A Cruz (qual calvário) das Convertidas
Ideias
2012-01-22 às 06h00
À hora em que escrevo esta crónica, faltará pouquíssimo tempo para a abertura oficial da Capital Europeia da Cultura. Para este sábado, promoveram-se manifestações que a organização deste importante evento não se preocupou em divulgar. Aquilo que fui sabendo chegou-me através dos jornalistas que, ao longo da semana, foram preparando a cobertura mediática. Hoje aquilo que conhecemos sobre o que se passou em Guimarães chega-nos, sobretudo, através do discurso jornalístico.
Há uns dias fui visitar Guimarães como quem vai à descoberta de uma capital europeia a fervilhar de eventos culturais. Encontrei a cidade como a conheço. Bonita, com alguns arranjos, mas sem aquele pulsar de uma urbe que quer sobrepor-se a todas pela cultura. Do grande evento que se assinala em 2012 apenas consegui descobrir alguns resquícios nos autocolantes colados nos vidros da loja.
É certo que o Largo do Toural está mais bonito depois das obras, mas isso não se afigura como um traço distintivo desta capital europeia a quem chega ali vindo de fora. É preciso mais. Regressei a Braga com a sensação de ter passeado numa cidade bem arranjada, mas sem qualquer brilho de um título que este ano ostenta.
Nestes dias, falei com vários jornalistas. Encontrei todos eles preocupados com os preparativos para a cobertura do arranque desta Capital Europeia da Cultura. Na Antena 1, um dos directores fala-me em várias emissões a partir de Guimarães; no JN um elemento da direcção também se mostra empenhado em adaptar o alinhamento do seu jornal àquilo que se passará na cidade-berço; na RTP falam-me em deslocalizar o plateau dos noticiários para aí… Uma rádio, um jornal, uma televisão… Tenho a certeza que estas preocupações têm réplica noutros media. Tudo isto é-me dito em jeito de observação paralela à conversa que com eles mantenho.
Sem fazer qualquer comentário, fico a pensar na importância dos media em divulgar informação que, de outro modo, ficaria silenciada. Sem o discurso jornalístico, eu nada saberia sobre o que ontem se passou em Guimarães. Talvez isso não seja muito abonatório para uma organização que dista da cidade onde vivo uma vintena de quilómetros.
Há poucos dias, os autarcas dos concelhos vizinhos do município vimaranense queixavam-se, no JN, da falta de atenção por parte da Fundação Cidade Guimarães às suas realidades locais e de um eventual desinteresse em promover sinergias com concelhos por onde passarão, decerto, visitantes que chegam de fora. É pena que o círculo daqueles que importaria chamar para esta iniciativa não tenha sido alargado.
É verdade que houve a preocupação de envolver algumas instituições cuja participação seria óbvia, como é o caso da Universidade do Minho. Mas teria sido de salutar que o diálogo tivesse sido alargado a outras realidades. É da diversidade que nasce a riqueza cultural que esta capital europeia deveria estar interessada em divulgar.
Começou ontem oficialmente a Capital Europeia da Cultura 2012. Guimarães não poderá queixar-se da mediatização de que está a ser alvo. Pelo contrário. Não será sempre assim ao longo do ano. É bom que a Fundação Cidade de Guimarães esteja consciente que necessita de se preocupar efectivamente com a comunicação com diferentes públicos: do concelho, da região, do país e do estrangeiro.
Hoje, os jornalistas substituíram os promotores desta iniciativa com uma força tal que nenhuma acção de marketing conseguiria alcançar. Fico muito contente ao ver o espaço público mediático com notícias da cultura provenientes da região onde habito, embora esteja consciente não houve uma política articulada a este nível.
Irei, como tenho feito nos últimos tempos, seguir com atenção tudo o que decorrer em Guimarães. Espero que, a partir de hoje, o acesso à informação sobre aquilo que acontece seja mais fácil do que foi até aqui. Porque uma Capital Europeia da Cultural só poderá verdadeiramente ser um sucesso, se o que acontece for partilhado com todos.
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