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Reformas necessárias II

Portugueses bacteriologicamente impuros

Reformas necessárias II

Escreve quem sabe

2023-07-11 às 06h00

Vítor Esperança Vítor Esperança

Nas anteriores crónicas referi-me à crise da Democracia ocidental, visivelmente sentida na perda de importância dos partidos políticos mais conhecidos e tradicionais, aqueles que geralmente assumem a responsabilidade da governação em vários Estados, designada- mente os que conhecemos em Portugal, situados ao centro, entre o socialismo e social-democracia, crise que vai permitindo o aparecimento de alternativas a partidos de nicho, mais radicais e mais populistas, situados nos extremos do espetro político, seja à esquerda, ou à direita.
Há muitas explicações que tentam justificar o crescimento das opções alternativas de protesto, mas resumidamente podemos afirmar que a principal razão é o afastamento dos políticos dos cidadãos e a adoção de políticas que não resolvem os grandes questões que afetam a vida da designada classe média, que constitui o eleitorado tradicional daqueles partidos. A sociedade evolui rapidamente, mas os partidos continuam amarrados a práticas e ideias do passado.

A forma como hoje se olha para a Politica pouco tem a ver com as ideologias da sua génese, apesar dos políticos continuarem com mesmas parangonas de afirmação de ideias do século passado, como se os problemas dos cidadãos se resumissem a ter mais ou menos Estado na sociedade e na economia. Claro que há identidades que continuam a marcar as grandes opções políticas, mas há muitos e grandes problemas que só se resolvem se forem encarados como transversais e abrangentes a uma larga maioria de cidadãos e não e apenas aos 30% ou 40% dos que votaram, neste ou naquele partido.

Como já anteriormente afirmei, o Mundo mudou muito e rapidamente, não só nas formas como a riqueza hoje é criada (bens e serviços de alto valor acrescentado), mas também a forma como são apoiados os direitos públicos na área da saúde, educação e justiça, entre outros. As formas como são prestadas as terapêuticas na saúde, com equipamentos de alta tecnologia, quadros médicos altamente especializados, fármacos revolucionários, exigem bastante dinheiro, dinheiro que não pode continuar a depender unicamente dos impostos sobre os rendimentos. A formação pública, desde o secundário às universidades, continua agarrada a modelos de ensino do passado, sem se preocuparem muito com as necessidades atuais da nova economia, antes preocupadas com os interesses dos seus corpos docentes, tudo aprisionado por uma organização arcaica do passado. A Justiça mantém uma obsoleta organização, com práticas jurídicas baseadas na acumulação de legislação que apenas servem para “vender trabalho a metro” e justificar demoras e prescrições.
Os Partidos Políticos continuam a ser organizados na base da militância obediente e pouco abertos a perderem vantagem para os mais qualificados e inteligentes. Nenhum dos existentes tem coragem para se reformar em conformidade, pois apenas mantém como objetivo o acesso ao poder e para isso é necessário prometer o dia seguinte para dar o que não têm, justificar o que não conhecem, embrulhando-se na mediatização do dia-a-dia. A alternativa política é dizer não ao que os outros apresentam, apesar de acabarem por fazer o mesmo, e praticamente da mesma forma. Tudo igual nos objetivos, tudo diferente na retórica. Falta-lhes a coragem das Reformas, sobretudo aquelas que tocam direitos adquiridos como de dogmas se tratassem.

Um mundo mais moderno, qualificado e mais caro não pode continuar a manter-se com os mesmos recursos financeiros que sustentaram o Estado Social de outros tempos. O resultado é o seu contínuo e rápido definhamento. O Estado tem de saber escolher novos caminhos de sustentabilidade para um modelo diferente de Estado Social que vai exigindo recursos mais avultados, mais pelas necessidades de evolução técnica do que do aumento dos apoios. Se não houver mudança só resta a habitual política: mais dívida e mais impostos.
O resultado de tudo isto é o crescimento da crispação e da revolta dos cidadãos, visível na crítica permanente a tudo o que soe a política e a políticos, como de um mal epidémico a evitar se tratasse. Começa no afastamento progressivo das eleições, passa pela escolha de formas protesto mais duras e violentas, pela escolha de alternativas de políticas populistas e radicais, até que o mal se instala e o mundo vira contra todos.
Cuidado com isto! Não faltam exemplos de regressão política e social dos povos ao longo da História.

Quando é que os Partidos Políticos vigentes tem a coragem de se unir para criarem um Órgão Independente? Constituído pelos melhores do país (não são apenas os Doutos, mas todos aqueles que acrescentam valor às organizações, que procuram a inovação tecnológica e as demais inteligências de sabedoria (filosofia e arte), cidadãos que, de forma transparente e idónea, consigam pensar as reformas necessárias, ou seja, aquelas que quase todos reclamam há décadas, mas ninguém ousa fazer nada: Sistema de Justiça – Sistema Fiscal - Sistema Social – Sistema de Saúde Pública – Sistema de Educação Pública – Sistemas de Transportes Públicos – Sistema Eleitoral.
- Pois! E onde fica depois a Política, dirão alguns?
Não tenham receio, a política sempre acompanhou a evolução dos povos. Também cabe aos protagonistas políticos fazer política de forma diferente. A mudança de nomes não basta.

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