Correio do Minho

Braga,

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Os meus sonhos...

Uma primeira vez... no andebol feminino

Conta o Leitor

2020-07-20 às 06h00

Escritor Escritor

Texto Suelita Nogueira Almeida

Você é capaz de se lembrar, com riqueza de detalhes, de seus sonhos? Por que algumas pessoas sonham e outras dizem que nunca sonharam? Eu sonho, quase todas as noites. Na maioria das vezes me lembro, de quase tudo no cenário, em especial das pessoas, de como elas eram, dos cabelos, se eram lisos, encaracolados, curtos, compridos, de que cor. Se eram altas ou baixas, magras, gordas, se tinham alguma deficiência física. Se estavam felizes, tristes, se estavam chorando ou dando gargalhadas. Se estavam falantes ou silenciosas. Se observavam algo específico ou olhavam para o chão, se tinham os olhos perdidos no horizonte ou se simplesmente olhavam para mim.
Quando falo em detalhes, me refiro a tudo, não só das pessoas, de suas características físicas e psicológicas. Se eram meus parentes, amigos, conhecidas, e muitas vezes aparecem pessoas que eu nunca vi. Fico me perguntando, porque estranhos me vêm em sonho, seguram meu braço, falam comigo, se não os conheço. Estão ali, de pé, as vezes sentados à beira da minha cama. Sinto algo gelado, segurando meu braço, olho e vejo uma mão delicada, macia e muito branca, de uma jovem desconhecida, que parece carecer de alguma resposta. Ela está em silencio, olho em seus olhos e acordo assustada. Estou em minha casa, no conforto do meu quarto e fico pensando, eu estava mesmo sonhando ou ela estava realmente aqui?

O ambiente é realmente importante, se estou em minha casa, eu não deveria sentir medo ou angústia. Então passei a observar que não importa o lugar, mas sim as pessoas e que se fico triste, apavorada ou feliz, isso vai depender de quem está ao meu lado. Em sonho consigo observar as minucias do ambiente, por exemplo, se é uma casa rústica, moderna, se estava em reforma. Se era a dos meus pais, ou a minha. O cômodo que se apresenta em sonho, era o meu preferido na infância, era um local especial, onde eu e minha família nos reuníamos, nas festas de aniversário de algum familiar, para o casamento de algum irmão ou nascimento de sobrinhos, ou as nossas reuniões de final de ano (meu momento preferido). A disposição dos móveis presentes no cenário, se são novos, modernos ou velhos. Quanto as paredes, gosto quando se apresentam enormes, tanto na largura quanto na altura, fora do padrão. Se há algum quadro ou retrato pendurado nelas. Se estão em reboco ou tijolos aparentes. O telhado da casa, quando aparece, quase sempre está inacabado. E quando a casa está completa, não consigo ver o telhado.

Se estou numa praia, consigo sentir a textura da areia, se é clara ou escura, se olho para o mar, geralmente, uma onda me cobre a cabeça e me tira o folego. Se estou em uma fazenda, a porta do curral está aberta e há animais saindo, embora, o meu maior medo é de que insetos ou animais peçonhentos entrem. Mas é muito interessante, quando estou numa cidade desconhecida, caminho por ruas largas, arborizadas, movimentadas e cheias de pessoas estranhas. Muitas vezes o local é silencioso, arborizado, vazio e com uma luz solar quente e brilhante. Quando caminho por lugares assim, lindos, limpos, claros, geralmente, a minha mãe aparece ao meu lado e caminha comigo e nesse instante consigo sentir um frescor suave da brisa batendo no meu rosto, olho para cima e vejo árvores enormes, com suas folhas incrivelmente verdes, balançando levemente. Nesse momento o dia ganha mais luz, a rua fica mais limpa e meus passos ficam bem mais leves, como se eu pisasse em algodão. É muito bom e não quero acordar.

As personagens que se apresentam em sonho, sejam elas humanas ou não, também me provocam uma certa curiosidade. Por exemplo, se são parentes, amigos ou colegas de trabalho, nos olhamos, posso até ver a cor de seus olhos, nos comunicamos, falam muito rápido, posso até me lembrar de uma frase ou outra, quando acordar, mas quase sempre eu me esqueço o que disseram. Porém, se a pessoa que estiver falando comigo em sonho for alguém que já faleceu há muito tempo, ou que acabou de morrer e eu nem fiquei sabendo, essa sim, me diz muito. Enquanto nos comunicamos sinto uma presença gestual e corporal muito forte, há uma profundidade no olhar, uma clareza absoluta nas palavras, pois consegue me dizer tudo, sem sequer abrir a boca. Há tanta magnitude e delicadeza neste momento, que é impossível entendê-lo, sem vivenciá-lo.

Há um tipo de sonho que particularmente, gostaria de ter todas as noites. É aquele em que visito entes muito queridos, que já partiram dessa vida, ou sou visitada por eles, não sei dizer. O importante é poder vê-los, conversar com eles, sorrir juntos, abraçá-los. Fecho meus olhos e vejo um irmão muito amado, que era meu apoio nas horas difíceis e já não está nesta vida, ele caminha em minha direção, me estende a mão e me chama para dançar, em um espaço pequeno, que de repente se transforma em um salão enorme e na magia deste momento, sem ouvir um som sequer, começamos a bailar, rodopiar e a sorrir, numa felicidade indescritível, sem sequer me dar conta de que este momento, só seria possível em meus sonhos.

Segundo a psicanálise, os nossos sonhos, são a realização de nossos desejos reprimidos. Não vou discutir sobre isso. Porém, para mim, é algo mágico. É simplesmente, deitar, fechar os olhos e fazer absolutamente tudo, sem culpa, sem remorso. Em sonho, posso morrer ou matar, ferir, ser ferido, trair, ser traído, rir, chorar, perder os dentes ou uma parte do corpo. Andar nu pelas ruas, sair voando. Perder um ente querido ou um grande amor. Cair de um precipício. Acordar e ver que nada aconteceu de fato e que está tudo bem. Sonhar é pura magia.

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