A recente impugnação do concurso para a construção da Residência Universitária na antiga Fábrica Confiança, apresentada por uma das construtoras a concurso, junto do Tribunal Administrativo, é um assunto que merece a nossa atenção e reflexão. Esta situação não é apenas uma questão administrativa; é um risco real que pode comprometer o futuro de muitos jovens estudantes em Braga.
A juventude bracarense não pode considerar aceitável e responsável que este tipo de situações possam colocar em perigo um projeto que é crucial para o acesso ao ensino superior. Numa época em que a falta de alojamento universitário acessível se torna uma barreira crescente para os estudantes, a concretização desta residência não é apenas desejável — é uma necessidade urgente. Muitos dos nossos jovens enfrentam dificuldades significativas para conciliar os custos elevados da habitação com os desafios de uma formação académica. E é neste contexto, que a Residência Universitária na antiga Fábrica Confiança surge como uma resposta direta a uma demanda há muito sentida.
É fundamental que a responsabilidade por este impasse não seja atribuída à Câmara Municipal, mas também é fundamental que a Câmara não coloque a culpa na justiça. A justiça, à qual a Câmara tantas vezes recorre para fazer valer os seus direitos, não pode agora representar um entrave à condução dos trâmites legais da Contratação Pública. Em vez disso, é imperativo que a autarquia e todos os envolvidos trabalhem em conjunto para resolver esta situação. A falta de diálogo construtivo entre as partes não pode ser a personagem principal deste filme de suspense.
Os estudantes do Ensino Superior, que escolhem Braga como o motor dos seus sonhos de concretização académica merecem um espaço onde possam viver e estudar com dignidade, e não devemos permitir que questões administrativas atrapalhem esse direito.
Além disso, o impacto da falta de alojamento adequado vai além da dificuldade imediata de encontrar um lugar para viver. Não podemos ignorar que este flagelo afeta o desempenho académico, a saúde mental e, em última instância, as oportunidades de carreira dos jovens. Não podemos esquecer o papel das famílias que , em primeira e última instância, é o garante com todos os sacrifícios, da jornada dos estudantes. É um ciclo vicioso que perpetua desigualdades e limita o potencial dos estudantes portugueses.
A resposta a esta crise não pode ser adiada. A Câmara Municipal e as entidades envolvidas têm a responsabilidade de encontrar soluções rápidas e eficazes que evitem a concretização de mais litígios. É necessário que se estabeleça um diálogo aberto e transparente, onde as preocupações dos estudantes sejam levadas em consideração.
A importância da requalificação da Confiança vai mais além do que dar um grande impulso à habitação estudantil em Braga - representa a requalificação do património ímpar da cidade e permitirá revigorar uma artéria essencial da freguesia de São Victor. A aquisição da Confiança foi um desiderato municipal - a requalificação com fins exclusivamente culturais caiu, representando um falhanço deste executivo, contudo, agora que o anterior governo, Câmara e Academia encontraram uma nova solução que se faça, que se avance - é uma urgência construir a Academia.
Por isso, fazemos um apelo a todos os responsáveis: é hora de priorizar o bem-estar e o futuro dos nossos jovens. Braga precisa de ser uma cidade que acolha e apoie a sua juventude, proporcionando-lhes as condições adequadas para a formação e desenvolvimento pessoal.
O Sr. Presidente da Câmara, que nos últimos anos vangloriou-se de acabar com os “esqueletos no armário” que adiaram a cidade, agora é a hora de arregaçar as mangas e construir, sem desculpas. Como diria Rui Nabeiro: para a frente!