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Ideias Políticas

2023-09-05 às 06h00

André Patrão André Patrão

O descanso dos meses de verão faz bem a quem acompanha a realidade política de forma habitual. Aliás, na realidade, podemos ir mais longe: faz bem à sociedade, em geral, para sair do clima tóxico que tem marcado a atual legislatura.
A verdade é que a culpa é partilhada pela generalidade dos políticos. Todos os envolvidos tem a sua quota parte de culpa, depois de um ano e pouco de muitas polémicas, que geraram um clima de desconfiança e que acabaram por afastar ainda mais os portugueses da participação política ativa, aumentando a descrença em relação aos atores políticos e às políticas praticadas (ou com intenção de serem colocadas em prática).
Felizmente, férias são férias. Infelizmente, acabam. Depois de alguns arraias e festas pelas freguesias, e, apesar da inflação e do aumento do custo médio de vida (por todo o mundo), a realidade é que todos nós agradecemos o fim das novelas das comissões parlamentares de inquérito, das bicicletas arremessadas, dos pedidos para alteração de voos da TAP, das buscas a tudo o que é sítio e dos megaprocessos que continuam a marinar na maionese.
E, como águas passadas não movem moinhos, há sempre opiniões para todos os gostos: a expetativa dos positivistas é de que as coisas melhorarão (até porque é difícil piorar), contrariando os augúrios dos mais negativos. Mas, no geral, todos desejamos um novo ciclo, em que todos os participantes ativos, dos vários quadrantes políticos, se responsabilizam a representar as pessoas que votam neles. Não deixo de fazer a defensa da honra de alguns, já que também é uma realidade que há quem se esmere na tal responsabilidade que falava antes. Só que isso não vende jornais, nem ajuda a obter clicks em cabeçalhos online; até porque, como diria Eça de Queiroz, “para aparecem no jornal, há assassinos que assassinam.”
Depois de uma jornada difícil para um governo de maioria socialista (e de uma jornada difícil da juventude), não nos esqueçamos que também não tem sido fácil para a (ainda) Coligação “Juntos Por Braga”. Aliás, lamento relembrar os leitores, mas aproximam-se tempos difíceis, com o regresso às aulas e à vida normal das pessoas. Os problemas vão continuar, agravados pelas tão prometidas obras (se realmente acontecerem, já que vamos caminhando para as eleições autárquicas) e as polémicas também se sucedem, como é caso do “Centro Supera Braga”, que é mais uma daquelas ideias que promete causar mais prejuízo a uma zona que já está sobrecarregada (e que foi honrosamente mencionada no Facebook do Mayor, prometendo os devidos reparos nas vias de circulação, que devem acontecer a poucas semanas das eleições) do que melhorar a vida dos bracarenses.
Por outro lado, as eleições na Madeira prometem ser o aquecimento para o resto do ano civil e para o recomeço do ano político. Mas 2024 trará eleições europeias e os grandes testes às lideranças nos partidos, prometendo causar mossa a quem sair derrotado e tremores de terra em certos e determinados políticos, marcando a atualidade e abrindo telejornais. Efetivamente, não há nada de mais ruidoso – e que mais vivamente se saracoteie com um brilho de lantejoulas – do que a política.
Entre o rol de candidatos à presidência da República do lado da direita que têm surgido, numa autêntica corrida à pole position para o lugar de estacionamento mais importante do Palácio de Belém (até porque as rendas estão caras), o badalado beijo presidencial no campeonato do mundo de futebol feminino, que simboliza muito do que está errado na sociedade atual e a traição de Prigozhin, que culminou num previsível acidente de avião, não faltarão temas para abordarmos, ao longo do próximo ano, num tom politicamente mais arisco e sempre livre de amarras, todas as segundas-feiras, aqui, no Correio do Minho.

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