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Será possível recuperar a vida que tínhamos?

A Cruz (qual calvário) das Convertidas

Será possível recuperar a vida que tínhamos?

Ideias

2021-06-14 às 06h00

Felisbela Lopes Felisbela Lopes

São 15 horas da tarde de domingo. Os media anunciam 707 casos e duas mortes em Portugal por covid-19. O número de infetados está a aumentar. A manter-se esta tendência, não teremos decerto um verão muito tranquilo. Do Reino Unido, onde a vacinação está avançada, todos se prepararam para uma nova vaga. Quando terminará este pesadelo?
De modo inequívoco, a revista “The Spectator” garante esta semana em capa que uma terceira onda pandémica estará para breve. Como todos sabem, os confinamentos não matam o vírus. Apenas atrasam a sua propagação. Ora, qualquer país que desconfina deve estar sempre preparado para um aumento de infeções. No caso do Reino Unido, esperar-se-ia que esse crescimento fosse neutralizado por uma barreira de pessoas vacinadas. Na verdade, assim acontece, mas há ainda uma franja da população que não está vacinada (os mais novos) e é sobre esta gente que o vírus vai cavalgando. Apesar das previsões apontarem para números próximos daqueles que se registaram no início do ano, a pressão sobre os hospitais será menor, porque os jovens geralmente não têm sintomas graves e ficam menos tempo internados. Segundo esta publicação britânica, o pico deverá ser atingido a meio do mês de julho.

Mesmo os mais otimistas começam a perceber que a covid não vai desaparecer da noite para o dia, nem mesmo quando atingirmos a imunidade de grupo. E isso tem consequências duras a vários níveis: pessoal, social, económico.... Há quem seja resistente às regras e há quem as cumpra de modo rígido. Nesta altura, o mais avisado é procurar uma terceira via que nos introduza num estilo de vida que retome alguns modos de ação que tínhamos e que reinvente outros.
No sábado, o Público fazia um grande destaque sobre o teletrabalho, ouvindo empresas e trabalhadores de vários setores. Uns e outros encontravam-se na aceitação de soluções mistas. Umas que acentuavam o modo presencial, outras o remoto. Tendo virtualidades e limitações, o teletrabalho mostra-nos que é hoje impossível reverter totalmente a nossa vida para aquilo que fazíamos há menos de dois anos. O mundo mudou muito, nós também. Infelizmente o vírus continua entre nós e, um dia que desapareça, continuará o seu trajeto em forma de ameaça.

Pela minha parte, vivi relativamente bem os períodos de confinamento. Desde o início, adotei para minha defesa a ideia de que qualquer dificuldade seria sempre muito pequena face a um eventual internamento por infeção do SARS-CoV-2. E lá fui andando...
Hoje, em fase de desconfinamento, sinto-me mais à deriva. Acuso um certo cansaço de mais de ano e meio de uma vida cheia de restrições, mas também experimento algum desconforto neste regresso ao exterior. Há uma semana, almocei numa esplanada de um restaurante de Lisboa e confesso que não me senti particularmente segura no meio de tanta gente sem máscara. A capital continua irreconhecível. Atravessar a Praça do Comércio para o Cais do Sodré à hora de ponta como se estivéssemos em plena Avenida da Liberdade em Braga numa manhã de domingo é muito estranho. O trânsito rola sem qualquer complicação e os turistas são impercetíveis. Ainda não é este ano que teremos um verão dito normal.
Não vai ser fácil desconfinar, nem tão pouco estender a vacinação a todos. E isso é que nos permitirá ter uma vida estabilizada. Que será sempre uma outra vida. A que tínhamos não regressará tão cedo. Decerto, nunca a conseguiremos recuperar...

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