A Cruz (qual calvário) das Convertidas
Ideias
2017-09-11 às 06h00
Nesta manhã de segunda-feira, o colégio D. Diogo de Sousa, em Braga, distingue, numa cerimónia pública, dois estudantes que entraram no Ensino Superior com 20 valores. 200 pontos exatos. Trata-se, sem dúvida, de casos excecionais, mesmo num estabelecimento de ensino em que 16 dos seus 145 alunos do 12º ano concluíram o ensino secundário com uma classificação superior a 195 pontos. Eis exemplos que deveriam ser destacados como mote da promoção da excelência no ensino.
Nestes quase 25 anos como professora na Universidade do Minho, nunca testemunhei casos problemáticos de indisciplina. Dentro da sala-de-aula, há momentos para matérias mais expositivas e outros mais centrados na discussão coletiva, conforme aquilo que é fixado no início do semestre no programa da disciplina. Neste tempo, jamais pensei os conteúdos problemáticos em função do comportamento da turma que tinha pela frente. Todavia, há uma mudança significativa no interesse que os alunos manifestam pela aprendizagem, sobretudo pelas leituras que é preciso fazer.
Hoje, os estudantes chegam à universidade sem hábitos de leitura e isso afeta muitíssimo aquilo que se quer ensinar. Centrando grande parte das Unidades Curriculares que estão sob minha responsabilidade no campo do Jornalismo, enfrento, desde logo, o obstáculo de ter à minha frente turmas que, de uma forma geral, não leem jornais, nem tão pouco seguem a atualidade através dos noticiários da rádio e da televisão. Consomem conteúdos digitais. E isso poderia ser positivo, se estivéssemos aqui a falar de textos lidos em profundidade e de temas seguidos de forma minuciosa.
Não é o caso. Os mais novos seguem as redes sociais e saltam de link em link, antes de terem tempo de absorver qualquer coisa. Esse desinteresse pela aprendizagem meticulosa nota-se logo nos primeiros diálogos que se promovem em torno de determinado tópico. Porque quase ninguém sabe desenvolver argumentações sólidas.
É claro que a frequência de um curso superior pode corrigir parte destas falhas. Mas os três anos de uma licenciatura não colmatam lacunas estruturais. Porque há um percurso que foi feito. E nem sempre da melhor maneira. Antes de entrar no Ensino Superior, cada estudante soma já, pelo menos, 12 anos de frequência escolar. E são esses anos que deveriam merecer toda a atenção. Porque é aí que se forma sociedade que somos.
Nestas férias, nos sítios por onde andei, observei com atenção as pessoas que descansavam em espreguiçadeiras de piscinas, nas toalhas estendidas nos areais ou em cadeiras de aprazíveis esplanadas. Havia sempre muitas pessoas a ler. De diferentes gerações. Mas, na maior parte dos casos, eram estrangeiros. Os portugueses conversavam, olhavam para o telemóvel ou simplesmente apanhavam sol. Curioso estes estilos de vida tão diferentes. E certamente tão marcados por hábitos distintos.
Neste início de ano letivo, muitos de nós andam a preparar a vida escolar dos filhos. Há material novo para escolher e outros livros para comprar. Obrigações que grande parte das pessoas certamente já cumpriu. Há uma outra tarefa que estará sempre em progresso: o acompanhamento permanente dos mais novos. É preciso incentivá-los mais para a aprendi- zagem, colocá-los perante estilos de vida vocacionados para a descoberta de novos conhecimentos e, sobretudo, motivá-los a ter o gosto pela excelência daquilo em que participam. “Só há uma forma de fazer as coisas: bem”, diz-se aqui por casa, muitas vezes em registo descontraído. Mas que bom seria que esta frase se constituísse numa máxima em todas as escolas. Desde o pré-escolar à universidade.
Hoje, o colégio D. Diogo de Sousa destaca os seus melhores alunos do 12º ano. Não sei o que se irá dizer na cerimónia desta manhã. Mas há algo que esta distinção transporta: a força do exemplo. Dos bons exemplos. E é disto que todos precisamos.
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