Portugueses bacteriologicamente impuros
Escreve quem sabe
2022-03-22 às 06h00
Ter poder é condição obrigatória para decidir sobre as condições de vida: dos outros e de quem o detém.
Ter poder geralmente significa ter riqueza para pagar serviços e bens que aquele reclama. Claro que ter poder é muito mais que isso, pois vivemos num Mundo supostamente de Direito, onde o poder advém da Lei nacional e internacional, que também legitimam, ou deveriam, a posse da riqueza e a forma de a obter. Há ainda o “poder das mentes”, onde as Religiões ocupam posição cimeira. Porém, a realidade atira-nos novamente para a antiga máxima: Ter poder é ter as melhores armas e comando dos exércitos, ficando o acesso à riqueza e o direito a definir o que é legal, ou não, dependente do resultado do poder previamente dado pela força disponível ou exercida.
Antigamente a força das armas era a única condição para ter poder. Para isso eram necessários recursos para obter as armas e pagar exércitos, ainda que estes também fossem compensados pelo saque da riqueza dos vencidos. Tudo isso exigia o domínio do território que seja necessário para maximizar o aproveitamento dos seus recursos. A extensão dos domínios territoriais dava o tamanho do poder. Esta é uma das razões do sucesso dos impérios. O aumento da riqueza e poder era proporcional ao domínio e tamanho do território com a maior produtividade, normalmente também os mais povoados porque mais sustentáveis. Crescia-se em riqueza e poder conquistando territórios, acrescentando tamanho e acesso a recursos. Isto é História, julgávamos nós.
Numa Europa que ainda mantém gente viva que recorda as dores e danos sentida na pele devido à guerra, não se esperava que a violência coletiva entre Estados regressa-se. Acreditávamos estar agora seguros pela Lei e pelo Direito internacional, pela Democracia e, pelo resultado do desenvolvimento económico e social, que o objetivo de qualquer exercício do poder era o aumento generalizado da riqueza e qualidade de vida dos seus povos.
Enganamo-nos. Nem todos entendem o mesmo. Para alguns, infelizmente cada vez mais, defendem que a força das armas deve prevalecer sobre a Lei, porque a Democracia não faz sentido nas suas culturas, cabendo a uma elite o poder de governar e mandar, devendo as armas e os seus exércitos estarem à disponibilidade das suas “inteligentes” vontades. Como na natureza, mandam os mais fortes.
A Rússia quis demonstrar ao Mundo este entendimento e, o seu grande poder regional, não por ser enorme, apesar de isso contar bastante, nem pelas suas grandes riquezas, mas tão só pelo poder dos seus exércitos e a capacidade das suas armas, o que lhe dá o direito de voltar a ser um império. Isto bastou-lhe para se achar no direito de se fazer obedecer conquistando novos territórios que entende terem sido parte do seu antigo império.
O mundo assiste ao vivo pelas imagens que tomam totalmente o tempo dos programas em todos os canais de televisão. Arrasam-se cidades à distância, obrigando toda uma população residente a fugir e a buscar proteção fora do seu país. Voltamos à barbárie da destruição de tudo e, à instalação do medo que estabelece o caos.
Como é possível contrariar este poder militar? Como fazer parar esta carnificina?
Infelizmente prevalece imutável o princípio que só se impede a força, com outra força contrária de igual, ou maior dimensão.
Foi este princípio que deu importância e poder estratégico à dissuasão mútua: - Não agrido o outro por medo de perder a contenda; -Não serei agredido enquanto o outro acreditar que poderá perder o confronto se ousar lutar comigo.
Acontece que este princípio estratégico tem o “mal” dentro de si: obriga ao constante crescimento de todas as forças que equilibrem a sua capacidade dissuasora, ou seja, obriga que todos tenham mais e melhores armas. Um mal que cresce não apenas pela quantidade e qualidade das forças (armas e homens), mas sobretudo pela dimensão dos danos que tal ampliação de poder provoca quando exercido. No absurdo e seu limite, podem extinguir a vida, ou parte dela.
Perante uma nova guerra, a primeira reação é avaliar a capacidade de guerra de cada um. Ouvimos imediatamente aos responsáveis pelos Estados dizer ser necessário reforçar rápida e de forma substancial os seus investimentos na “Defesa”, que na verdade podem servir também para “Ataque”.
Há contudo um dado novo a registar: demos conta do enorme poder que a globalização económica e financeira trouxe ao Mundo. Num Mundo global nenhum Estado consegue ser autossuficiente em tudo, nomeadamente em bens e serviços essenciais como alimentos, medicamentos, energia e serviços digitais. Os Estados de hoje precisam uns dos outros. Precisam de serviços de gestão global estabelecidos e acreditados, designadamente o da gestão das normas e meios técnicos necessários às transações económicas e financeiras, incluindo a legitimidade de acesso a bens e dinheiro que se encontra registado em nome de determinadas pessoas e Estados. Antigamente cercavam-se cidades para as estrangular economicamente, cortando-lhe as possibilidades de acesso a recursos vitais como alimentos. Hoje, o mesmo objetivo pode ser conseguido sem cerco físico: limitam-se as ligações e transações internacionais entre Estados, empresas e pessoas.
A reação agora surgida por parte do mundo das Democracias liberais, tomados individualmente e que limitam enormemente a circulação de bens, mercadorias e dinheiro para, e, da Rússia possa servir de bom exemplo para estabelecer uma nova Ordem Mundial de Direito Internacional que subsitua a inócua atuação da ONU, que incorpora no seu poder o “pecado mortal” de veto unilateral atribuído exatamente aos mais poderosos, os mesmos que mais e melhores armas e exércitos possuem.
Quem sabe?
15 Junho 2025
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