O desperdício alimentar!
Ideias
2021-11-27 às 06h00
A Semana Europeia para a Redução de Resíduos que decorre entre dia 20 até amanhã, 28 de novembro, vem mais uma vez desafiar-nos a repensar e a reconfigurar o modo como gerimos, tratamos, e evitamos o desperdício.
Nesse processo transformativo, importa destacar o papel que todos nós, enquanto comunidade, desempenhamos (e devemos desempenhar!) na transição para padrões de consumo (mais) sustentáveis. De facto, não basta apenas exigir que essa transição aconteça a montante, isto é, no início das cadeias de produção de bens. É imperativo que também nós, enquanto consumidores finais, saibamos assumir a nossa quota-parte de responsabilidade.
Em 2018, o cidadão europeu produziu em média o inacreditável número de 5,2 toneladas de resíduo! Nesse mesmo ano, mais de 2100 milhões de toneladas de resíduos foram tratados no espaço europeu! Creio que é fácil perceber que ante números desta grandeza, se torna impensável continuar a insistir num modelo de economia linear. Do mesmo modo, é impensável permanecer na conceção modernista de progresso – uma conceção própria da era industrial, que atravessou pelo menos o último quartel do século XIX até quase final do século XX, como um cometa levando consigo o rasto de um otimismo cego sobre a ideia de crescimento ilimitado.
Como tive já a oportunidade de aqui escrever (4 de Abril 2021), vivemos a urgência da reconciliação com a natureza. Um imperativo de sobrevivência, desde logo, que tem de nos colocar cada vez mais no caminho das comunidades circulares, ou seja, comunidades que implementam na sua gestão quotidiana, medidas e práticas orientadas por princípios de sustentabilidade e redução da pegada carbónica. E que, simultaneamente, facilitam e promovem a adesão dos comportamentos individuais a esses mesmos princípios.
Ao nível individual, todos estamos razoavelmente familiarizados com os famosos ‘Rs’ - reciclar, reutilizar, reduzir. E também temos consciência de que para integrar hábitos de circularidade, não bastam entusiamos circunstanciais e ações esporádicas. Precisamos de muita persistência, diria mesmo de muita autodisciplina, como por exemplo com a interiorização de hábitos sólidos e duradouros de redução do desperdício alimentar.
Em paralelo, a nossa ação individual tem muitas mais hipóteses de se tornar num hábito, quando é acompanhada e estimulada por práticas, medidas e políticas, que, em conjunto, criam um contexto propício à ação individual ambientalmente sustentável. Medidas intersectoriais tomadas em diferentes níveis de decisão e de governação, europeia, nacional, regional e local, conjugadas com iniciativas da sociedade civil organizada, das empresas, das instituições, das escolas, poderão não eliminar todos os obstáculos que se colocam entre o individuo e as possíveis opções por comportamentos mais sustentáveis (a sua condição socio-económica, os seus contextos cultural e familiar, a sua escolaridade, impactam de forma variável sobre as suas respostas aos apelos da circularidade), mas são determinantes na construção da circunstância que melhor pode ajudar o sujeito a assumir comportamentos ambientalmente sustentáveis. Duas palavras-chave da circularidade são, pois, colaboração e coordenação: entre níveis de decisão, entre setores, entre políticas, entre atores públicos e privados, para juntos, em comunidade, conseguirmos transitar para um uso muito mais racional dos recursos naturais, para práticas regenerativas, e para modos de vida mais sustentáveis, onde reduzir, reciclar, reutilizar, sejam parte normal do quotidiano.
Esta Semana Europeia para a Redução de Resíduos e as muitas atividades que por estes dias estão a ser realizadas nas nossas cidades, com a colaboração das escolas, das autarquias, de instituições e associações diversas, são por isso também um convite para que individual e coletivamente façamos uma reflexão sobre como essas sinergias podem ocorrer. E são um convite para que encontremos (mais uma vez) o impulso e o entusiasmo necessários para abraçarmos de forma mais consistente e empenhada, práticas de redução de resíduos e de proteção do meio ambiente.
Uma comunidade circular não anda em círculos, avança rumo ao futuro!
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