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Ideias Políticas

2019-01-29 às 06h00

Pedro Sousa Pedro Sousa

A agenda das alterações climáticas está, hoje, no centro das preocupações da comunidade internacional e, felizmente, a maioria dos políticos sabe perfeitamente que não enfrentar, com coragem, com energia, os problemas que têm contribuído para o fenómeno é demasiado perigoso para o planeta e para a humanidade.
Deste consenso, como de tantos outros que parecem unir os líderes sensatos e razoáveis, excluiu-se, infelizmente, Donald Trump, líder do maior poluidor mundial, os Estados Unidos da América que, em Junho de 2017, anunciou o abandono da América do histórico Acordo de Paris.

Regresso neste espaço à questão das alterações climáticas porque dados recentes do “Met Office”, o Observatório Inglês para a Meteorologia e Alterações Climáticas e o “US Earth System Research Laboratory”, Laboratório de Pesquisa do Sistema Terrestre dos EUA, prevêem que “... os níveis dos gases responsáveis do aquecimento global devem aumentar em valores quase recordes”.
De acordo com os institutos acima referidos, estima-se que o nível de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera aumente muito em 2019.
Segundo os especialistas, este aumento está a ser alimentado pela contínua utilização de combustíveis fósseis e pela destruição de florestas; estimando-se que seja particularmente alto em 2019, devido a uma espécie de retorno rumo a condições muito semelhantes ao El Niño. Esta variação climática natural causa condições extremamente quentes e secas nos trópicos, o que leva a dificuldades de crescimento das plantas que, por sua vez, removem do ar o CO2.

Os dados do estudo colocam a nu que os níveis dos gases de efeito estufa não foram, durante 3 a 5 milhões de anos, tão altos quanto hoje, mesmo quando a temperatura global era 2ºC./3ºC. mais alta e o nível do mar se apresentava, também, 10 a 20 metros mais alto. Reforça ainda o estudo que os esforços que se tem colocado no combate às alterações climáticas devem ser multiplicados por cinco, de forma a limitar o aquecimento a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, valores aconselhados pela Organização das Nações Unidas.
Mas, infelizmente, os últimos quatro anos foram os mais quentes já registados e as emissões globais entraram, novamente e após uma pequena pausa, numa escalada incontrolável.

Dois especialistas na matéria das alterações climáticas citados no estudo - o Professor Richard Betts e o Professor Nick Ostle - olhando para um gráfico que demonstra a evolução das emissões de CO2 para a atmosfera desde 1960 até aos dias de hoje comentam que: “Olhando para os números mensais, é como se pudesse ver o planeta a respirar com maior/menor dificuldade, à medida que os níveis de CO2 na atmosfera diminuem e aumentam ao longo do ciclo sazonal de crescimento e definhamento das plantas no hemisfério norte", acrescentando, ainda, que “...o gráfico é um alerta vívido do impacto humano no clima, o CO2 de cada ano é maior do que o anterior, e isso parece estar para continuar até que os humanos se consciencializem, de uma vez por todas, que não é possível adicionar mais CO2 à atmosfera”; já Nick Ostle afirma que estes dados são “...tão preocupantes como convincentes, na medida que representam uma urgente chamada para agir, para inovar com respostas rápidas e radicais, de forma a compensar estas emissões galopantes”, terminando a sugerir cortes na utilização de combustíveis fósseis, programas muito firmes de combate ao desmatamento e à desflorestação, bem como a redução no consumo de carne.

Em 2017 e em 2018, tivemos, em Braga, em Portugal, na Galiza, na Califórnia, na Austrália e um pouco por todo o mundo, situações verdadeiramente dramáticas do ponto de vista dos incêndios florestais que, certamente, nenhum de nós deseja ver repetidas.
Na verdade, alguns dos maiores especialista na matéria falam, hoje, dos incêndios 6.0. e dados do relatório de Cooperação Transfronteiriça para a Prevenção e Extinção de Incêndios no Eixo Atlântico que, na sequência de uma análise dos incêndios de Portugal, da Galiza e da Califórnia, realizado por um colectivo de Bombeiros dos três países, reforçam que: “... a velocidade de propagação das chamas não é uma coincidência, mas a norma no futuro destes desastres”. "Estamos perante uma tipologia de fogos de sexta geração, cuja livre intensidade lhes permite dominar a meteorologia da área circundante, criando condições extremas de tempestade e propagação".
A questão das alterações climáticas é absolutamente central para o futuro do planeta e é urgente que todos, todos sem excepção, sem partidarite e sem dogmas as encaremos como tal.

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