Um batizado especial
Ideias
2022-01-22 às 06h00
No próximo dia 30 vamos a votos. Eleições legislativas.
Tenho observado a pré-campanha eleitoral, tenho tentado prestar atenção às movimentações que as várias forças partidárias têm vindo a fazer, no sentido de captarem o voto dos cidadãos, seduzindo-os. Este ano – muito por causa da pandemia e do estado de cuidado em que vivemos – houve uma espécie de reencontro da campanha com os instrumentos correntes e típicos da comunicação de massas. Leia-se, uma pré-campanha sobretudo televisionada e digitalizada (ou seja, através das “redes sociais”). Talvez estejamos a, finalmente, a chegar ao século XXI, em termos de campanhas e ações político-partidárias!
Claro que agora, a pouquíssimo mais de uma semana do dia das eleições, em plena campanha oficial, as denominadas ações de rua multiplicar-se-ão. Até mesmo porque, de certo modo e ainda que não rendam propriamente votos (ou mudanças de sentido de voto), o essas ações são sempre necessárias: quem não as fizer, não existe) para as televisões; quem as fizer, pode não ganhar nada, porém, não desaparece. São sobretudo uma prova de vida (de força, de capacidade) e não tanto um instrumento de conquista de votos.
Houve uma maratona de debates televisivos. Confrontos bilaterais entre os líderes das principais forças partidárias. Houve também um debate geral com um grupo de partidos “alternativos”, não representados na Assembleia da República. Houve, em suma, informação mínima e divulgação (também mínima) das ideias-força de todos.
O cidadão interessado poderá, afinal de contas, ter alguns dados, também eles minimamente suficientes (comparativamente com o que era habitual) para decidir.
No entanto, se assim é (tem sido), há muitos pontos que, para mim, ficaram por esclarecer. Ou, pelo menos, que gostaria de ver mais profunda e assertivamente esclarecidos! Um desses pontos é a regionalização.
O tema entrou na campanha por pouquíssimo tempo. Um dia. Suscitou alguns comentários, pouco empenhados e pouco vigorosos. Ainda houve algumas estações de rádio que tentaram vivificar o debate, porém, os ventos da campanha não estavam para aí virados! Como é habitual. É um tema incómodo. Mexe com um certo “status quo” … quanto mais não seja, mental.
Desde o referendo de novembro de 1998, os dois principais partidos do tradicional “arco da governação” pré-geringonça, tocam e fogem do tema. Devo ao Leitor uma declaração de interesses: sou (e sou cada vez mais) a favor dessa reforma administrativa (político-administrativa) que, para mim, será a reforma matriz, catalisadora do crescimento económico e cívico-democrático do país. Mas admito pontos de vista alternativos. Por isso mesmo, gostaria que o tema tivesse sido central, durante a campanha.
Até mesmo porque – razões a favor ou contra à parte (por agora) – ele prende-se com algo de suprema importância no nosso futuro próximo e que também deveria ter sido um dos principais temas a discutir; um debate incontornável que, contudo, até agora, não esteve presente na campanha.
Refiro-me aos fundos europeus, ao PRR, ao Plano de Recuperação e de Resiliência português que, para nós, no imediato, assemelha-se, cada vez mais, a uma boia de sobrevivência. Ora, na realidade, se outras razões não existissem, a regionalização deveria ter entrado vigorosamente na campanha, por causa dos fundos europeus, por causa do PRR. Quem distribui (distribuiu) o dinheiro?
Quem decide politicamente sobre os investimentos regionais (necessários), sobre as necessidades das populações (locais), sobre como aplicar o dinheiro, pelo país fora?
Naturalmente, sem regiões administrativas, será/foi o poder central, a partir do seu “conhecimento” (indireto) das nossas necessidades. Necessidades não sentidas, nem vividas quotidianamente e muito menos legitimadas politicamente, por quem decide (ou decidiu)!
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