Sempre pensei que fosse costume e tradição no nosso país, o horário de transmissão das telenovelas estar programado após o telejornal. Então não é que para meu espanto, a Comunicação Social agora juntou-se em uníssono para transmitir a novela do Governo todos os dias ás 8 horas da noite e que durante uma hora e meia fala de casos e casinhos, de mentiras e meias-verdades, do que foi e o que não foi, de quem estava e quem faltava; num enredo que deixa muitas empresas produtoras de cinema agarradas aos seus prémios Óscar receosas das técnicas 'revista cor-de-rosa' dos telejornais portugueses.
Uma série de verdadeiro entretenimento televisivo baseadas na pura especulação e no mediatismo, que explora os factos à exaustão sem nunca tentar descobrir a sua origem nem nunca questionar aquilo que verdadeiramente se passa no país e os problemas que afectam o nosso povo.
Tentam esconder os problemas e os escândalos da privatização da TAP debaixo do tapete. Substitui-se o antigo ministro para se abrir portas à privatização da TAP, dá-se o escândalo e o foco das televisões passa a ser os protagonistas e não as opções políticas e o interesse nacional quanto à manutenção da TAP na esfera pública. Enquanto isso a privatização continua, são descarregados fundos públicos para uma recapitalização de um empresa pública cujo único propósito, na visão destes senhores, é de conseguir vender o burro em leilão ao preço mais baixo possível.
Mas enquanto nos tentam enganar e nos entretêm com a velha táctica romana do apaziguamento circense, o povo português sabe bem de que nada serve mudar de ministro se a política continua a mesma.
Agravam-se a falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde, cresce a falta de profissionais hospitalares, a sobrecarga sobre as unidades existentes, o aumento dos tempos nas listas de espera. Face a estes problemas foi convocada uma Marcha Nacional pelo direito à saúde que no passado dia 20 de Maio acolheu milhares de participantes em Coimbra, Porto e Lisboa.
Perante a falta de respostas do governo, intensifica-se também a luta dos professores que planeiam greves a nível distrital e uma caravana nacional pela N2 exigindo respostas face aos 6 anos, 6 meses e 23 dias de tempo de serviço e foi congelado para a progressão das suas carreiras.
O movimento "Os Mesmos de Sempre a Pagar" voltará a sair à rua um pouco por todo o país no próximo dia 3 de Junho contra o aumento do custo de vida, pelo direito à habitação num período em que um número significativo de portugueses, maioritariamente jovens, é obrigado a entregar a casa ao banco. Aqui em Braga, no último dia 3 de Maio organizou-se um buzinão por parte da população aquando da reunião do Conselho de Ministros na cidade.
A estória mantém-se sempre a mesma: baixam-se os impostos nos combustíveis, paga-se o mesmo e lucram as petrolíferas; impõe-se o IVA Zero, a diferença é zero e continua-se a pagar o mesmo.
Enquanto o governo continuar a manter as políticas que têm contribuído para o agravamento do vida de todos e recusar as soluções concretas para os problemas concretos: descida do IVA da energia para 23%, regulação das moratórias e descida dos juros nos créditos à habitação, apoios efectivos aos MPME, fim do subfinanciamento do SNS e da sua privatização, etc; nunca vai conseguir, por mais que tente, manter o povo e os trabalhadores enganados com lengalengas e vai sempre contar com a resistência organiza- da que a estreita ligação do PCP aos problemas nacionais que o país enfrenta.