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O IPVC e a Transferência de Conhecimento em Turismo: A Academia, o Território e as Comunidades

Segurança na União Europeia: desafio e prioridades

O IPVC e a Transferência de Conhecimento em Turismo:  A Academia, o Território e as Comunidades

Ensino

2025-01-15 às 06h00

Carmen Pardo Carmen Pardo

Num mundo cada vez mais dinâmico, no qual parece que a Inteligência Artificial pode resolver tudo… não. A aplicação do conhecimento é outra “coisa”... a transferência de conhecimentos entre as instituições de ensino superior e as comunidades têm vindo a tornar-se um ponto de inflexão para o futuro das sociedades. As instituições de ensino superior, por muito tempo focadas exclusivamente no ensino académico e na pesquisa, começaram a perceber que as suas responsabilidades vão além dos muros do Campus. A troca de conhecimentos com a sociedade é uma das formas mais eficazes de gerar impacto real e significativo, um impacto que os textos gerados pela AI nunca conseguirão igualar.
Quando falamos em transferência de conhecimento, não nos estamos apenas a referir ao processo de disseminação de informações ou de novas descobertas científicas. Estamos a referir-nos à ponte que conecta as instituições de ensino superior aos desafios quotidianos da sociedade. As instituições de ensino superior são, muitas vezes, o lugar onde as ideias mais inovadoras ganham forma, mas é fora delas, no seio das comunidades, que essas ideias devem encontrar aplicação prática, transformando a realidade. A transferência de conhecimento aos territórios nos quais estão inseridas é um processo essencial para o desenvolvimento sustentável, a inovação e o fortalecimento das comunidades locais.
No contexto do turismo, essa interação ganha ainda mais relevância, pois o setor é intrinsecamente ligado ao uso e valorização de recursos locais, sejam eles naturais, culturais ou sociais. E se eu me dedico ao turismo, há mais de 25 anos, é porque acredito que é uma das ferramentas mais poderosas para transformar territórios, para gerar riqueza e emprego (em todas as faixas etárias e de qualificação) e até para construir a paz...
No Instituto Politécnico de Viana do Castelo, e especialmente no turismo, sabemos bem disto. Desenvolvemos, no curso de Turismo, na Unidade Curricular de Projeto, ideias reais de promotores reais; no ano passado, em Vila Nova de Cerveira, Monção, Viana do Castelo, Ponte de Lima, etc. Também, no Mestrado em Turismo e Inovação, idealizamos autênticos projetos de cocriação junto com o território. Este ano, auditando o município de Viana do Castelo para apoiá-lo a ser o primeiro município português na rede mundial de Destinos Turísticos Inteligentes (DTI). Fomos, no ano passado, até Alijó, para desenvolver a componente turística do que irá ser o primeiro aeródromo verde do país. Mas também, a Ponte da Barca, aplicando no município todos os trabalhos dos alunos do mestrado em diferentes matérias. Temos realizado pesquisas etnográficas e históricas, criado inventários de bens materiais e imateriais, desenvolvido narrativas turísticas autênticas, documentos de planeamento para municípios e regiões. E como não, e devidos as dificuldades no sector da restauração, tenho de mencionar a ida ao encontro das necessidades da indústria ao criar a licenciatura em Gastronomia e Artes Culinárias lançada no curso 23-24.
O primeiro curso de turismo no Ensino Politécnico público de turismo em Portugal não podia ser menos vocacionado para este trabalho para o território que, por outro lado, reverte em conhecimento para os alunos, que crescem e aprendem em contextos reais, o que é o contributo mais valioso que as empresas e instituições que aceitam os nossos desafios nos podem dar. A todos eles, um muito obrigado. Como agradecimento queremos assumir o papel de agente transformador de suporte.
No turismo do IPVC, não investigamos de forma elitizada e restrita, não cultivamos conhecimento para ser consumido dentro das nossas paredes, mas trabalhos de aplicação prática para germinar e crescer na vida real das empesas e dos territórios, e por tanto, das pessoas.
E sabemos muito bem que a transferência de conhecimento, não se resume apenas à aplicação de soluções práticas. Também é sobre a capacidade de ouvir e aprender com as pessoas que vivem nas comunidades. Não somos “detentoras do saber”, não esquecemos que o conhecimento também brota da vivência e da experiência das pessoas fora da academia. A sabedoria popular, as tradições culturais, as soluções locais para problemas antigos são fontes ricas de aprendizagem que merecem ser consideradas. É um processo de mão dupla... onde não quero esquecer os estágios curriculares e extra-curriculares que são outro elemento tão valioso para os futuros talentos.
E... uma nota final: isto exige um esforço contínuo que um pequeno grupo faz diariamente. Mas a transferência de conhecimento não seria eficaz se não fosse feita de forma acessível, respeitosa e colaborativa.
Felizmente, temos recebido tanto quanto damos!

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