A responsabilidade de todos
Escreve quem sabe
2018-12-16 às 06h00
Pontuar pode tornar-se um bicho de sete cabeças se desconhecermos algumas regras básicas.
Os sinais de pontuação são o ponto, o ponto de interrogação (?), o ponto de exclamação (!), as reticências (…), os dois pontos (:), o ponto e vírgula (;), o travessão (-) e a vírgula (,).
O ponto (e não ponto final) marca o fim de uma frase simples ou de uma frase complexa. Quando se deseja marcar a transição de uma ideia expressa para outra, abre-se um novo parágrafo, mudando de linha.
Todos nós aprendemos a “abrir parágrafo”, passando de uma linha para outra, escrevendo um pouco afastado da margem. Manuscritamente, ainda o devemos fazer. Nos textos redigidos com processadores de texto, verifica-se que o mais comum é deixar um intervalo maior, entre parágrafos, do que o usado entre linhas e não afastar a primeira linha da margem.
O ponto de interrogação é utlizado para indicar o fim de uma frase do tipo interrogativo (Ex.: Queres ir ao cinema?).
O ponto de exclamação marca o fim de uma frase do tipo exclamativo (Ex.: Que lindo dia!), mas também pode indicar o fim de uma frase do tipo imperativo (Ex.: Não entre nessa sala!). Este sinal de pontuação também é usado após uma interjeição (Ex.: Ah! Oh! Oxalá!).
Devemos ter alguma parcimónia no uso do ponto de exclamação, pois pode tornar-se contraproducente para a fluidez do texto. Todavia, não o devemos abolir ou desdenhar do seu uso como o fez Pedro Mexia há uns tempos no jornal Público, dizendo que “o ponto de exclamação é um modo de fazer a festa, deitar os foguetes e apanhar as canas. E isso não é nada interessante.” (jornal Público, 12 de Maio de 2007).
Também Francisco José Viegas, no blogue A origem das espécies, se insurgiu contra o excesso de pontos de exclamação em alguns textos. Diz ele que “o ponto de exclamação é um excesso de ruído que não acorda ninguém, uma espécie de martelo pneumático colocado no final de uma frase.” (em https://origemdasespecies.blogs.sapo.pt/996503.html, acedido em 12 de dezembro de 2018).
Tal como o ponto de exclamação, as reticências devem ser usadas com cautela e contenção. Como professora de Português, tento que os meus alunos façam uso refletido deste sinal de pontuação, caso contrário pode parecer um sinal de preguiça mental.
As reticências usam-se para marcar a dúvida, a hesitação, a reflexão. Num discurso direto, podem reproduzir as pausas no discurso, mas não devem substituir outros sinais de pontuação.
Quando se omite parte de um texto numa transcrição, as reticências colocam-se entre parênteses retos (Ex.: Os trabalhadores exigiram aumentos [...] apesar de tudo o que foi feito.).
Fiquei deveras surpreendida com a existência do verbo “reticenciar” que, segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], acedido em 12 de dezembro de 2018, significa “não expressar de maneira completa”; “expressar com reticências”; “colocar ou incluir reticências em.”
Confesso que gosto muito de reticências e luto para controlar o seu uso, sobretudo nos textos que publico nas redes sociais, pois saem não ao correr da pena, mas ao martelar do teclado, sem muita reflexão linguística.
Os dois pontos utilizam-se para introduzir uma enumeração (Ex.: Tenho de comprar: ovos, leite, fruta e pão.).
Quando os elementos dessa enumeração são apresentados em tópicos, cada um deles é separado por ponto e vírgula, terminando com ponto. Cada tópico deve iniciar-se com letra minúscula.
Ex.: Tenho de comprar:
- ovos;
- leite;
- fruta;
- pão.
Também utilizamos os dois pontos para introduzir uma citação (Ex: O médico avançou: “O senhor precisa de fazer exercício.”); uma explicação, um esclarecimento ou uma síntese do que se disse anteriormente (Ex.: Vi um objeto no céu: brilhante, prateado, arrendado.).
O ponto e vírgula é um sinal de pontuação intermédio entre o ponto e a vírgula. É usado para separar itens enumerados, como anteriormente mencionado. Marca, também, a separação de orações extensas e relacionadas entre si, principalmente quando já subdivididas com vírgulas (Ex.: Dos trinta alunos da turma, dezoito são rapazes; os restantes são raparigas.). Pode, igualmente, ser usado antes de orações coordenadas adversativas, substituindo, assim, a vírgula (Ex.: Julguei que conseguiria terminar o relatório atempadamente; porém, só o terminarei amanhã.).
O uso mais conhecido do travessão é na delimitação do discurso direto (Ex.: - Ó Maria, viste a minha carteira?). Também podemos usá-lo para demarcar um segmento, enfatizando-o (Ex.: Um bocadinho mais depressa – não sobraria nada do automóvel.) ou isolar informações complementares (Ex.: O Rui – aluno aplicado e estudioso – foi quem teve melhor nota.).
Fica-nos a faltar a vírgula, como repararam. Tendo em conta as várias regras que regem o seu uso, o próximo artigo apenas incidirá neste tópico.
Boa semana.
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