A responsabilidade de todos
Voz à Saúde
2018-06-30 às 06h00
Com a chegada do verão e as férias tão desejadas as famílias procuram relaxar de um ano profissional e escolar árduo e cansativo. Durante esta época de calor há uma maior procura de atividades refrescantes que envolvem o contacto com a água. Uma grande parte das famílias vai para zonas balneares com acesso a praias e piscinas, passando muitas horas dentro de água.
Entre banhos no mar, mergulhos na piscina e duches mais frequentes, é necessário ter alguns cuidados com os ouvidos. Ao estar em contacto com a água durante um longo período de tempo, o ouvido fica exposto à humidade o que provoca um aumento da proliferação de fungos e bactérias.
Nesta época, nos serviços de urgência dos hospitais, notamos um acréscimo de otites sendo a maioria otites externas.
A otite externa é mais comum no verão e trata-se de um processo inflamatório/infecioso que afeta a pele do canal auditivo externo. Pode ser de origem bacteriana ou fúngica. Os agentes bacterianos mais comuns são Pseudomonas aeruginosa, Staphylococus Aureus, os fungos mais frequentemente encontrados são Aspergilos e Candida albicans.
Os fatores predisponentes para o aparecimento destas otites são o calor, a humidade, maceração da pele (por exposição demorada em contacto com a água), falta de cerúmen (conhecido popularmente como "cera"), ph alcalino, manipulação (comichão) excessiva do ouvido.
Os sintomas e sinais, da otite externa, podem variar dependendo da fase (inicial ou tardia) e da extensão da doença.
Devemos suspeitar desta situação clínica quando o doente apresenta dor no ouvido, sensação de ouvido cheio, ouvido tapado com perda de audição, saída de escorrência (liquido seroso/ transparente ou de cor amarela, que pode ter cheiro fétido ou não), comichão, sensibilidade ao toque.
Em situações mais avançadas podemos observar um inchaço na orelha e pele circundante que pode apresentar-se ruborizada e luzidia, quente e dolorosa ao toque. Por vezes temos gânglios linfáticos pré auriculares e retroauriculares aumentados de volume e dolorosos à palpação.
O tratamento implica a observação por um médico, de preferência um especialista em otorrinolaringologia.
Deve ser efetuada uma limpeza meticulosa do canal auditivo com aspiração, colocação de gotas antibióticas, que acidifiquem o canal auditivo. Nos casos mais avançados haverá necessidade de antibioterapia sistémica oral ou endovenosa, neste caso em ambiente hospitalar.
Se os doentes tiverem um historial de otites externas de repetição, aconselha-se evitar exposição prolongada água, sobretudo piscinas frequentadas por muita gente. Evitar a manipulação repetida do ouvido (coçar o ouvido com a unha, chaves do carro, agulha de croché, etc.) pois causam traumatismo da pele do canal com maior possibilidade de infeção.
Ter o cuidado de secar bem os ouvidos após o banho de imersão (piscina, praia banheira) ou no duche.
Se a pele da orelha e canal auditivo estiver muito seca deve aplicar se um creme hidratante que se use para a face.
Com algum cuidado e pequenas atitudes preventivas podemos ter um verão agradável e sem percalços evitando situações que podem ser desagradáveis e estragar as férias merecidas.
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