Perceções
Ideias
2021-09-06 às 06h00
… e o ciclo repete-se, significando o presente momento o início de um novo ciclo de partilha de escritos e pensamentos com os leitores do “Correio do Minho”. Novo ciclo que se sustenta nos velhos hábitos de escrita e leitura, no ajustamento e adaptação às novas circunstâncias e contexto, tentando, por necessidade e opção, a actualização temática do conteúdo dos textos em função do olhar renovado sobre o mundo, o qual (por muito que o tempo de férias seja lento, por vezes tão lento que se afigura estático) muda cada vez mais rápida e profundamente.
O contexto e a condição que hoje encontramos ainda se conformam e limitam ao momento pandémico que há muito nos invadiu e que, pese todas as variações, insiste em ficar. Ainda os nossos movimentos e relações estão acantonados, o nosso pensamento e o discurso público grandemente são tomados pelo vírus, seus efeitos e formas de combate e superação.
Todavia, saltando fora desta “bolha pandémica”, confirmam-se e emergem temas repetidos, novos desafios, velhos problemas, numa miríade de confrontações, oportunidades e dificuldades para todos nós que importa reflectir para melhor actuar e, assim, melhor obter os resultados necessários e desejados.
Sem ordem hierárquica ou escala geográfica, impacto social ou territorial, hoje são incontornáveis os temas das alterações climáticas e da demografia. E são no sentido lato do termo – porque há muito que sabemos ser necessário combater, atenuar e reverter o processo de degradação ambiental que se repercute no comportamento climático cada vez mais imprevisível e errático; porque há muito que sabemos que a população decresce no país que habitamos e que o movimento populacional litoral – “interior” (e vice-versa) é desequilibrado e injusto – mas, sobretudo, porque os últimos tempos e estudos trouxeram à tona as constatações inevitáveis de que tudo o que fizermos ao nível do ambiente e do clima será na perspectiva de surtir efeito daqui a quinze / vinte anos. Ou seja, que pouco ou nada do que possamos fazer agora mudará os próximos quinze / vinte anos (seremos nós capazes de privação e limitação sem sentir qualquer ganho directo?). Igualmente, que o problema de demografia não se resolve com a leitura superficial e hipertextual dos números, antes obrigando a uma leitura mais densa, suportada em estudos, porventura, sem a luz da “publicidade e comunicação”, mas com a profundidade e assertividade úteis para auxiliar a tomada de decisão.
Há o tema da mobilidade e a emergência da “cidade dos quinze minutos”, numa apologia da proximidade e do regresso da escala humana às grandes cidades. E há as formas motivacionais do uso da bicicleta e da pedonalidade, para lá do desporto e lazer. Há a conjugação e o convívio entre a ciência e a política, essa relação tensa que conhece agora novos desafios nas configurações dos limites e relações que ambas estabelecem entre si. Há a economia que, invariavelmente, condiciona e (também) determina a ordem mundial, numa realidade actual de variação de preços e relações financeiras tão instáveis quanto penalizadoras de um contexto favorável ao investimento. Há o turismo, outra forma de economia, que se reconfigurará necessariamente fruto de outros modos de encarar viagens, gastos de energia, predacção de recursos e respeito pela realidade local. Há a eterna dicotomia do direito e da solidariedade, da partilha e da identidade de cada um, num desafio constante ao conhecimento dos nossos limites e direitos e deveres de actuação e denúncia. Há profundos desafios democráticos e sociais, desafios tecnológicos e ideológicos e provocações que importa atender e entender.
E há, numa perspectiva mais subjectiva e, eventualmente, local e específica do autor, quatro temas a reflectir e responder:
(1) O poder da política e a política do poder: o primeiro que expõe o quanto é fundamental a política - enquanto “gestão e construção da coisa pública” – como meio para alcançar qualidade de vida; o segundo que mostra a perversão do uso da política enquanto instrumento táctico para projectos desviantes do interesse público;
(2) A sedução da comunicação ou a comunicação da sedução: a primeira que traduz esta vertigem generalizada de tudo publicitar e anunciar sem critério e medição do grau de concretização, antes sinalizando existência e (suposta) actividade; a segunda que significa saber explicitar e explicar, envolver e motivar todos, independentemente da dificuldade e complexidade, para desafios, metas e objectivos realmente inspiradores de melhoria e resposta inequívoca a necessidades e vontades de todos;
(3) A dicotomia do produto e do processo, nunca esquecendo que o primeiro cristaliza uma resposta, fixa uma data e esgota-se em si mesmo e que o segundo significa caminho e conquista, alimentando-se e alimentando novos desafios. O primeiro pode ser sucesso, o segundo será credibilidade e perenidade;
(4) Todo o momento é uma oportunidade. E oportunidade é momento de esperança, assim saibamos ler os sinais e responder às exigências…
Na realidade, este “tempo” não se afigura fácil nem isento de (grande) exigência. Mas não deixa de ser, reafirma-se, oportunidade. Sem prejuízo de voltar a estes temas ser certa intenção, assim saibamos confirmar a oportunidade como sinal de esperança. E esperança com resultados visíveis e palpáveis, generalizados nos seus efeitos bons a todos nós. Porque é assim que se constrói comunidade. E, portanto, cidade!Na realidade, este “tempo” não se afigura fácil nem isento de (grande) exigência. Mas não deixa de ser, reafirma-se, oportunidade. Sem prejuízo de voltar a estes temas ser certa intenção, assim saibamos confirmar a oportunidade como sinal de esperança. E esperança com resultados visíveis e palpáveis, generalizados nos seus efeitos bons a todos nós. Porque é assim que se constrói comunidade. E, portanto, cidade!
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