Correio do Minho

Braga, sexta-feira

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Obrigado Pai Natal

Entre a vergonha e o medo

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Ideias

2016-12-13 às 06h00

João Marques João Marques

A grande maioria dos bracarenses já não acredita na bonacheirona figura do Pai Natal, ou São Nicolau, dependo dos credos que a cada um cabem. Já não crê na mítica figura que premeia o bom comportamento anual de cada um de nós com uma prendinha no sapatinho. A vida não está fácil e o peso da realidade, traduzido em contas para pagar, filhos para cuidar e emprego (quando haja) para trabalhar, apagaram, há muito, do seu imaginário a magia que a noite de consoada supostamente nos faz reviver periodicamente e sem falha a cada 24 de dezembro.

Todos sabemos que as prendas não caem pelas chaminés, cada vez mais em desuso, e que as renas não puxam trenós pelo céu. Todavia, há qualquer coisa de inspirador, para lá do frenesim materialista da compra e troca de prendas, que ainda nos faz acreditar que persiste algo de especial nesta época. E, claro, como cidadãos, como pagadores de impostos, como eleitores, como parte integrante da comunidade que somos, julgamos, por direito próprio, que também nos é devida uma prendinha por aqueles que nos governam.

Para uns, essa oferenda corporiza-se na iluminação de Natal que embeleza as ruas e dá outro ar ao ar que diariamente respiramos. Para outros são os momentos de animação nas ruas e equipamentos culturais do concelho, cada vez em maior número. Pois, para mim, este ano estou-me marimbando para as luzes e nem quero saber da oferta cultural. Não que desgoste ou menorize a importância e beleza dessa iluminação, nem tampouco que desconsidere o relevo que a cultura pode e deve ter nestes momentos de confraternização comunitária. Apenas me desinteressam essas prendinhas, porque, neste final de ano, os bracarenses receberam duas prendas de muito maior destaque. Prendas que há muito mereciam, mas que só agora, e por ação do atual executivo, vão poder desembrulhar.

80 milhões de euros de poupança direta na dissolução da SGEB (Sociedade Gestora de Equipamentos de Braga) e um decréscimo de 2,5% nas tarifas dos serviços de água e dos serviços de tratamento de águas residuais, tudo no mesmo sapatinho. São duas prendas de enorme importância, que traduzem uma visão e um compromisso que alguns teimam em não querer reconhecer. Já lá vamos.

Quanto às prendas, começo por destacar a estimativa de 80 milhões de euros de poupança que se conseguirão na dissolução concretizada da SGEB. Para os mais distraídos, a SGEB foi (que bom que é conjugar este verbo no pretérito perfeito) uma parceria público-privada gizada, criada e levada a cabo pelo PS e pelo ainda não medalhado Mesquita Machado. No fundo, esta parceria visava pôr os bracarenses a pagar em décadas a construção de uma série de equipamentos desportivos, muitos deles de duvidosíssima utilidade (de que o maior exemplo é ou foi a piscina olímpica), por um preço muitíssimo superior àquele que resultaria da assunção daquelas obras e do seu financiamento por parte da autarquia.

Isto porque, à altura, era impossível que os depauperados cofres bracarenses pudessem assumir uma megalomania da dimensão preparada. Ora, porque as eleições não se ganhavam (mais um belo pretérito, agora imperfeito) senão com betão a luzir de novo, toca a investir o que se tinha e não tinha, cabendo o custo dessa ruinosa operação ao cliente do costume, a carteira do bracarense. Usasse ou não usasse, cabia-lhe pagar e não piar, a ele, aos seus filhos e, até, aos seus netos: 6 milhões de euros por ano, durante 25 ano, fora as obras de conservação, como é óbvio. Um pitéu…

Na AGERE, pela primeira vez na sua história, assistiremos a uma redução dos tarifários praticados. Já conhecíamos as discriminações positivas das IPSS, das Juntas de Freguesia e das famílias numerosas. É finalmente tempo de todos os bracarenses poderem usufruir de uma descida nos preços a pagar numa redução de 2,5% para os serviços de água e para os serviços de tratamento de águas residuais, para além de um desconto de 5% sobre a Recolha de Resíduos Sólidos Urbanos aos consumidores não-domésticos.

É um marco histórico na gestão da empresa e é fruto do empenho de todos os seus trabalhadores, da gestão e obviamente dos acionistas (município e entidades privadas), provando que a questão da reversão da parte do capital objeto de privatização, por muito pertinente que seja, não traduz nenhuma garantia de melhores ou piores preços para os bracarenses. A prioridade deve estar na boa gestão de qualquer empresa que tenha por objeto o fornecimento de serviços públicos, nomeadamente quando seja detida, como é o caso da AGERE, maioritariamente por capitais públicos. Só assim se garantem os meios para proporcionar um melhor serviço e um melhor preço, respeitando o serviço público e os contribuintes na mesma medida.

Finalmente, uma nota para fazer lembrar aos mais distraídos, os tais que elenquei inicialmente, que a visão e o compromisso com que a atual equipa que gere o concelho se apresentou a eleições está a ser cumprida integralmente. A visão era de um tempo novo, em que a transparência, a proximidade e o interesse público estivessem à frente de agendas partidárias. O compromisso era o de fazer mais e melhor por Braga e é isso que temos visto.

Mais cultura, mais desporto, mais qualidade de vida, mais solidez financeira, melhores serviços públicos E melhores contas públicas, logo, mais liberdade para planear e executar a estratégia de médio e longo prazo do concelho. Estratégia que é clara, atrair investimento e catapultar o município para o topo dos preferidos para viver e investir em Portugal e no noroeste peninsular. Menos, só nos impostos a pagar.
É destas prendas que Braga e os bracarenses precisam.

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