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Onde andam os Espaços Verdes Urbanos em Braga?

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Onde andam os Espaços Verdes Urbanos em Braga?

Ideias

2024-07-11 às 06h00

Artur Feio Artur Feio

Os espaços verdes urbanos correspondem à extensão de qualquer vegetação que pode ser encontrada no perímetro urbano, sendo a sua manutenção da responsabilidade do poder local, o qual deve providenciar para que os mesmos sejam totalmente acessíveis e promotores de socialização.
Fruto de uma maior consciencialização sobre a importância da natureza em contexto urbano, tem-se vindo a acentuar uma crescente preocupação com a possibilidade, diria direito, de acesso aos espaços verdes urbanos públicos. Tal está obviamente associado ao desenvolvimento das cidades, mas de igual modo à necessidade natural do ser humano em contactar e conviver com a natureza, aproveitando para exponenciar a socialização.
Os seus benefícios, quer do ponto de vista social, quer do ponto de vista ambiental, assentam sobretudo na melhoria da qualidade do ar e do meio ambiente, através da mitigação de temperaturas extremas, redução de ruídos e poluentes atmosféricos. Por outro lado, o aumento da atividade física e a promoção de espaços de socialização e de coesão social entre os seus utilizadores, contribui para o bem-estar físico e mental das populações.
Acabadas as festas sanjoaninas, os bracarenses são chamados a parar e pensar um pouco naquilo que se vive nas imediações de toda a zona envolvente do Parque da Ponte, coração das festividades de São João.
Falar desta zona central da cidade de Braga é falar desde logo do Bairro do Picoto, cujos habitantes vivem afundados na miséria. Diante desta situação, a Câmara Municipal de Braga apresenta-se como uma secção de anúncios de um jornal. Promete e repete o anúncio da sua recuperação, mas esta secção de anúncios em que o Município de Braga se transformou tem um aspeto extremamente negativo: trata-se de publicidade enganosa!
O Bairro do Picoto foi construído há mais de 25 anos, para realojar famílias que viviam em barracas. Ao abrigo do PER, o Programa Especial de Realojamento, foi criado um aglomerado habitacional cuja natureza, origens e cultura semelhantes, associada a uma débil situação económica, acaba inevitavelmente por segregar quem lá vive. E naquele local vivem mais de cem pessoas, em condições difíceis de imaginar.
Para este mandato, que se iniciou em 2021, a intenção era inequívoca: a Coligação prometeu aos bracarenses “…iniciar o processo de recuperação do Bairro do Picoto ajudando desta forma as famílias residentes...”.
Em novembro de 2021, o Município, com a ajuda de fundos europeus, adquiriu os terrenos com vista à requalificação do Bairro do Picoto. Até ao dia de hoje, quando falta pouco mais de um ano para o fim do mandato, mantém-se um manto de pesado silêncio sobre o projeto. Também nada se sabe sobre candidaturas a fundos comunitários, situação que não salvaguarda os planos sociais e habitacionais dos moradores deste bairro social, nem a requalificação do espaço público em toda aquela área. Falta coragem política e visão estratégica para a cidade!
A este poder local, parece conveniente evitar, ou esconder, cidadãos que vivem afastados dos postais turísticos ou dos créditos hipertecnológicos de start-ups ou end-downs variadas. Anunciar, como o faz Ricardo Rio, que o Bairro do Picoto mostra “…uma situação inaceitável do ponto de vista da dignidade destas famílias e das condições em que habitam…”, é muito pouco. Diria mesmo que se trata de hipocrisia. E também não será com críticas ao seu antecessor, de que “…não houve o mínimo de cuidado com a dignidade das condições de habitação dos moradores…” que resolverá o problema. A realidade, que naturalmente dói, sobretudo àqueles que sofrem, é que já passou mais de uma década e Ricardo Rio continua de braços cruzados.
Nada foi feito, nem sequer a valorização de um traçado pedonal, desde o final da principal avenida da cidade, a Avenida da Liberdade, até ao Estádio 1.º de Maio, nele incluindo o Parque da Ponte e o Monte do Picoto. É precisamente neste contexto que se torna pertinente questionar o investimento de milhões de euros na reabilitação da Avenida da Liberdade. Um investimento vultuoso (e que causou inúmeros prejuízos, desde logo ao comércio local e aos próprios festejos de S. João) mas que pecou por uma notória falta de visão, a visão de um projeto integrado de larga escala que englobasse todos os espaços da tão auspiciosa promessa eleitoral da Coligação, isto é, “…no esforço de valorização do Parque Central de Braga (Picoto, Camélias, Parque da Ponte, Envolvente do Estádio 1º de Maio)…”.
Que dizer de tudo isto? Seguramente que poderíamos gozar de melhor qualidade de vida, se tivéssemos uma maioria do Executivo Municipal com o arrojo de, nesta zona sul da cidade, com uma localização privilegiada, ter investido na criação de um parque verde de larga extensão, como constava das suas promessas eleitorais.
Ricardo Rio herdou do Partido Socialista, em 2013, os Parques da Ponte e do Picoto totalmente requalificados e valorizados, como zonas de lazer com frequência habitual dos bracarenses. Passados onze anos, vemo-nos inibidos de os frequentar por falta de segurança, iluminação ou manutenção, votados ao abandono e à criminalidade. Estes são apenas dois tristes exemplos do quanto a cidade regrediu, em espaços verdes urbanos de excelência, para não referir o eterno sebastianismo que envolve o Parque das Sete Fontes – mais um eloquente exemplo de publicidade enganosa.
E o que dizer sobre as anunciadas e prometidas criações e requalificações de parques verdes no Município de Braga, como o Parque Natural entre a EN254 e a EN201; o Parque Ecológico do Rio Este (Ferreiros e Lomar) e o Parque Verde público em Lamaçães?
Infelizmente, é conhecida a falta de interesse desta maioria do Executivo Municipal em proteger, valorizar e promover os espaços verdes urbanos da cidade. Se dúvidas houvesse, bastaria ver o que aconteceu na zona mais densa e poluída da urbe, onde se trocou espaço verde por construção. A retirada das árvores, numa zona verde, para a construção de um ginásio, na Rua Luís Soares Barbosa, em S. Víctor, é o exemplo acabado da política errática deste executivo nesta área tão sensível.

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