Correio do Minho

Braga, terça-feira

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O sócio n.º 3773

A Economia não cresce com muros

Ideias

2011-04-01 às 06h00

Borges de Pinho Borges de Pinho

Segundo revelou o Presidente dum clube, a figura em causa, há dias muito projectada nos media e objecto de notícias e comentários, será, pasme-se, o sócio n.º 3773 desse clube, e com as cotas em dia.

Desconhecendo-se a existência de raízes ou liames telúricos na zona e ignorando-se as verdadeiras razões de tão insólita filiação clubista, é com incontido regosijo que se regista tal manifestação de ecletismo desportivo não obstante as muitas dúvidas subsistentes e o facto, no mínimo curioso, de concomitantemente ser vice-presidente de um clube rival, aliás com quem se travou forte e polémica disputa num passado recente num ombro a ombro discutido até final.

Um ecletismo desportivo e uma inesperada vivência de fair play que seriam louváveis e de recomendar se na vida real, e muitas vezes, não fossem traídos pelas palavras, atitudes e comentários que se bolçam como comentador desportivo duma TV. Onde, anote-se, interventivo, vibrante e insinuante acaba por deixar transparecer por vezes um ideário de uma “quadrada” e “doentia” fixidez com o uso de uma “disquete” já “estafada”, a que vem aliando um discutível e “enviezado” opinar nos comentários e análises aos casos do jogo e arbitragens, pondo em causa toda uma uma isenção.

Aliás, diga-se, se defendemos liberdade de expressão e de opinião no comentário às jogadas mais ou menos polémicas da semana, estejam ou não em causa jogos do clube de que se é adepto, até compreendendo que um exacerbado clubismo leve a uma visão “vesga” e “caseira” deste e daquele lance, já não aceitamos que um qualquer fervor clubista e doentio, supurando e fedendo a perverso facciosismo, desague em perdas de lucidez, inteligência analítica, seriedade de apreciação e isenção.

O que, reconheça-se, vem sendo apanágio da quase generalidade dos “comentadores” que temos, aliás de questionáveis idoneidade e conhecimentos técnicos e que tão só se preocupam com as “cores” dos clubes que dizem representar.

Comentadores que se vêm configurando como autênticos “incendiários”, prolongando os “casos” para além das quatro linhas e dos 90 minutos, alimentando paixões e discussões e viciando realidades.

Naturalmente com efeitos perversos em pessoas de deficiente formação e atrofiada mentalidade e nos carolas de compartimentada inteligência que, cegos pela paixão clubística, vivem em míngua de bom senso, educação e civismo.

Na realidade os Cervans, Vasconcelos, Leonores, Queridos Manhas, Bonzinhos, Guerras, Delgados, Searas, Barrosos, Guedes, Aguiares e outros usuais “opinadores” do momento, não lhes bastando as gratificantes projecção mediática, exposição pública e gratuita oportunidade de lançar uma imagem e uma mensagem, vêm-se mostrando por vezes recorrentes no repisar e repetir de episódios e casos passados, revelando assim uma persistente e doentia fixidez de ideias e incontidos ódios de estimação, aliás concretizados num alinhavar insidioso de explicações, insinuações e de interpretações viciadas e malévolas.

O que, note-se, tem levado a destemperos de linguagem, sibilinas ofensas, tortuosas análises, ironias ao desbarato e a todo um falacioso instrumentalizar da realidade, truncando-a, deturpando-a ou maculando-a de imagens perversas, de todo contribuindo, e perigosamente, para um exacerbar de paixões e ódios.

Naturalmente dando azo a atitudes inqualificáveis e inadmissíveis num país dito democrático, sereno e de brandos costumes, .... mas não no futebol, ao que parece!...
Atitudes e cenas que se repetem, se repudiam e “engordam” já um velho e longo rol de queixas e ofensas, ultrapassando-se saudáveis rivalidade, desportivismo, fair play e respeito mútuo, e num incontrolável crescendo. Aliás não faltam “incendiários” e responsáveis (!?) “irresponsáveis” que se esquecem de que quem semeia ventos colhe tempestades.

Tudo isto, diga-se, vem no seguimento das duas bofetadas dadas de sopetão e cobardemente ao tal sócio n.º 3773 à saída dum restaurante, o que de todo se repudia, embora se nos afigure que a insólita ocorrência não justificaria tanto alarido em alguns media nem o desbragado “alarme” dum “colorido” político e autarca, daí logo tirando ilacções sobre a regionalização e o norte.

Aliás tais bofetadas não passam de um facto menor na série alongada dos muitos episódios lamentáveis e a repudiar como as pedradas nos viadutos da A 5 e A 43, as mossas em carros presidenciais, autocarros dos clubes e adeptos, as esperas, vozearias e tentativas de agresssão junto ao hotel, as agressões com bolas de golfe ou tacos, os confrontos de claques, os ferimentos em atletas pondo-os em coma, os veículos incendiados, os ataques e apredejamentos às casas dos clubes aqui e ali, etc., que se têm vindo a repetir ao longo dos últimos anos, sendo abusivo e de todo estulto associá-los ou indexá-los a uma região, cidade ou clube, já que a vandalismo não tem domicílio fixo, bilhete de identidade ou número de contribuinte, e muito menos cartão de cidadão.

O vandalismo, admita-se, nasce e medra com os apelos e evocações mais ou menos incendiárias, os comentários abusivos e insidiosos, as palavras imprudentes e inoportunas, as atitudes e imagens de ofensivo, chocante e desigual aparato (como as de polícias com o corpo quase de fora das viaturas a empunhar armas), para além dos comportamentos, posições dissimilares e alguns destemperos de posicionamento e linguagem de entidades públicas, seja ministro ou comandante policial.

Com um “terreno” muito minado por doentios e exacerbados fervor e paixão clubistas, e a viver-se uma carência total de civismo, uma falta clara de inteligência cívica e numa míngua de formação moral, cultura de liberdade e do respeito mútuo, os vândalos surgem em cada esquina e proliferam, por mais que se fale em tolerância zero, sendo certo que com certos “lança-chamas” não há bombeiros para tanto fogo.

Aliás, aquando das bofetadas ao sócio n.º 3773, logo um porta-voz responsável, apesar do nome de anjo, foi diabólico, malévolo e irresponsável ao pôr achas na fogueira pela forma insinuosa, insidiosa, maldosa e incendiária como “sugestionou” e “apontou “ um dedo acusador, ainda que encapotadamente, sendo certo que assim não se chega a lado nenhum.

Quanto ao realmente ocorrido, tal nada teria que ver com a sua concreta figura de sócio n.º 3773 do clube X, nem com as suas actuações como ministro no antanho, membro do CSMP, anterior passagem pela FPF ou político e advogado.

Conhecendo-se as suas actividades desde há anos, tão só nos ocorre agora aquela sua saída do edifício da FPF após uma controversa reunião em que era pedido silêncio e moderação, que logo se “sabotou” junto dos jornalistas em expectativa. Aliás na linha de uma muito questionável mas usual promiscuidade com a comunicação social como era e é apanágio do seu amigo e antigo primeiro ministro.

Mas cada um é como é, mesmo nascendo-se em S.to Ildefonso, e age e comenta como melhor o entende, sendo incontornável que todo e qualquer vandalismo doentio e clubista não tem rosto nem localização geográfica, mas alimenta-se e medra com as palavras e comentários mais ou menos “incendiários” deste e daquele responsável mais ou menos “irresponsável”. Aliás um vandalismo que vem germinando e crescendo enquadrado na onda avassaladora de criminalidade para a qual o ministro que temos muito contribuiu com as leis criminais que apadrinhou . Pelo que, admita-se, umas simples bofetadas, ainda que lamentáveis, condenáveis e de repudiar, serão tão só um mal menor.

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