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Ideias

2015-03-02 às 06h00

Felisbela Lopes Felisbela Lopes

Falta pouco mais de meio ano para as eleições legislativas e ainda não sabemos se haverá coligação pré-eleitoral entre PSD e CDS e quais as propostas de ruptura que o maior partido da oposição tem para ser o contraponto a este Governo de direita. As eleições presidenciais também estão num impasse: à direita e à esquerda os nomes vão desfilando, sem que se perceba qual o perfil que os partidos preconizam. Que isto anda mal, anda.

O PSD e o CDS estão envolvidos num road-show pelo chamado país real naquilo a que chamam “Jornadas do Investimento”, excelentes pseudoacontecimentos que abrem cenários ideais para os ministros falarem, sem contraditório, do Portugal positivo que vai sendo, assim, exibido gratuitamente nos meios de comunicação social. Estas são iniciativas comuns em tempo de pré-campanha eleitoral que abriu oficialmente a temporada no passado fim-de-semana com uma grande entrevista de Pedro Passos Coelho ao “Expresso”. Como manchete, o semanário anunciava que o atual primeiro-ministro e presidente do PSD irá bater-se por uma maioria absoluta.

As últimas sondagens dão-lhe algum terreno para se aventurar em tal ousadia. Apesar de a coligação ter vindo a evidenciar um progressivo desgaste, fruto de severas políticas de austeridade, certo é que a atual deriva do PS tem dado grande espaço para a direita crescer. No entanto, a folga nos votos apenas é conseguida se houver a tal coligação que parece custar a anunciar. Porque, como todos sabemos, ambos os partidos pensam de forma diferente em vários assuntos e, adicionalmente, há ainda o sensível dossier dos candidatos para decidir.

No pacote negocial que Pedro Passos Coelho terá de gerir com Paulo Portas, há ainda outra variável sensível: o candidato às eleições presidenciais. Como todos sabemos, há alguns candidatos disponíveis à direita, mas isso também pode ser problemático. O primeiro-ministro não gosta de Marcelo Rebelo de Sousa, nem tão pouco aprecia Pedro Santana Lopes. Prefere Rui Rio. Os três gostariam de disputar a corrida, o que provoca um enorme problema aos sociais democratas que, no entanto, respiraram de alívio, quando ouviram Santana Lopes reconhecer que a decisão deveria ser arrastada para outubro. Menos um incómodo para o PSD na campanha eleitoral para as legislativas.

No entanto, os problemas com a Presidência da República não estão neutralizados, porque se pressente que centristas poderão apoiar um candidato diferente daquele que será apresentado pelo parceiro de uma eventual coligação governamental. Ora, se esse apoio incidir num militante social democrata, fácil será antever as dificuldades que surgirão durante uma campanha eleitoral presidencial e, pior ainda, se esse candidato conquistar Belém e a coligação continuar em S. Bento.

Do lado do PS, António Costa tropeçou numa chinesice que inesperadamente teve um enorme impacto político. Alfredo Barroso, um histórico fundador do partido, bateu com a porta; os militantes próximos de Costa reconheceram que se tratou de um mau momento do atual secretário geral dos socialistas ao reconhecer diante de uma plateia de chineses que o país está muito diferente daquilo que era há quatro anos, deixando subentender que teria havido um progresso; os seguristas deveriam ter sentido que foram vingados precocemente.

António Costa tem agora pela frente um enorme desafio, o de mostrar que consegue ser o eixo estruturante de uma oposição musculada ao governo e, ao mesmo tempo, ser um elo de união entre militantes que começam a experimentar alguma descrença em relação à conquista do poder em setembro. Como se isto não bastasse, António Guterres terá declinado o desafio de ser candidato dos socialistas à Presidência da República e António Vitorino também parece ter seguido o mesmo caminho. Restam hipóteses de menor potencial, como Carvalho da Silva ou Sampaio da Nóvoa que, embora possam ter vontade, não reúnem grande eleitorado. E isso é mais uma contrariedade para um PS que tem de reverter este caminho de deriva em que entrou.

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