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Quem pensa também sente

Órfãos de Pais Vivos

Quem pensa também sente

Escreve quem sabe

2023-03-12 às 06h00

Joana Silva Joana Silva

Pensar é um processo natural do ser humano. Pensar ininterruptamente e demasiado nas situações e nomeadamente na interação com outras pessoas, no que “possam pensar” ou o que “possam sentir”, é merecedor de uma atenção pormenorizada. Vai mais além das situações, que se prendem a pensamentos obsessivos tais como, “Será que deixei o fogão ligado?!” ou “Será que fechei a porta de casa?!”. Prende-se a pensamentos intrusivos na tomada de decisão ou atitude, que irrompe na mente de forma ininterrupta: “Será que tomei a melhor decisão?”, “E se ficou chateado/a ?!”,“E agora o que vai ser de mim?!”. São pensamentos que carregam uma ansiedade que limita aquele/a que não se consegue abstrair. Pensamentos que fazem muitas vezes, tomar comportamentos irrefletidos de ser “vigilante” nas reações não verbais (comportamento e expressões faciais), nas pessoas com as quais interage regularmente (casa, família, trabalho ou rede de amizades). Com frequência também, sente-se bloqueado/a e “paralisado/a” pois não sabe o que fazer.
Por vezes, não avança nas suas decisões porque já espera de antemão uma catástrofe. Quais as possíveis causas? Alguém que tem dúvidas constantes e que necessita de “avaliar” o impacto das suas palavras ou atitudes no convívio ou interação com outras pessoas, evidencia insegurança e o receio de criar inequívocos. Na verdade, a forma “obsessiva” com que pensa no que pode ter agido mal, está relacionada com uma grande carência afetiva. Repare numa casa. A mesma não se constrói pelo telhado. Constrói-se pelos alicerces, assim também, e por analogia a nossa base a personalidade, também começa a sua formação na infância. Quando não se tem “boas bases” de segurança afetiva durante o crescimento, culmina na fase adulta numa procura incessante de aceitação por parte de outras pessoas. Porque não se sentiram protegidos/as na infância por parte daqueles que deveriam cuidar. Não se sentiram afagados/as pelo carinho e compreensão e quando algo correu mal “conheceram” o abandono emocional expresso nas palavras “Desenrasca-te.”, ou “Independente e do que escolhas, eu não dou um passo por ti.”. Uma espécie de “abandono” em vida. É sobretudo na infância, quando se forma a personalidade que se precisa que aqueles que cuidam, deem “um passo” para ajudar e a orientar o melhor caminho ou direção. Quando se é exposto/a ao stress e ansiedade intensa desde idade muito precoce a situações, em a criança tem de gerir sozinha, e em que a estrutura cognitiva ainda está em desenvolvimento, mais tarde numa fase mais adulta a forma de reagir é desadequada, em evidência em bloqueios emocionais. Procura incessantemente a validação: “Estarei a fazer bem?”, “Será que gosta de mim?” Como lidar? Antes de mais, se esses pensamentos persistem e já limitam as tarefas do dia-à-dia, torna-se importante procurar ajuda especializada no âmbito da psicologia. A mudança cognitiva passa por perceber, e reconhecer que precisa de ajuda. Muitos dos pensamentos indesejados resultam das fragilidades emocionais vividas em criança, em que hoje certamente já fase adulta percebe que se pode “defender” e não está sozinho/a. Um segundo aspeto, parte do pressuposto de perceber que nem sempre “agradámos” e nem sempre está relacionado com o que se diz, ou consequência do que se faz. Não se agrada, por exemplo, a quem não quer ser agradado/a. Terceiro aspeto, perceber o timing da ocorrência dos pensamentos indesejados. Por norma é no momento do dia em que se está mais sozinho/a, na maioria dos casos, culmina no período da noite pois é quando a maioria das pessoas se preparar para dormir. Sempre que sentir que começa a pensar “no que não deve”, por sugestão, utilize a seguinte técnica, telefone ou escreva para o contacto da pessoa que é mais bem-disposta e divertida e que sabe que é a “gargalhada certa”. É o bloqueio certo. Bloqueie os pensamentos indesejados, mas não bloqueie a sua vida!

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