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Voz às Bibliotecas

2024-05-16 às 06h00

Aida Alves Aida Alves

No tempo quente que se aproxima, as temperaturas que sobem em crescendo, obrigam-nos a uma mais cuidada e maior hidratação. Os dias quentes apelam a refrescar o corpo, através de um mergulho nas águas dos rios ou do mar (ou até do chuveiro em casa), e provocam-nos também uma sensação de maior sede. O termo “sede” (de beber), vem do latim ‘sitis’. Quem tem muita sede é sequioso, sedento ou sitibundo (‘bundus’: cheio de, em latim). Este último termo não abunda tanto pelo nosso vocabulário, pois não?
Ingerir bastante água é necessário para que o nosso corpo possa suportar a circulação sanguínea, facilitar a remoção de resíduos, manter a temperatura corporal adequada, proteger os órgãos e muito mais. Muitos especialistas da área da saúde sugerem a ingestão de dois litros de água por dia, mas isso varia de acordo com a dieta, nível de atividade e toma de medicamentos de cada um. Da informação geral, sabemos que a causa para o excesso de sede pode resultar de diversos fatores, tais como a ingestão de alimentos com muito sódio (vulgo sal); maior atividade física, suor excessivo, ingestão de bebidas alcoólicas, ingestão de determinados medica- mentos ou drogas, entre outros. O nosso organismo necessita de maior consumo de líquidos, dependendo do processamento de cada um. A sede é a vontade de ingerir líquidos. Ela ocorre quando o hipotálamo percebe a falta de água no organismo e envia uma mensagem ao córtex cerebral, responsável por traduzir a informação na sensação de sede. A sede excessiva também pode constituir sintomas de algumas doenças, tais como diabetes, doenças renais, anemia, desidratação, e tabagismo, entre outras. A água é apenas uma parte do quadro de hidratação.
Por que razão não sentimos sede de ler?
Num cenário utópico, a nossa necessidade de beber líquidos deveria ser acompanhada pela necessidade de ler. Quando ingerimos muitos alimentos salgados, deveríamos ler um livro de receitas de saladas leves e frescas; quando fumássemos mais do que a conta, devíamos procurar um livro de suspense com fortes emoções; quando fizéssemos exercício físico a dobrar, um tranquilo livro de poesia ou um ensaio filosófico; num cenário de doenças na tiroide, rim ou coração, narrativas românticas introspetivas, ou um catálogo de pintura e pintores.
Às vezes, os desequilíbrios podem ocorrer por beber água a mais. Em outras situações, pode acontecer quando os eletrólitos não são repostos adequadamente. A solução provavelmente não é beber ainda mais água. Em vez disso, poderemos tentar aumentar o consumo de frutas e vegetais ricos em potássio e magnésio, e possivelmente incluir misturas de eletrólitos na rotina pode ser uma solução. Certo é que, se lermos a mais livros, revistas, jornais, ou ouvirmos música e assistirmos a filmes, estas ações não irão des- compensar-nos e retirar-nos os eletrólitos. Irão vitaminar mais o nosso cérebro e dar-lhe com toda a certeza mais instruções funcionais para o dia-a-dia, onde um copo de água, chá ou limonada poderão ser companhia de um livro. A saúde mental é beneficiada, podendo ajudar à redução de stress e ansiedade, baixando a frequência cardíaca e aliviando a tensão dos músculos, evitando progressões de doenças neurodegenerativas, demência ou Alzheimer. Não há nunca excesso de leitura, nem mazelas associadas a ler em demasia. Na azáfama do dia a dia, podemos tentar encontrar um espaço e um ritmo apropriados à leitura. Estabelecer um número de páginas por dia de leitura por dia, pode ajudar a criar um hábito, sem compromisso, consolidando a prática.
Como dizia Carlos Drummond de Andrade “A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas, por incrível que pareça, a quase totalidade não sente esta sede.” E se começássemos a contrariar este pensamento??

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