Correio do Minho

Braga, quinta-feira

- +

Pertença da Responsabilidade

Entre a vergonha e o medo

Escreve quem sabe

2014-02-26 às 06h00

Analisa Candeias Analisa Candeias

Existe movimento no nosso dia-a-dia e existem processos que requerem a nossa contínua energia. Estas exigências fazem parte daquilo que concebemos para a nossa qualidade de vida e bem-estar e são ambos requisitos fundamentais para que igualmente seja possível sermos aceites e considerados como iguais em sociedade. Tomamos decisões, vivemos com as mesmas (nós e os Outros que nos rodeiam) e tentamos, em cada momento, que estas estejam à altura do que é considerado como o bem comum - ou deveria ser.

Igualmente todos nós, comuns civis e pessoas ordinárias, possuímos responsabilidades pessoais e públicas, tanto em relação às ligações que estabelecemos connosco próprios como em relação às ligações que nos é possível estabelecer com os restantes. Cuidar da nossa saúde e da saúde daqueles que nos rodeiam é uma dessas responsabilidades, tanto pela razão de a saúde se estabelecer como um dos nossos bens essenciais e mais preciosos, como pela razão de que devemos promover, sempre, as boas práticas comuns, comunitárias e populacionais. Zelar pelos nossos ativos (e a saúde é, sem dúvida, um ativo) será continuamente uma boa aposta, visto que é no futuro que igualmente nos encontramos a arriscar.

E é esse risco que corremos, contínuo e tão frágil, que nos deve despertar diariamente para a responsabilidade para com aquilo que é unicamente nosso, aquilo que eventualmente nos foi confiado e que nos proporciona o movimento do dia-a-dia - a nossa vida, física, psíquica, e quiçá espiritual. E é por ela que devemos, como cidadãos com obrigações civis e morais, incorporarmo-nos de todos os cuidados e garantias para que a mesma não seja danificada ou destruída, e em que o nosso comportamento é o nosso vetor de ação para que esta realidade aconteça.

Durante os últimos dias tenho-me encontrado em meio hospitalar, em atividades profissionais com os estudantes, e deparo-me com diversas realidades, visto que estas atividades pressupõem o contato direto com a população, com a sua educação para a saúde e cuidados de Enfermagem gerais.

Estas realidades iniciam algum tipo de receio em mim, pois muitas vezes seriam evitadas se, as pessoas que neste momento apresentam algum tipo de problema relacionado com uma doença ou problema de saúde, sentissem mais a responsabilidade das suas ações e se, eventualmente, tomassem conta (sim, porque devemos tomar conta de nós próprios) do seu próprio corpo e agissem como se o risco anteriormente referido fosse delas próprias - que, na realidade, é. Infelizmente, o que temos vindo a assistir enquanto profissionais de saúde, é o desleixo deste ‘tomar conta’, como se fosse o mais natural possível ser ou estar doente. Não é. Definitivamente não o é.

Existem muitas dificuldades patológicas a serem evitadas, tanto através da manutenção de um estilo de vida saudável como através da nossa (própria) prevenção de problemas. Será da responsabilidade civil - como por exemplo o dever cívico de votar - o dever de ‘tomar conta’ de algo que é realmente nosso, que nos possibilita o movimento e as energias do dia-a-dia, a tomada de decisão e o bem-estar. E neste momento questiono, como mera cidadã: será que todos estamos conscientes desta responsabilidade? Será, por acaso, que a realmente desejamos?

Qual o papel da Enfermagem nesta responsabilidade civil? Despertar. Ajudar a acordar. Intervir para prevenir e prevenir para não intervir. Acima de tudo a Enfermagem é uma profissão estabelecida e originada no Outro, preocupada e direcionada para a sua qualidade de vida e para a (re)construção dos seus potenciais de comportamento e de ação. A Enfermagem, profissão recente, mas de futuro e com futuro, apresenta todas as competências para a ajuda no estabelecimento deste tipo de respostas por parte do Outro e será, sem dúvida, através das suas atitudes e determinações científicas que a população poderá e conseguirá atingir o feito consciente a que a sociedade determina.

É necessário então movimento. Movimento de responsabilidade civil para com a nossa saúde e a energia essencial à manutenção da mesma. É necessária então força de vontade, perseverança e a intervenção de uma Enfermagem sólida e dirigida às reais carências do Outro. E, acima de tudo, é necessário que exista um despertar para aquilo que é realmente importante a este nível, que são os comportamento extraordinários de conservação que o ser humano pode, e deve, apresentar.

Deixa o teu comentário

Últimas Escreve quem sabe

Usamos cookies para melhorar a experiência de navegação no nosso website. Ao continuar está a aceitar a política de cookies.

Registe-se ou faça login Seta perfil

Com a sessão iniciada poderá fazer download do jornal e poderá escolher a frequência com que recebe a nossa newsletter.




A 1ª página é sua personalize-a Seta menu

Escolha as categorias que farão parte da sua página inicial.

Continuará a ver as manchetes com maior destaque.

Bem-vindo ao Correio do Minho
Permita anúncios no nosso website

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios.
Utilizamos a publicidade para ajudar a financiar o nosso website.

Permitir anúncios na Antena Minho