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O velho do Restelo

Braga - Concelho mais Liberal de Portugal

O velho do Restelo

Ideias

2023-03-24 às 06h00

J.A. Oliveira Rocha J.A. Oliveira Rocha

De vez em quando, mas com muita frequência, o ex-Presidente da República, A. Cavaco Silva, vem a público criticar o governo e anunciar o fim do mundo. Para além do aspeto ético, pois não é bem criticar os seus sucessores, o Professor Cavaco nada diz de relevante, a não ser sublinhar que só ele e no seu tempo é que se definiam políticas corretas. Depois dele foi tudo “moeda má”. Tudo isto a propósito do PER (Plano Especial de Realojamento), que se saldou tão só pelo branqueamento das políticas de habitação.
Em boa verdade, nem antes dele, nem com ele, nem depois dele, foi adotada uma política social de habitação. Quem estuda políticas sociais sabe muito bem que quem implementou as políticas de habitação foram os empreiteiros com algumas medidas fiscais, como, por exemplo, os PPRs, os juros bonificados e a isenção de IMI. Esquece-se também o Professor Cavaco do fim das pescas e da agricultura nacional, bem como da não renovação da ferrovia. E havia dinheiro, muito dinheiro dos fundos comunitários. Salvaram-se as auto- estradas, que qualquer dia serão campos de batatas. O Professor Cavaco Silva não tem pensamento político, abusa do revanchismo político e tem a pretensão de salvar o seu partido que não há forma de arrancar do marasmo.
E há problemas na política portuguesa que têm atravessado todos os governos: os políticos não entendem, ou não querem entender que tem que existir um mínimo de planeamento (alguns chamam-lhe políticas estruturais) que impeça que se ande a começar sempre de novo e a tapar buracos, em função da opinião pública e das eleições. Foi o que aconteceu com a política da educação. Nunca houve uma política de fundo que permitisse aos cidadãos saber com o que contavam no futuro e aos profissionais organizarem a sua vida. E aqui têm um grande buraco que não sei como se resolve.
Outro problema que desenha no horizonte é a questão dos lares de idosos. Portugal é um país de velhos. E as pessoas estão, cada vez mais, a retirar os seus pais e avós de casa, porque não têm espaço, porque não têm tempo e porque são cada vez mais comodistas. Mas os lares são pucos e, muitos deles, ilegais.
Por outro lado, os preços subiram 17% com custos superiores ao salário médio. De resto são frequentes as notícias de maus-tratos. Os Ministérios vão lavando as mãos e, nem sequer têm serviços de inspeção adequados.
Enfim , remenda-se, mas não existe uma política pública. Nem mesmo as Universidades e, sobretudo os Politécnicos, tão interessados em Doutoramentos, cuidaram em criar cursos para fazer face a esta realidade.
Ao mesmo tempo multiplicam-se as leis de proteção dos animais, mas os direitos humanos ficam de fora das preocupações políticas.
O segundo problema importante da política portuguesa é a mania exagerada da corrupção. Existem estudos académicos que mostram que o país assim não pode funcionar. Os melhores afastam-se da política, pois não aceitam que a sua vida privada seja devassada na praça pública; e os políticos não tomam decisões, pois têm medo da comunicação social que em tudo vislumbram corrupção.
Neste ambiente é impossível governar e pode vir aí um governo autoritário. A certeza é que iremos para pior.
As sondagens, nas suas ambiguidades e aparentes contradições, demonstram que apesar da lavagem encetada pela comunicação social os cidadãos entendem bem o que pode vir.
Será pior, muito pior.

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