E agora?
Ideias
2016-03-13 às 06h00
Na próxima quarta-feira (dia 16 de março) passam 155 anos da morte de Frei João da Ascensão, mais conhecido por “O Fradinho do Carmo”.
Natural da freguesia de S. Romão do Neiva, onde nasceu a 26 de outubro de 1787, Frei João da Ascensão, ou Frei João de Neiva, como alguns gostavam de o nomear, viveu num dos períodos mais conturbados da nossa história, marcado pelas invasões francesas, pelo domínio inglês, pelo conflito entre os irmãos D. Pedro e D. Miguel e, ainda, pela célebre revolta de “Maria da Fonte”.
Perante tamanha agitação social, Frei João da Ascensão manteve sempre uma postura de humildade, de verticalidade e de devoção. Apesar disso, acabou por ser preso na sua freguesia natal, depois de ter exercido funções clericais na igreja dos Remédios, em Lisboa. Quando o libertaram, em 1839, veio para Braga onde se recolheu na casa de uns amigos. Era, inclusive, frequente na época, os carmelitas viverem em grupos de amigos ou de familiares.
Aqui manteve uma vida de simplicidade e de caridade, caraterísticas muito apreciadas na época. A sua vida de humildade, de pobreza e de caridade foi reconhecida em Braga, sendo considerado por muitos um “santo”. Esta admiração atingiu de tal modo contornos nacionais que o rei D. Miguel nomeou-o, em março de 1833, para Arcebispo de Goa e Primaz do Oriente, cargo que Frei João da Ascensão recusou.
A elevada estima que os bracarenses nutriam pelo “Fradinho do Carmo”, aumentou após a sua morte, ocorrida no dia 16 de março de 1861, em Braga. Ficou sepultado em campa rasa, na igreja do Carmo, local para onde se deslocavam muitos fiéis, vindos de todos os pontos do país, para o venerarem. Ora, António foi um desses fiéis, oriundo de Montalegre, que esteve na origem de um milagre, atribuído então ao Fradinho do Carmo.
Tudo aconteceu no dia 15 de setembro de 1861 com António, de 21 anos, filho de João Afonso, residente no lugar de Taboadela, da freguesia de Santa Maria do Salto, concelho de Montalegre. Aos 11 anos, António foi atingido por uma grave doença e aos 16 ficou mesmo paralisado. Assim aguentou cinco anos, para seu desespero e dos seus familiares. Foi no meio desta angústia que resolveu deslocar-se a Braga, para venerar o Fradinho do Carmo, que aí se encontrava sepultado na igreja do Carmo.
António veio desde Montalegre para Braga, numa cadeirinha, em cima de um cavalo, num percurso que demorou várias horas. Quando chegou à igreja do Carmo, foi levado ao colo até à sepultura, onde orou de forma compulsiva e emotiva. Foi então que, de repente, sentiu “uma cousa sobrenatural que lhe viera á cabeça e que per si só se levantára e principiára a andar desatinadamente” (1).
Da igreja do Carmo, António começou a caminhar, devagar, mas firme, pela rua do Carvalhal, e dai desceu pela rua dos Chãos, até “á botica do snr. Maia, onde se vira obrigado a descançar por se achar muito extenuado de forças, abatido e cançado”. (1)
Nos dias seguintes, foram várias as pessoas que se cruzaram com António, afirmando todas verem-no a andar calmamente, apesar de encostado ao seu pai.
Perante estas dúvidas, algumas pessoas confirmaram inclusivamente, “pelo mimoso das plantas dos pés, que tivemos a curiosidade de examinar, que há muito tempo não anda sobre eles” (1).
Em Braga, em Montalegre e em muitas localidades desta região, a notícia deste autêntico milagre contribuiu para que o número de fiéis aumentasse de forma considerável, verificando-se desde aí multidões de fiéis, junto à igreja do Carmo, para venerar o Fradinho que aí se encontrava sepultado.
Durante mais de um século, o Fradinho do Carmo manteve-se sepultado numa campa rasa, nessa igreja. Em 1968, foram aí realizadas obras, tendo sido alterado e substituído o soalho da mesma, o que fez com que os seus restos mortais fossem trasladados para uma das paredes laterais de uma dependência anexa à igreja.
- Jornal “O Bracarense”, de 17 de setembro de 1861
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