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Braga, quarta-feira

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O novo PDM: construindo o futuro de uma cidade em expansão

Miguel Macedo

O novo PDM: construindo o futuro de uma cidade em expansão

Ideias

2025-02-14 às 06h00

Rui Marques Rui Marques

A revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) é um momento decisivo para a afirmação de Braga como um dos principais motores económicos e urbanos do país.
Na última década, o concelho de Braga registou um crescimento notável, alavancando o seu potencial económico para se transformar num dos mais vibrantes polos de desenvolvimento do país. Mas este crescimento não é obra do acaso. Resulta de uma combinação entre dinamismo empresarial, qualidade de vida, gestão municipal e atração de talento e investimento.
Braga não só assistiu a um crescimento demográfico expressivo – cerca de 10% nos últimos 10 anos (em contraciclo com a maioria dos municípios portugueses), ultrapassando a fasquia dos 200 mil habitantes - como também conseguiu atrair uma comunidade estrangeira dinâmica e empreendedora. O aumento de mais de 10 mil residentes internacionais demonstra que a cidade se tornou um destino acolhedor e atrativo para pessoas de diferentes culturas.

O setor empresarial foi o principal propulsor do crescimento de Braga. O aumento de quase 40% no número de empresas — de 18.621 para 25.952 entre 2013 e 2022 — demonstra um forte dinamismo económico. Mas não só mais empresas surgiram, como também o número de pessoas ao serviço acompanhou este crescimento, aumentando 41%, ou seja, mais 25 mil postos de trabalho criados. Estes números estão bem acima da média nacional, demonstrando que Braga é uma cidade liderante na geração de oportunidades profissionais.
Outro indicador relevante é a evolução do volume de negócios, que duplicou, alcançando 9,3 mil milhões de euros em 2022. O Valor Acrescentado Bruto (VAB) também mais do que duplicou (+107%), e as exportações cresceram 142%, chegando a 1,9 mil milhões de euros. Estes resultados mostram que as empresas bracarenses estão não apenas a prosperar no mercado interno, como também a conquistar mercados externos.
Se algum setor merece destaque especial, é o turismo. As dormidas mais do que duplicaram, passando de 293 mil em 2013 para 637 mil em 2023. A oferta de alojamento também acompanhou a evolução da procura, com uma capacidade que triplicou. A evolução favorável da taxa de ocupação e da estada média mostra um setor mais robusto e preparado para receber uma procura cada vez mais diversificada.

Os proveitos totais no turismo mais que triplicaram, refletindo o aumento da procura e da qualidade da oferta. Este crescimento contagiou positivamente os setores da restauração e do comércio, criando um efeito multiplicador que beneficiou toda a economia local.
Talvez uma das conquistas mais notáveis tenha sido a redução expressiva do desemprego. O número de desempregados caiu cerca de 60% numa década, passando de cerca de 15 mil pessoas em 2013 para menos de 6 mil em 2023. Esta evolução significa, por um lado, que Braga é uma economia em expansão acelerada e, portanto, um território de oportunidades, mas significa também uma melhoria significativa da coesão social e das condições socioeconómicas dos bracarenses.

Porém, Braga é também vítima do seu próprio sucesso. A pressão sobre o tráfego, transportes, rede viária, habitação, serviços públicos essenciais, etc., exige uma melhoria muito significativa da infraestrutura atual. Muito mais do que satisfazer as necessidades atuais, precisamos de preparar uma infraestrutura que suporte as condições para que Braga possa continuar a crescer de forma sustentável, providenciando condições para que continuemos a assistir à melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e da experiência de quem nos visita e de quem aqui trabalha.
Ora, para se poder afirmar como a segunda cidade mais importante de Portugal – um objetivo de longo prazo, que pode parecer utópico para muitos, mas que acredito que seja concretizável num prazo de 30 a 50 anos, e que nos deve congregar a todos -, Braga precisa de espaço para crescer, de melhores infraestruturas e de um ambiente mais favorável ao investimento.
O novo PDM ao aumentar significativamente a área de construção, reforçar a mobilidade e a competitividade empresarial, responde precisamente a esses desafios.
A limitação de solo disponível para urbanização tem sido um entrave ao desenvolvimento de Braga. A nova versão do PDM prevê uma requalificação significativa do território, com a conversão de grande parte dos terrenos anteriormente classificados como Solo Urbanizável em Solo Urbano?. De acordo com o Vereador João Rodrigues, o responsável político desta revisão, o novo PDM prevê um crescimento de cerca de 25% da área passível de ser construída. É um aumento extraordinário que não compara com nenhum município deste país, e só possível graças à evolução socioeconómica de Braga e à capacidade política de preparar e defender este Plano de forma muito competente.
Com mais espaço para contruir, ganharemos mais capacidade para crescer. O aumento da oferta habitacional será um fator determinante para conter a escalada dos preços do mercado imobiliário, que tem registado uma valorização expressiva nos últimos anos, tornando a cidade mais acessível para as famílias e novos residentes.

O novo PDM traz também boas notícias para o setor empresarial. Atualmente, Braga enfrenta uma escassez de terrenos industriais, como uma taxa média de ocupação dos parques industriais e empresariais próxima dos 80%. Neste âmbito, o Plano prevê a ampliação dos espaços dedicados às atividades económicas, sejam em áreas dedicadas ou em convivência com aglomerados residenciais, que permitirá impulsionar a atração e instalação de mais empresas inovadoras e indústrias sustentáveis, e fortalecer as empresas já estabelecidas. O planeamento urbano passará a ter uma lógica mais eficiente, permitindo um equilíbrio entre o crescimento e a preservação do ambiente urbano.

A melhoria na mobilidade é outro eixo central da revisão do novo PDM, com um plano ambicioso que antecipa desafios futuros e prepara soluções de forma proativa. O crescimento da cidade tem de, obrigatoriamente, ser acompanhado por infraestruturas de mobilidade que facilitem a circulação de pessoas e mercadorias, estando previsto para a próxima década um forte investimento na modernização e ampliação do sistema rodoviário, no reforço da infraestrutura ferroviária, na criação de novas infraestruturas logística, na ampliação da rede de transportes públicos e modos suaves e na melhoria da sua integração na cidade. Para as empresas, a concretização destas melhorias traduz-se numa redução de custos logísticos e num aumento da sua conectividade e competitividade a nível global.

Este PDM é mais do que um plano de ordenamento territorial: é um verdadeiro projeto de afirmação de Braga como uma cidade de referência a nível nacional para se viver e investir. Ao garantir espaço para construir, investir e inovar, equilibrando crescimento urbano, sustentabilidade e competitividade económica, Braga está a preparar-se para o futuro, está a garantir condições para que continue a reforçar a sua posição como cidade liderante na atração de talento, de empresas e na melhoria da qualidade de vida. O desafio agora é garantir uma implementação eficaz, sem burocracias desnecessárias nem atrasos. Braga tem tudo para se afirmar como a segunda cidade mais importante do país. Cabe-nos a todos garantir que esta ambição se torna realidade.

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