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Olha para o que eu faço e não ligues ao que outros dizem

Assim vai a política em Portugal

Olha para o que eu faço e não ligues ao que outros dizem

Ensino

2024-04-14 às 06h00

Sérgio Castro Rocha Sérgio Castro Rocha

“Olha para o que eu digo e não olhes para o que eu faço”. Este ditado popular bastante utilizado é um meio de justificar um conselho pessoal ainda que não haja justificativa para o mesmo.
Esta frase indica algo que deve ser feito, mas que não é feito pela pessoa que transmite a mensagem. Ou seja, alguém aconselha outro a fazer uma viagem, ainda que não goste de viajar. Assim, a mesma pessoa pode afirmar para a pessoa aconselhada: “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Mas há contextos em que a relevância deste ditado assume determinada importância e merece ser descortinada. Nem sempre é verdade, mas esta máxima quase sempre está interligada com a intervenção política, na medida em que um político diz uma coisa e faz outra. Acontece que as palavras chegam sempre mais longe do que esperamos e assumem compromissos que devem ser cumpridos. Muito importante, cumprir compromissos, manter a credibilidade, ser coerente… falar a verdade.

Posto isto, aquilo que se exige a qualquer político responsável é que mantenha a idoneidade e assuma a responsabilidade dos compromissos anunciados durante a campanha. A responsabilidade da governação do país cabe ao partido eleito, e Luis Montenegro, primeiro-ministro eleito, deve olhar para o que disse em campanha, quando incitou à mudança das políticas que estavam a ser implementadas pelo Partido Socialista, na medida em que discordava das ações de governação. Agora, enquanto chefe do governo eleito, tem toda a legitimidade para implementar o programa que apresentou, contudo torna-se incoerente quando espera que seja o PS a suportar as medidas que apresentou em campanha para destronar o próprio Governo PS.

Cada um de nós tem de assumir a responsabilidade pelo que diz, mas sobretudo demonstrar a sua capacidade de ação e de concretização, onde é imperativo estar perto das pessoas, ouvir os seus problemas e as suas necessidades, a fim de elaborar programas capazes de apresentar verdadeiras soluções e, ao mesmo tempo, dar um sinal claro e contundente de unidade em prol de um desígnio maior.
Deste modo, vou contrariar o ditado popular, finalizando da seguinte forma: Olha para o que faço, não ligues ao que os outros dizem… Até porque o que eu faço é o que tem que ser feito!

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