O “Rover” é uma das atividades mais características e mobilizadoras da IV Secção, isto é, dos Caminheiros – jovens dos 18 aos 22 anos de idade - que têm no “Serviço ao Próximo” o seu lema mobilizador de pequenas e grandes atividades. É nesta dedicação aos outros dentro do escutismo, mas principalmente colocando-se ao serviço dos outros – as pequenas comunidades que os acolhem – a quem os Caminheiros retribuem com a realização de trabalhos comunitários que, na fase de planeamento do “Rover”, são cuidadosamente pensados pelas equipas organizadoras, muitas vezes com recurso a profissionais das diversas áreas, para que, no final, os objetivos sejam alcançados e todos fiquem satisfeitos.
Depois de se ter instalado o Campo, um momento formal de abertura que serve para a apresentação dos Caminheiros à comunidade local que os acolhe e, de forma genérica se identificam os trabalhos comunitários a desenvolver, bem como os momentos de convívio em campo e se desafiam os membros das comunidades que acolhem a passar pelos diversos locais onde se desenvolvem os espaços de trabalho.
Também é o tempo de agradecer o acolhimento e as oportunidades para se desenvolverem as atividades planeadas e manifestar a nossa gratidão por nos permitirem crescer no caminho de cidadãos solidariamente ativos à luz do Evangelho. Depois, é o tempo de conversar com todos enquanto se petisca qualquer “coisinha” para “forrar o estomago”, culminando com a canção que a todos chama par o justo descanso: “O Dia Chegou ao Fim”.
Os dias seguintes centram-se no desenvolvimento das tarefas para que tudo se realize como planeado, ajustando as equipas às necessidades reais e, como é bom ouvir, de vez em quando, estes jovens cantarem “Amigos tão bons vale a pena juntar” para vencerem o cansaço que o trabalho inabitual naturalmente provoca.
Estes jovens, unidos num só ideal – o serviço ao próximo -, quando os trabalhos terminam, quer tenha durado meia semana ou a semana inteira, sentem-se recompensados por terem contribuído para a felicidade daquela(s) comunidade(s) e enquanto desmontam o campo sentem-se reconfortados pela alegria estampada nos rostos de crianças, adultos e idosos. Foram dias excecionais onde também eles aprenderam com o intercâmbio mantido com estas pessoas.
Da avaliação que fizeram, a quente e depois completada na sede, o Chefe de Clã (designação da comunidade de caminheiros) escreveu no seu caderno de notas, que eles foram fantásticos porque:
1) Caminharam e trabalharam sem procurar descanso;
2) Serviram sem procurar nenhuma recompensa;
3) Souberam ser semeadores de esperança por onde passaram e viveram;
4) Souberam ser compreensivos nos momentos menos conseguidos, em que não conseguimos responder aos seus desejos e expetativas;
5) Quisestes crescer, e crescestes interiormente, e, desta forma, vos aproximaste do “Homem Novo”;
6) Demonstrastes que vale a pena serem caminheiros e que o exemplo de vida que deram neste Rover, demonstra que o Escutismo continua fiel às origens.
O chefe de Clã anotou ainda uma preocupação: «Estão quase prontos, mas tenho que lhes incutir a ideia de que o “Rover” não é um fim em si mesmo, mas sim um marco importante no percurso de vida de cada um. Que cada um deles tem de ser igual a si mesmo, esforçando-se por viver alegres e fazendo os outros felizes.
Fazer, de todos os dias, o “Rover” das suas vidas e então, o mundo será verdadeiramente melhor do que o encontrastes, tal como nos pede Baden-Powell na sua última mensagem.»
Livro “A Caminho do Triunfo” foi publicado pela primeira vez em 1922, sendo a segunda edição publicada em setembro de 1930, tendo o seu autor, Baden-Powell, introduzido duas alterações: a primeira, «de acordo com as sugestões feitas pelos próprios caminheiros, o último capítulo, que trata da Organização e Regulamento.
O segundo facto foi ter-se adoptado e desenvolvido a tal ponto o Caminheirismo noutros países, que este constitui já o núcleo duma Fraternidade Universal de jovens orientados pelo mesmo ideal de SERVIR, ligados uns aos outros pelos laços da amizade e bom entendimento.»