Um batizado especial
Ideias
2012-12-09 às 06h00
O sucesso da Casa dos Segredos. Não é com satisfação que se olha a tabela dos programas mais vistos na TV portuguesa e se encontra frequentemente na liderança a “Casa dos Segredos”. O formato representa tudo aquilo que é desprezível: uma devassa pornográfica da vida privada; indecorosas interacções entre os concorrentes; uma linguagem obscena que coloca em cena tudo o que a televisão não deveria mostrar e o telespectador teria a obrigação de não gostar de ver. Mas parece que assim não é: as audiências apreciam telelixo.
A popularidade do Preço Certo. Não é o programa que julgamos ser exemplar de uma grelha de serviço público. É demasiado popular, dirão as elites, mas é inegável a aceitação que 'O Preço Certo' tem junto do público, o que o coloca muitas vezes entre vos mais vistos na RTP1. Grande parte deste sucesso, e consequentemente da sua longevidade, está no apresentador. Não encarnando o protótipo das características físicas exigidas a quem conduz um formato de entretenimento e não se dobrando a um preestabelecido 'dress code' televisivo, Fernando Mendes aposta numa espontaneidade que acreditamos ser genuína. É claro que poderíamos aqui sublinhar o papel deste formato na familiarização do euro, principalmente entre os telespectadores mais velhos que habitam longe dos centros urbanos, mas aí já começaríamos a ter argumentos para defender que 'O Preço Certo' presta serviço público, o que abriria um aceso debate...
Líderes improváveis. Não é inédito, mas é invulgar um espaço de “Direito de Antena” liderar as audiências de um canal. Isso já aconteceu na RTP1, na semana de 29 de Outubro a 4 de Novembro, mas as audiências são assim: umas vezes imprevisíveis, outras surpreendentes. Um elemento parece manter-se estável, quando se fala de audiências da RTP1: a preferência dos telespectadores por conteúdos informativos. Porque são aqueles que os responsáveis pelo operador público mais valorizam, poder-se-á argumentar. As audiências legitimam essa aposta em permanência.
Retratos de um país. ‘Momentos de mudança’, a série documental que estreou a 6 de Outubro, na SIC, é exemplar: na ideia original, nas ‘estórias’ escolhidas, na linguagem adoptada. Não será fácil retratar as maiores transformações vividas em Portugal entre 1992 e 2012, mas, no final de cada episódio, o telespectador ficou a saber muito mais do país que fomos e naquilo em que nos transformamos. Trata-se de momentos únicos de televisão, daqueles que apetece ficar a ver mais. Está lá tudo: na imagem que nos atira para ambientes pouco sofisticados, mas que constituem o fundo de milhares de portugueses; na palavra de um entrevistado que tece toda uma narrativa que prescinde do discurso do jornalista para se encher de significado; nos silêncios que se abrem para nos deixar olhar uma realidade que sempre esteve ali, sem sermos capazes de a ver. O sucesso deste formato significa que os telespectadores apreciam uma TV de qualidade.
Gabriela, de novo. A telenovela de Jorge Amado é mais do que o ‘remake’ do grande sucesso dos anos 70. Está a ser a oportunidade para a SIC triunfar no horário nobre das estações generalistas e provar que a produção nacional da TVI não é uma fortaleza inexpugnável. A fórmula parece ser de extrema eficácia: primeiro surge “Dancin’Days”, uma novela que, em finais dos anos 70, alcançou grande popularidade no Brasil e, depois, em Portugal. Esta nova versão apostou em actores conhecidos, mas sem acusarem o desgaste daqueles que se perpetuam em sucessivos enredos; não esquecendo que o que se vende é o que se promove. E a SIC soube promover esta novela. Como soube também fazê-lo com “Gabriela”. Neste caso, também contam as memórias daqueles que guardam grandes saudades de Sónia Braga e que vêem em Juliana Paes uma actriz à altura de Sónia Braga.
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