Entre a vergonha e o medo
Ideias
2015-12-16 às 06h00
Enfermagem não é algo fácil e simples de definir. Enfermagem é muito mais do que cuidar daqueles que nos são confiados, do que a avaliação de necessidades, do que uma visão geral e integral da Pessoa. Enfermagem significa um esforço de movimento, de cariz dinâmico e seriamente de relação. Além da entrega, não por vocação, mas por algo em que acreditamos, Enfermagem significa escolha e opção, significa uma das bases mais importantes dos sistemas de saúde, significa voltar e ir, repetindo o mesmo caminho as vezes necessárias para conseguirmos atingir o bem-estar de todos aqueles que necessitam dos nossos cuidados.
Nestes dias são decididos os passos futuros daqueles que são considerados alguns dos líderes da Enfermagem nacional. Por estes dias votamos por alguém, que nos representará na nossa Ordem, e que determinará parte do futuro da profissão. São dias de decisão, de escolha, de tarefa. São dias de tensão, de determinação, de origens e trilhos a fazer.
Esta importância assemelha-se ao dever do direito que apresentamos, e que nos foi confiada, para tomarmos as rédeas da visão da saúde para aquilo que virá. É nestes dias que a Enfermagem fica um pouco mais difícil de ser definida e alcançada - aliás, a rotatividade de pensamentos e fações permitem um aumento da criatividade, da disponibilidade e, talvez, da partilha. Afinal, são os valores e princípios que nos unem, nas diferentes rotas dos caminhos que podem ser escolhidos, que poderão fazer toda a diferença na forma como ainda vamos (des)construindo a Enfermagem.
Embora reconheça e concorde com a criatividade que advém das diferentes correntes, gostaria de referir o quão cansativo é estudar, avaliar e escolher aqueles em quem vamos votar. Poderíamos, talvez, nós os enfermeiros, retalhar uma manta que nos possibilitasse a ação final de diferentes pedaços de cada uma das correntes que nos são apresentadas e, quiçá, assim, sermos mais justos e corretos com a profissão que escolhemos, ou, no meu caso, que me escolheu.
Na hora de votar, apelo à consciência e conhecimento das propostas das correntes mencionadas, do reconhecimento dos nossos valores nessas propostas e a verificação da ousadia das proposituras. Sim, porque devemos ser audazes nesta fase. Porque devemos ser atrevidos e intrometidos. Porque, ao realizarmos uma escolha, deve ser a escolha para o momento que, tal como me foi dito anteriormente por alguém mais sábio e com mais experiência, nos permita desfrutar de uma Enfermagem consistente e consolidada a curto prazo.
Por isso, e por muito mais, nestes dias são decididos os sapatos que a Enfermagem portuguesa calçará nos próximos tempos, que permitirão o avanço - mesmo que existiam algumas recuas, estas poderão ser consideradas como grandes, e necessários, avanços - desta profissão junto dos indivíduos, das famílias, dos grupos e das comunidades. Por que é junto a si, dos seus, da sua família, do seu grupo e da sua comunidade que trabalhamos, que exercemos esse dever de direito que nos ousamos a cumprir há uns anos atrás. E também porque é junto a si que a Enfermagem avança - sem a sua presença não teríamos razão de existir. Preocupe-se pelas decisões que serão tomadas em função das suas necessidades, pois são elas o motor que desencadeia a nossa ação. Mantenha-se a par dos líderes que também são seus, pois é com eles que a saúde do futuro será realizada.
As definições não serão para estes dias, todavia estão presentes as resoluções. É necessário encarar a Enfermagem como parte integrante do movimento a que chamamos vida e rotina, das ações que nos compõem e que nos fazem ser mais nós, das transições que dão uma certa cor ao que vamos experienciando. A Enfermagem, composta também em mim e nos colegas que estão mais próximos, nos que trabalham nas diferentes áreas e saberes, é vivida igualmente por si, que nos permite ser um maior e melhor corpo de saberes. Por isso esteja atento. Afinal, a sua saúde encontra-se em deliberação.
13 Junho 2025
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