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Só o amor ama, Setembro

Desigualdade no Mundo acentua-se

Só o amor ama, Setembro

Voz às Bibliotecas

2024-09-05 às 06h00

Aida Alves Aida Alves

O mês de setembro entra em força, pelo regresso às rotinas, às aulas, espalhando ainda uma boa energia de veraneio, presente na natureza e na luz, absorvidas pelas pessoas.
As Noites Brancas que se multiplicam pelo país, abrem oportunidade para uma reaproximação e participação mais ativa artística e culturalmente. Em Braga, o mote é de um “palco aberto à cultura”, um “compromisso que perdura”. Assistimos à oferta de várias manifestações artísticas de rua, em espaços culturais, museus e biblioteca. Há a vontade de celebrar e alegrar. A cor branca, código de roupa que predomina, é a cor que se apresenta diante de nós forte. Para muitos representa renovação, paz e simplicida- de. Começar um novo ciclo com a mentalidade renovada. Nalgumas tradições religiosas, o branco é usado para celebrar eventos sagrados e representa a luz divina.

Todavia em setembro, à cor branca segue-se outra cor que representa outra manifestação de interesse e de causas. Vejamos. O amarelo é-nos apresentado no âmbito da campanha “Setembro Dourado”, fortemente divulgada pela Associação Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro. Esta campanha quer ampliar a consciência em torno da doença oncológica pediátrica e conquistar e garantir mais qualidade de vida para doentes, sobreviventes e cuidadores, contando novamente este ano com o alto patrocínio da Assembleia da República e do Presidente da República. O lema de 2024 é: “Quando o cancro se mete no caminho, ninguém vai sozinho”. O amarelo significa força, coragem e resiliência. Características que crianças e jovens com um diagnóstico de doença oncológica demonstram a cada etapa de tratamento. O laço dourado/ amarelado é o símbolo internacional do Cancro Pediátrico e, durante este mês, ganhou destaque para ajudar a promover um maior conhecimento sobre a doença, alertando para o impacto que tem na vida destas crianças, jovens e das suas famílias.

As bibliotecas associam-se a este movimento de forma singela através da leitura de histórias de diferentes autores e editores que abraçam o tema, de forma simples, comprometido e terno. Destacamos alguns livros infantis que têm sido mencionados nas dinâmicas de terreno: “Um dia bom” de Marta Oliveira da Silva e Carolina Branco, edição Livros Horizonte. A quantia de um euro reverte a favor da Acreditar. Às vezes um dia bom é “a memória de um segundo que fica para sempre” e se conclui que “a vida pode ser inesperadamente bela nas coisas mais simples”. Às vezes um dia bom “é uma história de encantar”. Este encantamento resulta do contacto de proximidade com os ouvintes, através da mensagem do livro e da voz, de gestos de carinho entregues à narração das histórias. As bibliotecas conseguem através dos seus mediadores impactar de forma positiva os ouvintes, filhos e pais, doentes e cuidadores. Criam-se mais laços de segurança. Outro livro “Maria do mar e a turma Acreditar”, está disponível em livre acesso e download gratuito pelo site da Acreditar. O texto é de Susana Amorim e a edição é da Acreditar.

A personagem Maria, tem cabelos que parecem raios de sol e o sorriso de verão quente e luminoso. Viu-se envolvida numa tempestade chamada de “leucemia”, com apenas 10 anos. Se o leitor tiver curiosidade em conhecer esta história, é só aceder através do link: https://acreditar.org.pt/wp-content/uploads/2023/06/Maria-do-Mar-e-a-Turma-Acreditar.pdf. Outro livro “A Matilde está careca”, de Catarina Carvalho e outros autores, edição Prime Books, resulta do projeto “Hospital dos Pequeninos”, de uma muito bem-sucedida iniciativa anual levada a cabo pela Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa (Hospital de Santa Maria) que tem como objetivo descomplexar e tornar amigável a relação das crianças com os hospitais. Um livro centrado no cancro infantil, relatando através da história da pequena Matilde uma vivência que se pretende desdramatizada, mas acima de tudo pedagogicamente solidária e afetuosa. Outros livros estão à escolha para quem quiser ler e refletir sobre o tema do cancro. Basta irem às bibliotecas e às livrarias. Falar sobre os temas mais complexos da vida, mesmo antes de eles acontecerem, lendo por exemplo um livro infantil em família, pode abrir espaço preparatório para melhor compreensão de situações futuras, quer surjam ou não no caminho. Em família, na escola, ou em comunidades de amigos e profissionais, devemos encontrar segurança e responder objetivamente a várias questões que nos pesam e perturbam. A leitura e a partilha de livros, de saberes e experiências, ajudam a desconstruir e a aceitar com mais leveza situações intrincadas. Quando acompanhados por profissionais habilitados, melhor ainda.

“Só o amor ama” é um título de um livro que hoje casualmente me veio parar à mão e deu mote a este texto. É da autoria de Margarida Vilarinho e edição Sinapis. Uma edição póstuma, da responsabilidade da família. Esta cidadão comprometida com os direitos humanos e especialmente das crianças foi portadora de uma linda mensagem de amor nos seus textos, na emergência de ser amor e regaço, na viagem até ao fim do Mundo.

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