Entre a vergonha e o medo
Ideias
2024-11-26 às 06h00
Regresso hoje ao tema do PDM com um misto de sentimentos, entre o orgulho e o alívio.
Orgulho, desde logo, porque, sabendo que não se trata de um processo finalizado, uma vez que entra agora na fase de discussão pública, é porventura uma das marcas mais fundamentais da gestão do atual executivo e que estrutura uma visão de cidade de olhos postos no futuro.
Alívio porque num processo muito longo, em que são ouvidas dezenas de entidades externas, que demoram a dar resposta e cujo parecer tem, as mais das vezes, natureza vinculativa, quem sofre é o poder político local que aguarda pacientemente pelo escrutínio legalmente imposto.
O PDM proposto não é um documento utópico, mas também longe está de ser atópico, ou seja, deslocado no tempo e no modo como se propõe regrar o espaço público.
O novo Plano Diretor Municipal bem podia ser considerado como o verdadeiro Plano de Desenvolvimento Municipal, pelos aspetos críticos que elenca e detalha no ordenamento do território e nas balizas que fixa para permitir a Braga combater emergências sociais ligadas à falta de habitação, emergências económicas geradas pela inexistência de locais de expansão das áreas industriais e emergências ambientais que se cruzam com a mobilidade e os principais eixos viários da cidade.
É-nos por ele oferecida uma renovação dos pressupostos políticos sobre que assenta a conceção de cidade e concelho da Coligação Juntos por Braga. E através dele gera-se a síntese programática que permite combinar o desejo de mudança - que nunca quis e não quer o regresso da política do betão – com a superação de alguns medos pueris que ligavam automaticamente a mera hipótese de maior capacidade de edificação ao regresso do mesquitismo.
O que este PDM tenta (e a meu ver consegue) é mostrar aos bracarenses como pode ser a Braga do futuro, em que convivem as legítimas expectativas de quem se quer fixar na sua terra com as de quem não está disponível para claudicar na luta pela emancipação ambiental local.
E quando falo em fixar-se na sua terra não me refiro apenas a manterem-se nos limites do concelho, mas sim nas fronteiras das suas comunidades de origem. Por isso destaco o facto de em todas as freguesias se aumentar a capacidade edificatória. Como agrego, ainda, a este dado um outro, pleno de significado político: o município propõe a majoração da capacidade construtiva sempre que se destine uma porção significativa do edificado projetado para habitação a custos controlados.
Disto se trata quando se trata de construir e cuidar das comunidades. Sem renegar nenhuma dimensão de cosmopolitismo e abertura ao mundo, é importante reconhecer que a autenticidade é um bem precioso.
Quem nos visita não quer apenas ver a Sé envidraçada, ou o Bom Jesus enredomado. Quer, antes de tudo, saber o que nos distingue como comunidade e o que nos torna mais do que um postal bem polido a ostentar numa qualquer rede social.
Para isso não basta abrimo-nos ao mundo, sendo imperioso não nos esquecermos de não nos fecharmos aos nossos. E os nossos não são a perpetuação do passado, mas aqueles que são capazes de construir sobre essa base, tenham ou não nascido por cá.
Não basta, porém, crescer em número, é imperioso crescer em qualidade. A este propósito é digna de realce a singela mas não irrelevante medida de não contabilização das varandas sempre que a sua área não exceda 10% da área total de construção.
Centrando-me num dos outros pontos estratégicos do novo PDM, há que assinalar a aposta no ambiente e desenvolvimento harmonioso de Braga, sendo disso o exemplo mais emblemático o da implementação de um novo parque verde com cerca de 50 hectares.
À medida que o concelho cresce em população, em infraestruturas e em agitação, é bom saber que também se expandirá em área verde, num dos mais proe- minentes locais de expansão urbana da cidade, no eixo de Palmeira e Real. Isto sem esquecer que na Quinta da Arcela deverá igualmente nascer um novo parque de usufruto público.
Na resposta a um dos maiores desafios que o concelho enfrenta, o da mobilidade ordenada e ordenável, o PDM assume igualmente as prioridades corretas, estabelecendo novos corredores viários, preparando a construção do muito adiado TGV, mas preparando o devir, com a proposta de um espaço canal para a futura variante rodoviária externa.
Seguramente voltaremos a este tema, mas no plano político, pode já afirmar-se ser este um trunfo político de grande alcance que permitirá ao vereador João Rodrigues não só apresentar trabalho, como demonstrar que não se coloca na pele de herdeiro, mas antes de construtor de um caminho iniciado por Ricardo Rio. Sim, este é o PDM de Ricardo Rio, que disso não restem dúvidas, mas é, sem disso haver prejuízo, o PDM que João Rodrigues desenhou e apresentou para que Braga se preparasse para as próximas décadas. Na esteira de uma ideia refundadora e em coerência com o propósito de perpétuo movimento da Coligação Juntos por Braga.
13 Junho 2025
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