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Voz aos Escritores

2025-05-16 às 06h00

Fabíola Lopes Fabíola Lopes

Uma loja banal, seja ela de bens essenciais ou feira de vaidades, onde éramos atendidos com sorrisos e até algum inoportuno posso ajudar?, quando a única coisa que queríamos era passar os olhos despercebidos sobre as inutilidades para acrescentar num vazio que procuramos encher de sentido ou essencialidades para uma tarefa rareira que nem sempre festejava a sua ação anual, hoje pode ser um deserto dessa mesma ajuda quando necessária. Mais ainda se quisermos mesmo adquirir algum bem, independentemente da sua necessidade ou efeito.
E pagar? A bem da nossa pressa, num qualquer supermercado, somos convidados a ser funcionários da cadeia de lojas pelas mesmas pessoas que ficarão sem trabalho se todos passássemos a fazer isso. Recuso-me!
Não porque me faça espécie alguma trabalhar numa qualquer loja, mas porque estaria a contribuir para o desemprego de várias pessoas que não têm muitas alternativas, porque estaria a contribuir para uma aceleração, já de si vertiginosa, desta revolução tecnológica que só não reconhece quem anda muito distraído. E sim, já há lojas, que eu saiba de roupa, em que a única opção de pagamento é mesmo essa. Pois perderam uma cliente. Não que lhes faça grande abalo, até porque não sou assim tão consumista, mas por princípio consciente. Ligar para serviços médicos, públicos ou privados, ligar para os serviços de fornecimento de luz, internet, telefone… é todo um desafio à paciência e resistência perante o escrutínio autómato com que nos deparamos, muitas vezes sem conseguir alterar a dita consulta ou resolver o problema que nos aflige. Porque precisamos de opções que as máquinas não conseguem alcançar, provavelmente apenas ainda, porque precisamos do humano. Da sua sensibilidade, compreensão e inteligência.
Já aqui refleti, noutras crónicas, que possivelmente o atendimento diferenciado e de luxo, num futuro não muito distante e pago a peso de ouro, será o que terá olhos de entendimento e sorriso complacente, com uma voz melodiosa a entoar um encantador posso ajudar?.
O que fazer com os tantos profissionais, mais ou menos qualificados, que não encontrarão trabalho, sustento, dignidade? A ideia de um rendimento universal já foi testada em Berlim, na Alemanha, entre 2021 e 2024 e na Califórnia em 2019. O estudo concluiu que as pessoas não abandonaram os seus empregos, o que contraria a ideia de que com rendimento as pessoas passam a não fazer nada. Pelo contrário, os participantes no estudo trabalharam, em média, 40 horas por semana e mantiveram o emprego, tal como o grupo de controlo do estudo, que não recebeu qualquer pagamento.
De onde virá o dinheiro para suportar este rendimento? Da mesma fonte que já os está a tirar: das tecnologias e robôs, que devem pagar impostos, principalmente segurança social, em função do número de trabalhadores que substituem.
O deserto de debate sério de ideias, caminhos e horizontes que tem sido a campanha eleitoral, onde os candidatos nem se dignam a refletir com sisudez os problemas atuais (assemelha-se antes a um circo de vaidades com leilões pelo meio a ver qual o maior grupo de cidadãos que conseguem seduzir com o pretenso benefício que irão adquirir), quanto mais os que ainda estão para vir e que não rendem votos? A Europa ou o mundo, mergulhados em instabilidades e conflitos, não lhes mereceu qualquer comentário. Mas também não houve perguntas nesse sentido da parte dos jornalistas.
Em 1900 o conhecimento humano duplicava, sensivelmente, a cada 100 anos e, no final de 1945, a frequência era a cada 25 anos. Hoje a velocidade de duplicação anda à volta de cerca de 18 meses. De acordo com a IBM, a humanidade encontra-se perto de duplicar a informação disponível a cada 12 horas.
O futuro é hoje. E nunca me pareceu tão urgente.

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