Correio do Minho

Braga, quinta-feira

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“Recordando”

Uma eleição, dois caminhos para Portugal

“Recordando”

Voz às Escolas

2025-04-28 às 06h00

João Andrade João Andrade

Quinta-feira, o Zé voltou à escola. Feliz e contente, mas indelevelmente marcado, eventualmente para a vida, pela negligência, não só de um reles covarde – porque fugiu, incapaz de prestar apoio a uma criança de 13 anos, que acabara de atropelar numa passadeira – mas também de todos os que potenciaram as condições conducentes a esse atropelamento.
Revisitando, porque entendemos importante, tudo o que escrevemos há quase seis meses (o longo tempo em que o José e a sua família estiveram a sofrer e a lutar contra todas as expectativas), recordamos que a passadeira onde ocorreu o atropelamento nesse dia estava às escuras e numa evolvente de total breu. Um breu que perdurava há semanas, apesar dos alertas de muitos e do visível risco: a Rua P.e Francisco de Almeida é uma via sem nenhuns obstáculos à velocidade automóvel, apesar de ligar uma estrada nacional a uma avenida de elevado tráfego através de uma zona residencial e de passagens de crianças de uma escola de significativa dimensão e onde, já há vinte anos, uma outra jovem aluna tinha sido mortalmente atropelada. Incompreensivelmente, nada de consequente ou preventivo, estrutural ou para lidar com o problema imediato, tinha sido feito. Como expusemos, nada tinha sido feito porque impossível? Obviamente que não: no que concernia ao prolema imediato, da falha de iluminação, passados somente dois dias do atropelamento e a ida apressada de técnicos ao local, a iluminação foi restabelecida. Infelizmente, ainda por resolver está todo o demais estrutural.
Repetimos: são coisas que nunca deveriam acontecer: o risco de vida de uma criança e o sofrimento da sua família, amigos e colegas, alguns dos quais tiveram a dor e o trauma de assistir ao momento.
Apesar de a vida coletiva ser feita de equilíbrios, devemos ter a noção de que pequenos atos ou inações nossas podem ter grande impacto na vida de outros. Ter essa noção é ser responsável.
Depois das diversas etapas de crescimento da nossa cidade, é altura de a tornarmos mais segura e amiga dos peões, sob pena de, a breve trecho, uma fatalidade semelhante se repetir. A combinação do lusco-fusco, particularmente no inverno, com a baixa visibilidade advinda dos contextos atmosféricos, tão frequente na nossa cidade, a que se somam condutores apressados e cansados de fim do dia, conjugados com as inúmeras crianças, jovens e adultos a sair das escolas e empregos, criam autênticas armadilhas à segurança da vida humana. Urge, a todos, tomar decisões sobre como lidar com este grave problema.
Entendemos que as vias percorridas por peões ao fim do dia – em particular as crianças das escolas – devem ser alvo de uma atenção muito especial e urgente, com criação de percursos devidamente sinalizados, iluminados e com estruturas fortemente condicionantes da velocidade automóvel.
Há data, o Município de Braga constituiu uma equipa de trabalho multidisciplinar, com elementos de diversos pelouros, com vista à avaliação e à intervenção nos percursos utilizados pelas crianças e jovens à volta das escolas. É crucial que as consequências do seu trabalho sejam visíveis o quanto antes.
Ao José, bem-vindo à alegria dos teus colegas – e da comunidade! – e os votos de que a tua luta conduza a que, um dia, aquela terça-feira seja somente uma má memória superada!

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