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“O que fazeis da minha escola?”

Indispensáveis são os bracarenses

“O que fazeis da minha escola?”

Escreve quem sabe

2024-05-21 às 06h00

Cristina Palhares Cristina Palhares

Partilho uma imagem novamente convosco - uma criança, com uma lágrima teimosamente rolando cara abaixo, pergunta-nos (a todos os que a viram e ouviram): “O que fazeis do meu mundo?”. E a pergunta é dirigida a todos e a cada um, aos governantes e aos governados, aos professores e aos alunos, e a nós, agora que aqui estamos. “O que fazeis da minha escola?” Hoje, dirigida aos diretores das escolas. “O que fazeis da minha escola?” Aqueles a quem compete que todos os alunos (Todos, sim! Mesmo aos que apresentam altas capacidades e sobredotação, porque a Escola é Inclusiva – dizem os senhores e as senhoras diretoras) … aqueles a quem compete que todos os alunos possam estar na escola com o mesmo grau de motivação e aprendizagem necessários ao pleno desenvolvimento e à plena felicidade. Mas… infelizmente, nem estes conhecem ainda o quantas lágrimas se derramam, rolando cara abaixo, de alunos seus, da sua escola, desalentados pelo pouco que aprendem, pelos dias que paulatina e rotineiramente passam, num marasmo de aprendizagens que já não o são (porque já o foram), sem curiosidade, sem imaginação, sem espanto, sem … vida. Porque os senhores diretores e as senhoras diretoras exigem muito dos professores da sua escola na atenção e dedicação aos alunos que de alguma forma experienciam insucesso e esquecem-se, mais, recusam até “perder o seu tempo” com os alunos que não experienciando qualquer insucesso, apenas deixam rolar teimosamente cara abaixo aquela lágrima. Esses não fazem parte da preocupação da sua escola. E quando estes alunos choram, choram porque não aprendem. Engraçado, na escola todos os alunos “choram” porque não aprendem: “choram” quando não conseguem aprender e obter o sucesso que os outros colegas têm, e “choram” quando não têm nada para aprender. Fomos dando respostas aos que “choram” quando não conseguem aprender e obter o sucesso que os outros colegas têm com professores especializados, com professores de apoio, com uma sensibilização ampla a toda a escola e comunidade educativa, mas continuamos a não dar respostas aos que “choram” porque não têm nada para aprender. Porque a diferenciação pedagógica ainda não é inclusiva. Aliás, nem existe diferenciação pedagógica, quando não se atende aos mais capazes. Diferenciar para alguns não é diferenciação pedagógica. Esta deve responder às diversas características, necessidades, habilidades, interesses, e não é apenas na avaliação diferenciada (vulgo testes adaptados) como hoje tão comumente está instituída. A diferenciação pedagógica não é uma medida, antes um modelo, uma abordagem educativa, com algumas estratégias que importa reter:
1. Agrupamento Flexível: os alunos podem ser agrupados de diferentes maneiras (por habilidade, interesse ou escolha) para atividades específicas.
2. Ajustes no Ritmo: Permitir que os alunos avancem ao seu próprio ritmo, fornecendo atividades de enriquecimento para aqueles que avançam mais rapidamente e apoio adicional para aqueles que precisam de mais tempo.
3. Diversificação de Atividades: Oferecer diferentes tipos de atividades que abordem múltiplos estilos de aprendizagem, como visual, auditivo e cinestésico. Escolha de Atividades: Dar aos alunos opções sobre como eles aprendem ou demonstram o seu conhecimento, permitindo que escolham atividades que melhor se adaptem aos seus interesses e estilos de aprendizagem.
4. Materiais Diversificados: Utilizar uma variedade de materiais de ensino, incluindo textos, vídeos, jogos, e recursos online. Que ironia que a literatura nos aponta e o que realmente prolifera nas nossas escolas! Atentemos ao ponto 2. Ajustes no Ritmo: Permitir que os alunos avancem ao seu próprio ritmo, fornecendo atividades de enriquecimento para aqueles que avançam mais rapidamente e apoio adicional para aqueles que precisam de mais tempo.
A atividade de enriquecimento é distinta do apoio adicional. As atividades de enriquecimento estão direcionadas para os que avançam mais rapidamente. Mas se nem os senhores diretores ou senhoras diretoras sabem, como podem solicitar aos seus professores o mesmo?
Sabem também que temos tantos alunos com uma lágrima teimosamente rolando cara abaixo e que nos perguntam insistentemente “O que fazeis da minha escola?”?
Não, não sabem. Porque se soubessem, ajudavam a enrolar cara acima aquela lágrima tão teimosa, não permitindo jamais que ela rolasse cara abaixo!

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