Nevoeiro soprado, verão sem mergulho adiado
Ideias
2025-06-15 às 06h00
No âmbito do projeto Desejar - Movimento de Artes e Lugares Comuns, da Braga Capital Portuguesa da Cultura 25, tenho participado no projeto Percursos Afetivos do Cadu Cinelli.
Estes percursos, que serão efetuados de bicicleta, pretendem contar histórias e afetos que vão acontecendo por Braga, mas para isso é preciso conhecer o território. O Cadu lançou-nos um repto de olhar para o território como se fosse o corpo humano e identificar os orgãos, numa lógica de cidade-corpo, deixando o repto para começar pelo Coração.
É um exercício complexo. Eu diria que depende da hora a que olhamos para o território e que, consoante a hora e do dia, o coração de Braga pode estar em muitos sítios.
Se for ao fim-de-semana talvez o que faz pulsar Braga seja o comércio, o Parque da Rodovia, o Bom Jesus. Se for à semana, o coração pode estar na entrada e saída das escolas, na juventude de Braga. Se for em dia de jogo do S.C.Braga, e uns momentos antes, talvez o coração seja o Estádio. O coração varia consoante a hora, o dia e até a meteorologia.
E os outros elementos do corpo? O que será o umbigo, a boca, os olhos, os ossos, o sangue?
Não tenho dúvidas que as nossas veias são as nossas vias públicas. As artérias principais serão a Rodovia, a Av. Padre Júlio Fragata e a Av. Frei Bartolomeu dos Mártires. Com a Rotunda das Piscinas a desempenhar um papel importante na corrente sanguínea.
Os pulmões serão as Sete Fontes, o Parque da Ponte e a Encosta entre o Bom Jesus e a Santa Marta das Cortiças.
Os olhos poderá ser o Bom Jesus, afinal é lá que se vê Braga por um canudo.
Os ouvidos serão os nossos sinos, a flauta na Rua do Souto, a Guitarra na Avenida da Liberdade, o violino no Largo do Paço ou os pássaros nas Sete Fontes.
O nariz são as nossas Pastelarias e Padarias, que perfumam as suas entradas com o cheiro a pão fresco e a bolo. São as vendedoras ambulantes, que nos enchem com o fumo da castanha assada ou da fartura quentinha no São João.
A pele, o toque, será o afeto dos Bracarenses, que estendem a mão sempre disponíveis para ajudar.
O paladar, a boca, é a nossa gastronomia típica, os recantos como a Rola, o Arafat ou o … onde se sabe que se vai comer sempre muito bem.
Os rins serão os nossos rios, que precisam urgentemente de ser tratados e despoluídos para sobreviverem.
Os intestinos serão, certamente, o sistema de esgotos.
O fígado, que tem capacidade de se regenerar, produz proteínas, armazena vitaminas e minerais, filtra toxinas, é talvez o mais difícil de associar, mas talvez se possa associar à água, aos lençois freáticos, às nascentes e fontes de água que o território possui.
O pâncreas, que produz enzimas e hormonas, que ajudam no processamento do sistema digestivo, pode ser o sistema de limpeza das vias públicas.
O apêndice, que tem uma reserva de defesas vital, são os quarteis das nossas forças de autoridade e socorro.
O cérebro é a Câmara Municipal de Braga, onde os técnicos e os políticos são responsáveis por todo o corpo.
Faltarão muitos orgãos, e muitas associações poderiam ser feitas. Certo é que se o território de Braga fosse um corpo humano, estaríamos a agir para garantir que as nossas artérias estariam nas melhores condições possíveis para que todo o sistema de sistemas funcionasse?
Neste momento temos vários problemas identificados no corpo, o diagnóstico está feito e a receita para tratar desses problemas está passada. Ainda assim, o cérebro insiste em não seguir a receita, e deixar andar, sendo certo que o deixar andar terá uma consequência fatal.
A mobilidade induz-se, e é preciso induzir bem.
11 Julho 2025
11 Julho 2025
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