realmente importa.
Ao olharmos nos olhos de quem viveu dezenas de primaveras, encontramos a verdadeira essência da juventude: a coragem de ser vulnerável, a força de ser autêntico e a sabedoria de aceitar cada fase da vida com gratidão. O inverno do envelhecer é um convite à reflexão, à celebração dos momentos vividos e à aceitação das marcas que o tempo deixa em nós.
Que possamos aprender a amar cada estação da vida, sem medo do inverno, e que a primavera que buscamos não seja apenas uma máscara, mas a expressão genuína de quem somos, em toda a nossa plenitude. O envelhecer pode ser um ato de resistência e beleza, se tivermos coragem de olhar para dentro e reconhecer que a verdadeira juventude reside na autenticidade do nosso ser.
18 Abril 2025
11 Abril 2025
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