Portugueses bacteriologicamente impuros
Escreve quem sabe
2021-06-08 às 06h00
Desde logo pela localização geográfica que, pela existência de água, terra arável e espaço de defesa, ou ponto nevrálgico de encontro de caminhos se viu escolhida por quem pretendeu arriscar viver em local fixo suficientemente governada para garantir sustento e segurança.
As cidades cresceram e a industrialização procurou proximidades dada a necessidade de gente para trabalhar, pessoas que se foram transforam também em consumidores. O comércio e a industrialização, construíram um mercado evoluído, dinâmico e em constante modernização, que oferecem a satisfação das necessidades, incluindo as do prazer da posse e da exposição pública que o status social requer às diferentes estruturas da comunidade.
Mais gente, mais espaço para viver, maiores necessidades para satisfazer e consequentemente mais oportunidades de futuro.
As cidades foram crescendo como crescentes foram as necessidades e sonhos da felicidade que passou a exigência de sobrevivência à da melhor qualidade de vida. Apesar do crescimento do individualismo, o espaço público e a interação com os outros como comunidade, fazem a diferença. Viver em ambiente urbano e cosmopolita é sinal de evolução e local de oportunidades, onde a vida acontece e a felicidade aparece.
Quanta mais gente mais necessidade de território. Cresce-se em todas as dimensões do espaço, mas o alargamento dos limites do urbano não pára de crescer, aumentando as distâncias entre tudo. Trabalho, escola, mercado, espaços de cultura e desporto, oferta de serviços e de espaços de encontro. A tudo as cidades que se querem atrativas têm que responder, gerando crescentes necessidades de mobilidade que se transformam em problemas de gestão do espaço público.
Com o crescimento continuo e o aumento de riqueza, o transporte coletivo perde prioridades para o uso do transporte individual. A indústria agradece e o mundo da energia fóssil baseada no petróleo atinge o seu esplendor. O excesso de oferta, inunda o mercado de automóveis usados, fazendo baixar preços transformando o automóvel num bem de fácil acesso a quase todos os cidadãos. O rácio automóvel/pessoas aumentou a de tal forma que entupimos as cidades com carros.
Criamos metrópoles ruidosas, poluídas, desumanizadas. O que era e continua a ser um enorme conforto de mobilidade, tornou-se um problema para a qualidade de vida das cidades. Já tive a experiencia de passar por cidades onde, apesar de não haver nuvens, não si via o sol, mas apenas a sua penumbra de luz ofuscada pela poluição. Felizmente a Humanidade, ou parte dela, parece ter acordado para os problemas do ambiente e da qualidade do espaço onde queremos viver, respirando saudavelmente.
Parece que temos vontade de mudar, mas não queremos deixar de usufruir dos prazeres e confortos que o uso de máquinas que necessitam de energia nos proporcionam. Não é apenas a questão das que usam energia fóssil uma vez que a produção de energia elétrica alternativa gera outros problemas e riscos, desde a questão a energia atómica até a produção de baterias que exigem a extração de recursos naturais que sabemos limitados.
Este é um novo desafio que as cidades têm para se considerarem atrativas. Como manter o acesso ao que se foi criando para satisfazer as necessidades dos seus cidadãos, conseguindo manter, ou melhorar, a qualidade de vida?
Temos que saber parar. Não é necessário dispensar tudo simultaneamente, nem voltar á idade medieval, mas temos que fazer escolhas e priorizar mudança de comportamentos de consumo, que ferem a matemática do crescimento económico em que se baseia a sociedade capitalista, a quem devemos o enorme aumento da qualidade de vida nos últimos 100 anos.
A mudança tem que ser feita pela no “mundo da oferta” num mercado capitalista moderno sustentado em Democracias. Nas cidades, serão os seus dirigentes quem têm a responsabilidade de fazer a mudança, respondendo ao novo paradigma: Qualidade de vida – Crescimento económico – Mobilidade.
Não há qualidade de vida sem criação de riqueza que proporcione a obtenção de rendimentos para os seus cidadãos possam ter acesso ao que precisam e aspiram. Este é a principal questão das cidades que se querem atrativas.
A mobilidade resolve-se com estudos de circulação alternativa e de meios de transporte diferentes no uso de energia e na forma do seu uso. Temos necessidade de diminuir o número de carros individuais em circulação. Pedir aos cidadãos que usem transporte público, mesmo que responsa com qualidade de serviço, não chega. É preciso tornar mais difícil o uso de transporte individual nas cidades. Sei que numa Democracia em que o acesso ao Poder depende do voto, diminuir regalias e facilidades à grande maioria dos cidadãos é difícil, mas sem coragem não haverá soluções boas para todos.
A atração das cidades passa pela qualidade de vida que oferece. Assim foi no passado, assim será no futuro.
Braga vai caminhando nesse sentido, mas temos muito ainda para fazer.
15 Junho 2025
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