Entre a vergonha e o medo
Escreve quem sabe
2024-04-09 às 06h00
Nos dias de hoje, na nossa sociedade, tem existido uma preocupação emergente e constante com as questões da saúde, do equilíbrio e do bem-estar. Embora estes três conceitos não sejam sinónimos, na verdade são muitas vezes usados como tal, presumindo-se que significam o mesmo e que têm o mesmo valor. E, na verdade, algumas vezes têm, ainda que a sua maior importância possa ser otimizada quando concebidos em conjunto. Aliás, talvez o mais correto seja afirmar que se encontram intimamente interligados quando se abordam as questões do ser humano nas suas diferentes dimensões, em particular aquela que diz respeito à sua própria individualidade.
No passado dia 7 de abril celebrámos, todos, o Dia Mundial da Saúde, que se vai comemorando desde 1950, no período que se seguiu à criação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que se tinha dado dois anos antes. Na verdade, quando se fala em OMS é possível entender-se uma organização inovadora e arrojada, uma organização que, quando fundada, veio promover uma perspetiva de saúde modernizada e passível de mudança, tão necessária na altura - e, quiçá, tão necessária ainda agora.
Todavia, quando se pensa em saúde, deve-se pensar em algo multidimensional, algo que faz parte daquilo que é o ser humano e, ainda, algo que todos desejamos ter. Mais, a OMS define saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença ou enfermidade - a esta definição alguns acrescentam o bem-estar espiritual, considerando-o também parte daquilo que é a nossa saúde. Assim, e tendo em conta esta visão da OMS, a saúde deve completa e transversal, é uma coisa que todos temos direito e igualmente que exige a obrigação de cuidado.
Obviamente que não é fácil manter uma certa harmonia e exercer um autocontrole em relação a todas as dimensões da saúde, em particular porque não deixamos de ser humanos e, por isso, suscetíveis às imperfeições; i.e., naturalmente dispostos à realização de erros. Tudo isto faz parte da nossa natureza, difícil é manter a coerência. Mas sabendo e conhecendo esta nossa condição, e até partindo dela, talvez nos seja mais fácil compreender a saúde, ou a nossa saúde, e aquilo que é necessário efetuar para a manter.
Quando atendemos à dimensão física da saúde, devemos ter em conta a existência de um corpo, biológico, anatómico e fisiológico, e que necessita de cuidados específicos. Temos de o alimentar, de cumprir com as suas exigências de excreção, de o hidratar, de o levar a passear, apanhar sol, etc.. Tudo isto é necessário para que o corpo funcione, para que se mantenha ativo no quotidiano e que nos permita uma relação com o mundo que nos rodeia. Claro está que por vezes o corpo adoece, e aqui é necessária, muitas vezes, a intervenção de outras pessoas, qualificadas para lidar com a doença e o mal-estar físico. O corpo físico faz parte de nós, de quem somos, não nos podemos esquecer disso.
A saúde mental encontra-se muito em voga nos dias de hoje – e ainda bem. Foram muitos os anos que se passaram sem uma correta valorização desta dimensão da saúde, e possivelmente estamos, em sociedade, a lidar com esta ausência de atenção. Diz a OMS que não há saúde sem saúde mental, o que pressupõe uma necessidade de olharmos para nós próprios, para as nossas fraquezas e desejos, e colocá-las em relação com tudo aquilo que se encontra à nossa volta. Não é à toa que a solidão é um determinante negativo para a saúde mental: o nosso mundo necessita do mundo dos outros para sobreviver. A última pandemia que vivemos veio despertar a necessidade de cuidarmos mais da nossa saúde mental, pois, afinal, conseguimos perceber que não éramos tão saudáveis quanto isso e, mais importante, era necessário tomar medidas em relação a esse assunto.
Em relação à dimensão social da saúde, esta acontece em estreita relação com os outros seres humanos, colocando-se em prática competências de comunicação, valores e empatia. Mais, a nossa saúde é promovida quando estamos em contacto com aqueles que nos circundam, seja através da vivência de desafios, seja por meio de reforços positivos. E porquê? Porque a saúde é algo que se encontra em construção, é dinâmica e está em movimento – só assim é possível darmos à saúde um certo valor.
Por vezes temos uma certa tendência para simplificar a saúde. Não é que a saúde seja complicada, mas é, de facto, complexa e dependente de uma série de fatores, os quais muitas vezes só são valorizados quando desaparecem e sentimos a sua falta. Mais do que a dedicação de um dia específico, a saúde merece que cada um a celebre de forma individual e de forma coletiva, dedicando-lhe o tempo necessário para que a mesma saia fortalecida. Fazer um viva à saúde é fazer um viva a nós próprios, contribuindo dessa forma para os nossos grupos e comunidades, para que todos sejam mais saudáveis, mais equilibrados e que tenham um maior bem-estar.
13 Junho 2025
06 Junho 2025
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