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Ser (C)apital…

Investir na Juventude: o exemplo de Braga e desafios futuros

Ser (C)apital…

Ideias

2023-10-16 às 06h00

Filipe Fontes Filipe Fontes

A palavra Capital é recorrentemente utilizada para suportar e sustentar títulos e prémios, designações e conquistas, tematizando o resultado de acções continuadas ou pontuais, em nome de um objectivo identificado como significativo ou impactante.
Porventura fruto do seu sentido semântico ou sua carga simbólica ou, dir-se-á mesmo, institucional, a palavra Capital banaliza-se e, hoje, surge cada vez mais generalizada e repetida quando se lança desafios, quando se ousa ser diferente, quando se projecta arrojo e coragem ou, simplesmente, quando se pretende um selo de (pseudo) qualidade.

Capital europeia da cultura, das artes criativas, do desporto, verde, entre outras, são designações que encontram na palavra Capital o denominador comum e se condensam em múltiplas “capitais” que algumas das principais cidades da região já foram, são ou projectam ser: Guimarães, Braga, Viana do Castelo e Vila Nova de Famalicão, ostentando outras formas mais subtis, tácitas ou informais de capitalidade (Ponte de Lima, a título de exemplo).
Nã se deseja reflectir sobre o sentido e os benefícios desta capitalidade, não se pretende identificar a natureza e a correspondência de cada cidade a cada uma destas “capitalidades”. Acredita-se que, seja qual delas for, na sua leitura intrínseca “do que é e quer ser” encontrarão as razões maiores para tal e o entendimento do quanto valerá a pena perseguir o título, o prémio e o reconhecimento.
E é precisamente aqui, no significado projectado no futuro ou amarrado a um passado conquistado que se deseja fixar estas palavras.

Seja como for, acredita-se que Capital, ser Capital, seja desporto, cultura, criativa ou “verde”, tenderá a polarizar-se ou como prémio e reconhecimento de uma construção feita ao longo do tempo e que encontra na conquista do título o seu epílogo e clímax, de alguma forma, esgotando e encerrando todo o processo, ou como motivação acrescida de um caminho a percorrer de forma continuada de melhoria e qualidade, independentemente de tudo o que fomos capazes de edificar e concretizar.
Por ser assim, fazendo da segunda realidade aquela que acarretará maior projecção, promessa e esperança, independementemente de “ter sido capital”, “não ter conquistado o título” ou ainda poder vir a ser, acredita-se que “ser Capital” é bem mais íntrinseco a cada cidade do que estritamente o título e dependerá de cada uma das mesmas o modo e a atitude mais assertivos para lá chegar, escolhendo o processo (e não o produto) como metodlogia de trabalho e elegendo três palavras como os seus fundamentos e pontos cardeiais: coerência, consequência e confronto.

Na verdade, muito mais interessante e útil do que a designação ou o título, a projecção e a publicidade, é a convicção de que o processo e o trabalho de transformação que o mesmo exige e implica, com repercussão no carácter reformador e indutor de qualidade e melhoria. Ou seja, ficar a ser (realmente) melhor! Para tal, convém nunca esquecer de: coerência enquanto pensamento sistematizado e estruturado de opções e caminho, acções e objectivos, fugindo à errância da espuma e ruído do dias, da circunstância e da conveniência do momento; consequência como resultado lógico e expectável do pensamento, assumindo os seus efeitos e as “dores” que possam emergir. Não há caminhos perfeitos e indolores, não há mudança sem custo, não há caminho sem cansaço, não há mérito suficiente sem o esforço necessário!; confronto enquanto capacidade de resistência e resiliência, de aceitar, abdicar, suportar, explicar, escutar, rebater a contestação e afirmar uma opção e um modelo, um caminho e um objectivo. Facilmente, a tentação da contestação torna efémera a decisão e, tantas vezes, como medo e sem conforto, sem respaldo e com comodismo, desistimos e flexibilizamos, num processo de perda do foco, da centralidade, da qualidade e de tudo o que queremos de ambição!
Estas três palavras são a base da dita Capital: coerência, consequência e confronto. Se assim for, a cidade – seja qual for – será Capital, não pelo título, mas pelo exemplo e esperança. De um futuro melhor para todos nós!

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