Correio do Minho

Braga, terça-feira

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O tio Pepe tem 50 anos

A responsabilidade de todos

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Conta o Leitor

2022-08-21 às 06h00

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Texto Manuel C. Correia

Uma brisa suave, vinda do mar, sobe pelo rio Cávado e emana sensações ímpares!
Num banco junto ao estuário do rio Cávado um casal, relaxa, depois de uma refeição feita com o amor de bons e velhos hábitos.
Um barco que sobe o rio faz lembrar os pescadores que contribuíram para a refeição daquele robalo assado na brasa no restaurante tio Pepe!
Ah, mas essa foi apenas uma das refeições magníficas que o casal se lembra, ali sentados no banco junto ao rio! Barriga cheia sem fartar, uma boa refeição deve satisfazer e não encher, e os dois estavam com o ego nas nuvens, sentiam a leve brisa no rosto, e, as memórias passadas no Tio Pepe saltavam como coelhos da cartola, e toda visão dos primeiros tempos até aos dias de hoje, passados cinquenta anos.
O maior patrimônio são as pessoas.
A família Barbosa tem ao longo dos anos acompanhado a evolução de como servir bem, com excelência e acolhimento de todos os que escolhem ir ao Tio Pepe. O pai do atual proprietário, José Barbosa, sorria enquanto assava as costelinhas que faziam e fazem crescer água na boca. Tal era a sua dedicação e amor ao ofício que os clientes eram todos amigos, e voltavam sempre para renovar o prazer da comida e da sua companhia. Hoje o filho é uma extensão do pai, classe e simpatia, um serviço cinco estrelas, com uma equipa que manteve o sabor de outros tempos, e, acrescentou mais oferta e classe no serviço. Quem vai a Fão, vai ao Tio Pepe, e, volta lá sempre.
O casal volta para casa, Braga é o destino, e o condutor fala com a companheira e entre silêncios surgem memórias. Um restaurante não é por si só um lugar exclusivo para comer, um bom restaurante é aquele em que a comida e um bom ambiente faz a perfeita simbiose. Aqueles jantares ou almoços em que cada garfada é acompanhada por um bom punhado de palavras e se sente um bom arrepio pela espinha acima.
Palavras populares, palavras técnicas em que todas as sensações são canalizadas pelos nervos que estão na coluna vertebral, e todos sensores se unem até darem múltiplas sensações, sim é isto e muito mais que, no Tio Pepe o condutor se lembra, são muitos anos, bons anos de sabores que continuam a servir quem conhece o Tio Pepe, e quem não conhece não sabe o que perde.
Mas quem come uma deliciosa refeição e acaba com aquela tarte de maçã, hum, vai voltar e perguntar como é possível a simples mortais fazerem algo tão divinal que nem nas mesas dos deuses existe.
Quando se entra no Tio Pepe, uma porta se abre e o rosto do chefe ilumina quem timidamente vai entrando, quando se entra a primeira vez. Na parede do lado direito, forrada a quadros de elogios de jornais, autênticas obras de arte. Testemunhos de cinquenta anos de arte de bem servir, Tio Pepe! As mesas sempre limpas e com serviços de qualidade, com guardanapo de pano. A churrasqueira do lado esquerdo protegida por vidro, e o churrasqueiro que outrora foi o Senhor Barbosa, sempre com os olhos nas brasas, sempre com o toque certo de levar a carne ao ponto, e, o peixe que cheira tão bem!
Nas mesas os pratos se enchem de carne e de peixe, delícias que se comem entre bons vinhos e aquela conversa amena, com o sorriso de quem está a ter prazer de comer e partilhar a companhia neste local singular à beira do estuário do rio Cávado na margem esquerda, na vila de Fão, a magia que se sente dentro é única e quando se acaba a refeição, mesmo fora sente-se uma áurea que nos acompanha durante a viagem, seja curta ou longa.
O tio Pepe já tem cinquenta anos! Não esperem mais cinquenta para o conhecer, quem o conhece volta lá sempre.

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