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Ser Mãe

A Cruz (qual calvário) das Convertidas

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Ideias

2012-05-20 às 06h00

Felisbela Lopes Felisbela Lopes

Comemorou-se há uma semana o Dia da Mãe e, nesse domingo, tive o privilégio de acordar numa maternidade. Poderia esse ser um dia como outro qualquer, mas essa experiência permitiu-me perceber que há celebrações que abrem outro nível de reflexão sobre o sentido da nossa vida.

Tenho a sorte de ter uma mãe excepcional. Serão assim todas as mães, não é? Sim, mas a minha é especial. Sempre o foi. Desde o primeiro dia até hoje. É isto que dirão todos os filhos e é nisso que está a magia da maternidade. Olho para trás e encontro a minha mãe em múltiplos momentos: em momentos felizes e menos felizes; em momentos de celebrar sucessos e naqueles em que me faltava caminho para andar. Em todos eles, ali estava a minha mãe com uma palavra de confiança, com um abraço reconfortante, como que a dizer que nunca me faltaria um porto de abrigo. Sempre me senti grata por essa presença atenta e generosa e sempre achei que nunca poderia retribuir o que tanto me foi dado nestes anos. Por estes dias, percebo ainda melhor o amor que a minha mãe me vem manifestando ao longo da minha vida.

Sempre me disseram que, depois de se ser mãe, experimentamos um amor incondicional. É verdade. No meu caso, senti isso logo que me anunciaram que eu estava grávida. A partir desse momento, a minha vida mudou. Para melhor. Nos nove meses de gestação, não fiz nada sem pensar nas consequências que isso teria para o bebé que estava a gerar e procurei sempre encarar o que me ia acontecendo de forma positiva. Até mesmo as contrariedades. E ali estava um embrião a obrigar-me a olhar a vida por outra perspectiva.

É verdade que tive a sorte de encontrar várias pessoas que me ajudaram a viver este período com alguma estabilidade. Recordarei sempre com alguma emoção a minha obstetra que, desde a primeira consulta até ao dia do parto, me foi repetindo uma frase que eu trazia sempre na minha cabeça: “está tudo a correr bem”. Num tom de voz calmo, a Dra. Teresa Coutinho foi mais do que uma especialista que me acompanhava do ponto de vista médico. Foi uma força suave que me deu a confiança que eu necessitava para fazer crescer aquilo que seria o maior projecto da minha vida.

Por estes dias, vou fazendo pequenas coisas: o teste de Guthrie (o teste do pezinho), as primeiras vacinas, a primeira consulta no pediatra… Talvez não sejam tarefas dignas de figurar numa agenda apertada de reuniões, de congressos ou de viagens, mas serão momentos que vou sempre recordar. Poderia nesse tempo estar a escrever um livro ou a preparar uma conferência, mas tudo isso me parece demasiado insignificante quando pego no meu filho ao colo e sinto que sou um dos principais elos de ligação que ele tem com a vida que começa agora a construir.


Apertando o bracinho dele para o imobilizar na toma da vacina BCG ou caminhando com ele embrulhadinho numa mantinha para o consultório do pediatra, eu recordo que, no passado, houve alguém que fez isso por mim. Pegando nele ao colo pelas madrugadas dentro, eu vou lembrando as noites que os meus pais ficaram sem dormir, sem nunca me terem falado disso. Hoje, somos nós, os pais deste bebé, que fazemos isso por ele, sem nunca lamentar que dormimos pouco, reduzimos a agenda, deixamos de estar com os amigos ou abreviamos o nosso tempo de lazer. Ontem, houve quem fizesse muito mais por nós, sem nunca nos cobrar nada. É esse amor incondicional e sem limites que une uma mãe e também um pai a um filho, não havendo nada que tenha mais valor do que isso.

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