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Braga, quinta-feira

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OAU: resíduos ou matéria-prima?

Braga - Concelho mais Liberal de Portugal

Ideias

2014-11-12 às 06h00

Pedro Machado Pedro Machado

Aproveitando a altura do ano em que se realizará a Semana Europeia da Prevenção de Resíduos é minha pretensão enfatizar acerca da problemática de um resíduo que podemos evitar facilmente que o seja: os óleos alimentares usados! Ao serem separados para valorização, evita-se que se tornem resíduos mas sim numa nova matéria-prima.

Recentemente a Braval lançou uma campanha para intensificar a sensibilização para a separação de óleos alimentares usados, para posterior valorização através da produção de biodiesel. Trata-se do projeto Óleo +, em funcionamento desde 2008. A iniciativa consistiu no envio de informação sobre a recolha de óleos usados aos presidentes das juntas e uniões de freguesia dos seis municípios, pois os autarcas locais têm sido, a par dos professores e dos jornalistas, os nossos grandes aliados na defesa da reciclagem e no incentivo às populações, com a entrega, às populações, de oleões ou de mini-oleões, destinados à recolha de óleos alimentares usados.

A Braval e o município de Braga pretendem ainda alargar esta campanha, em colaboração com algumas instituições, para chegar a grandes produtores, como por exemplo, as IPSS.

Para a recolha dos óleos existem óleões de 5L, para consumidores particulares, e óleões de 30L para grandes produtores, tais como, restaurantes, cafés, cantinas. Mas poderão ser reutilizados outros recipientes tais como: garrafão de água, óleo, embalagens de detergente, entre outros, para além de se reutilizarem embalagens que de outra forma seriam resíduos, poupa-se ainda mais o Ambiente.

A recolha dos óleões é feita porta-a-porta pela Braval, de forma gratuita, mediante marcação por telefone ou, em algumas freguesias, entregar o recipiente e efectuar a troca nas instalações da própria junta de freguesia.

Aquando da separação, deverá ter em atenção alguns cuidados tais como, depositar os óleos usados no recipiente, com a ajuda do funil, de modo a evitar derrames e depois de arrefecidos. Poderá depositar óleos de conservas e óleos vegetais: azeite, soja, girassol, amendoim, milho, palma e algodão, se possível não deixar o óleo ficar muito escuro, nem adicionar qualquer outro produto. Deve também verificar-se se a tampa não se encontra partida e se fica bem fechada.
Quando estiver totalmente cheio, poderá telefonar para o número verde (grátis) da Braval: 800 220 639 e solicitar a recolha e troca do recipiente.

O óleo alimentar usado recolhido é levado para uma unidade de valorização e tratado de modo a poder ser utilizado como matéria-prima para o fabrico de biocombustível: o biodiesel que é usado nas viaturas da Braval.

E porquê separar os óleos usados?
Depois de algumas utilizações, o óleo alimentar de fritura já não serve e tem de ser deitado fora. Isto torna-o um problema. Se for derramado no lava-loiça, aumenta em milhares de euros o custo do tratamento das águas dos esgotos, para além de provocar danos na canalização. Se for recolhido separadamente, poderá ser valorizado e transformado em biodiesel, uma valorização que traz inúmeras vantagens não só ambientais mas também económicas, sociais e energéticas.

- O biodiesel é produzido a partir de matérias renováveis, recuperando resíduos. Quando utilizado, emite a mesma quantidade de dióxido de carbono que as plantas absorvem no seu crescimento.
- Minimiza os problemas provocados pela descarga de óleos nas ETAR’s, como o entupimento de condutas, principalmente nos grandes consumidores.
- Permite a redução da nossa dependência energética em combustíveis fósseis. É mais barato, logo há uma diminuição das despesas associadas ao consumo de combustível.
- Não é considerado um combustível perigoso, não é facilmente inflamável.
- Em termos sociais, permitiu a criação de postos de trabalho.

O projeto Óleo + foi implementado em 2008, com a entrega dos primeiros oleões à população e início da recolha e armazenamento dos óleos. Entretanto foi construída e inaugurada, em 2010, a unidade onde é realizada a transformação.

Desde o início deste projeto e até ao final de 2013, já tinham sido recolhidos 425.710 litros de óleos alimentares usados, o que corresponde a 391,6 toneladas, ou seja, evitou-se o despejo de quase meio milhão de litros de gordura nas águas residuais, já que este os óleos são dos piores efluentes para o eficiente tratamento das águas residuais nas ETAR’s.

O pico de recolha foi verificado no ano 2011, com quase 100 mil litros, tendo diminuído a partir de então, ficando, em 2013, nos 70 mil litros. Para esta diminuição são apontadas várias razões, entre elas a crise económica que o país atravessa que provocou a diminuição do consumo, o encerramento de muitos estabelecimentos comerciais da área da restauração, a reutilização dos óleos cada vez mais prolongada, mas também a diminuição da população residente na área de atuação da Braval, devido à emigração. Outra razão apontada é também a crescente preocupação com a saúde com a consequente diminuição do consumo de fritos.

No entanto, há ainda muito óleo para retirar da rede de saneamento, o contributo de todos é fundamental para a continuação do sucesso deste projecto. Colabore, valorize o óleo alimentar!
Ajude-nos, ajudando-se!

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