Investir na Juventude: o exemplo de Braga e desafios futuros
Ideias
2020-02-07 às 06h00
Regressar a polémica caída será perda de tempo, salvo sirva para recuperar algum detalhe ignorado no calor da questão, para nos abonar com réplica pertinente, outro dia surja similar assunto.
Andaram mosquitos por cordas à conta da deportação da deputada. Tirada escusada do deputado cioso dos Henriques que tenha em genealogia ilusória. Não faça o Ventura um estudo genético, que ainda se descobre arribado dos cus de judas em décima descendência.
Razões que não tenha por boa razão. Centremo-nos no jingle eleitoral do Livre, garbosamente interpretado pela dupla «Fado Bicha». E por aqui começo. Tinha ideia que o epíteto «bicha» era um daqueles ditos que nos alista na legião dos homofóbicos, corpo retrógrado, bafiento, inequivocamente de direita, de estupidez além do suportável. Engano, lá está. Se cavalheira criatura de cabelo às cores, maquilhagem carregada e meias de vidro, empresta a alma a performance com tal labéu, com homo-linguado em primeiro plano de sectores do coro ou vistosos bailantes, então «bicha» será um designativo cool. No mínimo é liberdade de expressão sem mais rabetas. Valha ela para todos.
Quanto à cançoneta. Aceite-se que identifique a afirmação nuclear da poética, bichada apresentação da candidata: «Ela é da Guiné.». Vejamos, não há quem imaginasse que a aspirante parlamentar não fosse de nacionalidade portuguesa, ou não teria como se apresentar a escrutínio. Quanto «ser da Guiné» fosse algo que desconhecêssemos e irrelevante, para ela não o seria, eventualmente por boas razões – por não renegar origens –, eventualmente por más razões, – tão-só para capitalizar o voto étnico. Diz-nos, a Joacine, portanto, que é da Guiné, não da Nazaré, não de Alfândega da Fé, topónimos que também rimariam com «estaminé», com «bater o pé». Tem Joacine o direito de fadar como queira? Tem! Assim como outro que, não lhe apreciando a música ou a letra, tem o de lhe sugerir que vá cantar fados para a rua de onde vem. De onde ela fez questão de dizer que vinha. Mas, ai meu deus que xenófobo, replicarão. E pronto, caímos no duplo padrão: se eu digo «bicha» sou homofóbico, se um grupinho de ditos usa o qualificativo entre si, é um ´tá-se bem.
Quanto ao cerne da polémica. Civilizada proposta, diz-se. Devolva-se a África a memória cultural pilhada. «É tema do dia na Europa culta, até o Macron…». Fico estarrecido quando oiço a esquerda ziguezague invocar o santo Macron. Será que temos, sem que o saiba, algo da envergadura dos frisos do Pártenon, uma escultura subtraída a palácio assírio, o espólio de uma mastaba. Sugere-se uma démarche angolana. Refere-se que o PAN apresentou similar proposta. Vejamos: o que é que o assunto tem a ver com o orçamento? Quereria Joacine que se inscrevesse uma verba para criar uma comissão eventual, para acomodar um grupo de peritos, etc.? O que é que a impede de solicitar informação pertinente aos directores de museus, de os visitar, inclusive? Não é ela historiadora? Cansar-se-á, passando a pente fino umas quantas máscaras do museu de etnografia, umas estatuetas de madeira tropical, uns marfins, objectos a maior parte dos quais de arte popular, de artesanato de sobrevivência? Não se dará conta, com todos os títulos que tenha, que o Louvre, que o Museu Britânico, não são um castelo de Bragança onde se exponham cópias ou originais de vestuário do Gungunhana e meia dúzia de tarecos de prisioneiro ilustre, e paz à sua alma? A memória cultural de uma África está em Portugal? Cala-te boca, ou ainda te fazem negreiro e colonialista.
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