Correio do Minho

Braga, terça-feira

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Os cavalos do Rui Pereira e outras histórias

A Economia não cresce com muros

Ideias

2011-01-07 às 06h00

Borges de Pinho Borges de Pinho

Tal como o famoso cavalo ( de pau, mas engenhoso expediente para vencer o cerco na guerra comandada pelo rei Micenas para reaver Helena, a formosa mulher de Menelau, rei de Esparta, raptada por Páris, rei de Tróia), de transcendente importância na célebre guerra de Tróia, mormente pela manha, esperteza traiçoeira e mentiroso engenho para ultrapasssar uma resistência de dez anos, de igual modo também são muitos os políticos que se servem de habilidosos “cavalos” na arte de cavalgar a toda a brida o povo português e vencer resistências, não havendo obstáculo que os trave.

Aliás, se atentarmos na “comunidade” político-governamental vislumbramos algumas figuras que seguem os melhores manuais de “equitação” e se vêm revelando uns verdadeiros artistas em esperteza, engenho e mentira, e na arte de bem “cavalgar” o país e seu povo. E fazem-no com tal desfaçatez e à vontade que agora se está já “a padecer de um “stress pós-socrático, uma estranha maleita que impede o cidadão comum de distinguir a fantasia da realidade” (JPCoutinho, cit. in Lux, n.º 556).

Uma fantasia bolçada com tal arte e esmero por certos políticos que quase se transmuda em realidade, tamanha é a insistência em se transmitir uma imagem de todo desfocada e falsa do país e da vida, ainda que tão engenhosa como o famoso “cavalo de Tróia” no seu trejeito de engano para levar um povo a esquecer as mil e uma dificuldades e os mil e um problemas com que se vê confrontado.

Aliás continua-se a falar, pensar e viver em total e manifesto divórcio com o país real, enchendo-se a boca com propaganda e jogos mediáticos, blasonando-se com as novas tecnologias, as energias renováveis e uma retoma económica embrulhada num “vómito” de engano, enquanto a questão do FMI e a gravosa falta de credibilidade externa continuam na ordem do dia e a ser badaladas, até porque é de todo incontornável que o tempo não está para despesas supérfluas, loucuras de utopia, fantasias e líricos idealismos bolçados por “comissários” do poder ou aspirantes a tal.

A história dos “cavalos” do Rui Pereira, não sendo de pau como o de Tróia, é de todo controversa, mirabolante e inaudita num contexto de crise. Tendo ido ao parlamento “explicar”o caso dos blindados para a PSP, tidos por indispensáveis para a cimeira da Nato e que aliás não vieram a tempo (dois vieram depois e os outros quatro em falta agora já são dispensados), ficou-se a saber que a PSP não quis o empréstimo dos da GNR por uma questão de potência ( estes eram de 130 cv e queriam com 390 cv e caixa automática), dizendo-se que o ajuste directo e sua aquisição sem concurso teve a ver “com a segurança que tem de rodear o veículo” (!?), cujas características, imagine-se, constam do próprio site do fabricante ( vide JN,15.12.10).

Tudo lérias e conversa de treta numa terra de loucos em que uma caixa automática e menos 260 cv “justificam” uma recusa e perrice, brincando-se e cultivando-se utopias e vaidades com dinheiros públicos. Gasta-se à toa e à tripa forra em compras inúteis ou dispensáveis, tal como os submarinos, mas com efeitos gravosos e perversos a nível de défice orçamental e de despesa do Estado. Aquisições defendidas por loucos pretensiosos, prenhes de pavoneio e vaidade e com ilusórias pretensões quando, pelo andar da carruagem, qualquer dia nem mar se tem onde os meter. Sendo já público e incontornável que “o Estado não tem capacidade financeira para cobrir ”os passivos acumulados das empresas militares MM e OGFE, e assim promover a sua extinção reduzindo o défice” (JN, 27.12.10), e é tão gritante a falta de dinheiro, há que acabar com todas as despesas inúteis, de fachada e de mero pavoneio.

Aliás, a “ADSE sem dinheiro para pagar a dentistas”, título do JN de 24.12.10, e o MJustiça a utilizar entre 2008 e 2009 verbas afectas a processos judiciais (cerca de 326 milhões de euros) como receitas extraordinárias para suprir défices da tutela, são sinais indiscutíveis da grave situação a que se chegou, e não nos sossega de modo nenhum dizer-se que as “verbas desviadas estão a ser repostas” (JN, 26.12.10).

Até porque já houve corte de telefones em alguns tribunais (v.g. Chaves, Loures, Torres Vedras, Maia ) por falta de pagamento das respectivas facturas ( JN, 18.12.10), com efeitos perversos no funcionamento e andamento da justiça. Uma justiça que está mesmo mal, sobretudo quando o Ministério não paga e ainda usa dinheiros de depósitos autónomos dos tribunais, sendo que já nem sequer a gritaria desbocada e desbragada dum Marinho Pinto ou a inépcia dum Pinto Monteiro a molestam.

É de facto muito grave todo um cerceio na aquisição dos meios mais elementares e necessários ao seu funcionamento, como referiu a famosa Morgado (pertinente e assertiva quando não se deixa “embalar” por ideias perversas de um vaidoso convencimento, pedantismo politiqueiro ou vanguardismo esquerdista), mas os cortes dos telefones e fax por falta de pagamento é o cúmulo, já que obrigou serventuários da justiça a usar os seus telemóveis para contactos com o exterior em causas urgentes de forma a não emperrar o serviço.

Um serviço, diga-se, que por vezes já emperra com os atrasos e “travagens” devidos a frequentes anomalias e paralisias nos sistemas informáticos ( afinal os badalados avanços e progressos tecnológicos também complicam, retardam e às vezes não facilitam!...), levando a adiamentos de julgamentos, com os magistrados a recorrer “aos velhos gravadores a cassetes que restaram depois da informatização”(id.).

Aliás nas Caldas da Rainha, note-se, até um juiz adiou o acórdão por ter o computador avariado, o que é deveras insólito. Se ele estivesse a usar um “Magalhães”, dos propagandeados e vendidos por Sócrates, de certo que o acórdão teria saído a tempo e horas dadas as “qualidades” (!?) do material.

A verdade é que com os “Magalhães” distribuídos a miudagem “enriqueceu-se” e viu aumentar e crescer a sua “cultura” e conhecimentos informáticos (ainda que não sabendo português nem fazer contas...), tal como de todo se safou, lucrando, a firma produtora com a propaganda e o “negócio” de fornecimento ao Estado.

No entanto é um facto incontornável, e de todo também incontrolável, o notório “crescimento” e “enriquecimento” desses menores e jovens com tais facilidades no mundo da informática e acesso à NET, pois aumentaram os casos de “encontros”, “fugas” e “crimes” de que muitos têm sido vítimas, sendo já muito usuais os conhecimentos, contactos e conversas que tão “democratizadas” informatização e acesso à NET têm proporcionado. E até desaparecimentos!... Mas tudo isto não pode ser imputado apenas a um qualquer facilitismo e falta de controlo dos pais e família, até porque esta há muito que foi “devorada” e “destruída” pelas ideologia e medidas socialistas.

Aliás, com o entusiasmo dos avanços tecnológicos e apelos à modernice e à simplicidade são muitos os lorpas que, bolçando progresso e agilidade de inteligência, têm visto as suas contas bancárias desaparecidas e as vidas embrulhadas em engenhosas e criminosas burlas, enquanto o país assiste ao proliferar da pornografia infantil, com a posse e partilha de fotografia e de filmes pornograficos de menores (JN, 18.12.10).

Mas os “Magalhães”, os blindados para a PSP, o uso de dinheiros dos depósitos autónomos dos tribunais para suprir défices da tutela, etc., etc., diga-se, foram tão só alguns dos “cavalos de Tróia” de Sócrates e seus comparsas.

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