Os perigos do consumo impulsivo na compra de um automóvel
Ideias
2023-01-10 às 06h00
São já 13 os empossados que saíram do executivo, pelos mais variados motivos. O número que tradicionalmente se associa à superstição do azar é agora a marca do desgoverno de uma maioria que tem no disparate político e na irresponsabilidade os únicos aspetos genuinamente “absolutos”.
Escrevi aqui, em maio deste ano, e repito hoje com redobrada certeza que “O país está já num pântano político e ainda agora começou o ciclo político pós-eleições”.
É verdadeiramente impressionante como se assistiu, em tempo recorde, a um esvaziamento do capital político sobrante de um partido e de um governo liderados por um homem a quem tantas vezes apelidaram de génio. Ora, o Maquiavel português, que a tudo pareceu resistir – a humilhantes derrotas eleitorais, a geringonças impossíveis, a caos nas urgências hospitalares, a transumâncias imediatas de ministros de Finanças engajados politicamente para independentes governadores do Banco de Portugal e a trapalhadas na TAP que custaram milhares de milhões de euros ao erário público – só não resiste a si próprio.
Agora que se deu a ideia ao povo que as contas estão em ordem e que o PS, afinal, já não é o mesmo que apoiou Sócrates até à bancarrota (apesar de, na altura, ser composto por pessoas como António Costa ou Santos Silva, que o apoiaram até à última hora), acontece a tragédia que confirma os piores receios do pós-socratismo. O PS demonstra à sociedade e à saciedade que os velhos hábitos nunca morrem.
À bancarrota financeira sucede a bancarrota política. A ética republicana recua para os mínimos olímpicos e a lei e o processo, que são o seu reflexo mas não o seu limite máximo, passam a valer, até trânsito em julgado, como o purgatório redentor dos pios pecadores.
O caos que começou com Pedro Nuno Santos a exercer, de facto, as funções de Primeiro-Ministro, com a decisão unipessoal de avançar com o novo aeroporto no local que melhor lhe pareceu, demonstrou como o génio político sobrevive no lodaçal do calculismo à custa da morte da autoridade e dignidade políticas. A manutenção de Santos abriu a época de caça ao Costa.
Hoje, está à vista que o calculismo e a sobrevivência não são mais do que o manto que esconde a incompetência para traçar, concretizar e manter um rumo estratégico que reforme o país e lhe dê condições para ultrapassar os constrangimentos históricos que o condenam à mediocridade económica e mendicidade europeia.
O PREC 2023 – Processo de Remodelação em Curso, é menos excitante que o de 1974/75, mas não menos precário na rotatividade dos membros do Governo. A sucessão de “casos e casinhos” parece ter consolidado a ideia de uma erosão irrecuperável da solidez e credibilidade de um executivo que tinha todas as condições para navegar pelos quatro anos de “mandato absoluto”. É obra, sobretudo num contexto em que o principal partido da oposição ainda se refaz de um período longo de adormecimento e descaracterização; Em que a extrema-esquerda, após o atropelo eleitoral sofrido, ainda se tenta recompor e em que até a Iniciativa Liberal passa por uma época conturbada de clarificação interna (curiosamente, e apesar disso, não deixou de apresentar uma moção de censura que se sabia inconsequente).
Ora o que tem tudo isto a ver com o PS Braga? Pouco mais haveria de ter do que a natural ligação de uma concelhia à nacional de um partido que suporta exclusivamente o Governo, não fosse a fulminante sucessão de acontecimentos que redundou na subida (ou descida, hoje em dia já não se sabe bem) de Hugo Pires a Secretário de Estado do Ambiente.
Foi justamente o ambiente que rapidamente azedou. Mal foi empossado, Hugo Pires foi brindado por diversas notícias que colocam em causa a sua idoneidade política para o exercício das funções que foi chamado a ocupar. A ver vamos se o rolo compressor dos media o esquece ou o elege como alvo prioritário para os próximos capítulos do PREC e se os restantes partidos políticos perseguem o “cheiro a sangue”, quais tubarões em águas turvas, sabendo-se já que o Chega pretende chamar Hugo Pires ao Parlamento.
Mas não foi só por Lisboa que o ambiente adensou. Também por cá, no PS Braga, já há consequências da promoção de Pires.
Sendo o exercício do cargo de Secretário de Estado incompatível com a Vereação na Câmara Municipal, o candidato do PS nas últimas eleições autárquicas foi forçado a renunciar ao mandato aqui no burgo.
Pedro Sousa, atual líder da concelhia do PS, e antes mesmo de qualquer partido da Coligação Juntos por Braga, foi lesto em notar que agora, e em face desta alteração, Pires já só deve ver na Câmara Municipal uma “alternativa”. Ou seja, que desconsiderou totalmente o concelho e que já o tem apenas como uma jogada de recurso, caso o seu sucesso político nacional se venha a gorar. O Némesis concelhio de Pires, de uma assentada e sem misericórdia, descarta-o liminarmente para qualquer solução de futuro na corrida às próximas autárquicas.
Se a malícia falasse, seguramente diria que a nomeação de Pires tem dedo de Sousa por trás…
15 Junho 2025
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