Premiando o mérito nas Escolas Carlos Amarante
Conta o Leitor
2015-07-27 às 06h00
Maria João Silva
Há dois momentos solenes em todas as jornadas. A altura em que se faz uma escolha. E a parte em que se olha para trás, nem que seja pelo canto do olho. Vivemos com a matemática e o mundo admirável das probabilidades. Mas não fazemos realmente futurologia (onde é que há cursos desses?), antes empenhamo-nos em estimativas de riscos e previsões.
Como saber qual de duas (ou mais) opções nos oferece mais garantias de sucesso? Tanto da resposta depende de nós, mais do que realmente estamos conscientes. Cada um tanto pode contribuir, na medida que lhe é permitido, para o êxito como para o fracasso de uma dada escolha. Razão tinha Yoda quando dizia “always in motion the future is”, o que significa que o sistema é dinâmico e as nossas escolhas vão gerando futuros alternativos.
Quando dizemos que estamos à espera de um sinal divino para decidir, atenção que é capaz de, na maioria dos casos, ser a preguiça a falar, e não o nosso verdadeiro eu. Talvez a questão seja: até quando vamos ignorar a necessidade de mudança, aquela pedrinha no sapato que, de tempos a tempos, nos força a agir? Não é a falta de capacidade para lidar com a mudança é o medo de ficar numa posição inferior à inicial.
Se calhar tudo é um círculo fechado e a verdadeira missão da mudança é que as coisas voltem à normalidade. O objetivo da rotina continuada não será precisamente o de inspirar a revolução?
Não sei se todos os que me conhecem estarão de acordo, mas considero-me um ser humano absolutamente normal (normal é simplesmente a palavra que mais uso, deve estar a par e passo com problema) nas minhas necessidades de segurança e nas minhas aspirações ao risco. Há quem defenda que tudo se resume ao cálculo do risco. Que chatice! Nunca fui boa em contas. Se for um risco calculado, e fizermos tudo o que está ao nosso alcance para garantir o resultado desejado, então devemos confiar no sentimento de missão cumprida. Portanto, se cumprirmos pelo menos 99% do que nos é possível, em princípio não haverá mais tarde peso na consciência. No entanto, se mesmo depois de termos arriscado e feito tudo o que podíamos, decidirmos ter pena de nós próprios, também não faz mal nenhum, é o que eu diria um “problema normal”. E melhor do que ter um problema é ter um problema normal.
Palavra puxa palavra e não tarda estou a fazer livre associação de ideias...por isso, voltando ao momento em que se escolhe um caminho: porque é que há pessoas que se lançam sorrindo perante o incerto e outras são tão cuidadosas? As primeiras são obviamente umas trapalhonas ou foram empurradas. As segundas provavelmente são devotas da paranóia do controlo. Estou quase certa de não pertencer ao das audaciosas e por isso vibro com as odisseias dos meus amigos e sou toda ouvidos e coração para as suas peripécias. As histórias dos outros também nos permitem viajar, experimentar e aprender sem perigo. Devemos acarinhar aquilo que
somos, mas não podemos esquecer que é do contacto com a dificuldade e com a diferença que resulta a transformação.
Todos os dias somos convidados a fazer escolhas havendo sempre pelo menos uma bifurcação nas nossas vidas. É uma cena clássica (alerta: vocabulário de cinéfilo e não do novo acordo ortográfico da malta fixe) demasiado atrativa para a vida real não imitar a ficção. Regressemos pois à história de A Bela e o Monstro da Disney, em especial ao momento em que a Bela entra floresta adentro em busca do pai desaparecido e encontra uma bifurcação. O cavalo aponta para o caminho seguro, luminoso e com os passarinhos a cantar. Mas a nossa heroína, longe de nos desapontar, escolhe o outro caminho: perigoso, sombrio e com uivos de arrepiar. E porque é que escolheu ela aquele rumo?
Vejamos o contexto: a Bela está em missão de socorro do pai sumido, e tivesse ele seguido sempre por boas estradas, certamente já teria dado sinais de boa saúde. Ela sabe que algo correu mal e é precisamente no caminho perigoso que há maior probabilidade de encontrar o pai. A rapariga dá de caras com um local encantado e um príncipe disfarçado de vilão e com alguma perspicácia e persistência transforma-o num marido competente. Houvesse uma espécie de flash interview no final da história e a Bela haveria de confessar que só aceitou dar continuidade ao romance por causa do castelo e de toda aquela riqueza escandalosamente desaproveitada. Depois sempre se fala um bocadito de uma coisa chamada amor verdadeiro e de como havia lá rosas muito bonitas no jardim, só para dizer que a Bela não era nenhuma interesseira, não senhora. Mas onde é que eu já ouvi esta história antes?
No final de contas, a Bela teve muita sorte com o facto de o caminho escolhido conduzir a um castelo e ainda por cima àquele em particular. Poderia ter ido parar a um outro qualquer rodeado de espinhos onde uma loira mesmo adormecida comandava o destino de todos. Ou, pior ainda, à morada de uma madrasta invejosa obcecada em ser a mais bela do reino.
Concluindo, a Bela tinha a vantagem de ter optado por um caminho onde não havia concorrência e os homens, como toda a gente parece saber, podem ser bem conduzidos se houver arte e paciência. Pelo menos é o que dizem as anciãs, porque eu desse assunto não entendo nada.
E com isto tudo já me perdi no raciocínio...outra vez. Voltando ao início, à questão de como é necessário fazer escolhas e combater a resistência à mudança. Pois é, e uma maneira relativamente simples de adiar as escolhas é mudar de assunto, andar com rodeios e divagar q.b. até do outro lado se esquecerem de qual era o tema. Lol
31 Agosto 2022
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